Crítica | A Balada de Narayama (1983)
Não é sempre que nos deparamos com obras cinematográficas fortes e perturbadoras, capazes de nos tirar da nossa zona de conforto e de nos estimular a refletir sobre o que acabamos de assistir. É o caso de A Balada de Narayama do diretor Shôhei Imamura. Um filme difícil, mas imprescindível para qualquer um que deseje ir mais fundo na sua jornada cinéfila particular.
Vencedor de palma de ouro em Cannes e admirado por críticos como Roger Ebert, A Balada de Narayama nos apresenta a um pobre vilarejo próximo a uma grande montanha. Devido a escassez de comida e ao medo do futuro, medidas drásticas são adotadas para a manutenção da vida como ela é. Todo habitante da região que chega aos 70 anos é levado pelo seu filho mais velho até o topo do Narayama, onde é deixado para morrer. Isso sem falar nas atrocidades cometidas com os bebês.
Eu não estava exagerando quando disse que se trata de um filme difícil.
Orin é uma senhora que está se aproximando dos 70 anos, mas antes de aceitar o seu destino ela quer aparar algumas arestas da vida, principalmente em relação a família. Ela quer arranjar uma boa mulher para o primogênito e fazer com que o segundo e afetado filho perca a virgindade.
Prestes a iniciar a viagem sem retorno para o Narayama, percebemos como Orin é uma mulher produtiva e importante tanto para a família como para a própria aldeia. Apesar de tudo, nem passa pela cabeça dela se esconder ou fugir. De maneira altruísta, ela quer contribuir para a sobrevivência dos seus.
A Balada de Narayama nos reserva momentos brutais. Um que nunca sairá da minha memória é o castigo imposto a um ladrão e toda a família dele. Inesperado, intenso e significativo.
Apesar de um certo estranhamento inicial, aos poucos vamos entrando no filme e percebendo os objetivos do diretor Imamura, que mostra muito e não faz julgamentos.
Dificilmente voltarei a embarcar nessa história trágica, mas não posso negar que foi uma experiência única e necessária.
Uma frase: É assim que é…
Uma cena: A família enterrada viva como punição a um roubo.
Uma curiosidade: Está incluido no livro 1001 filmes para assistir antes de morrer.
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A Balada de Narayama (Narayama bushikô)
Direção: Shôhei Imamura
Roteiro: Shôhei Imamura
Elenco: Ken Ogata, Sumiko Sakamoto, Tonpei Hidari
Gênero: Drama
Ano: 1983
Duração: 130 minutos