Crítica | Furiosa: Uma Saga Mad Max

Crítica | Furiosa: Uma Saga Mad Max

Em “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015) George Miller retornou ao universo de Mad Max após 30 anos e apresentou um dos melhores filmes de ação de todos os tempos, onde uma personagem feminina roubou a cena do então protagonista. Nove anos depois o cineasta nos apresenta “Furiosa: Uma Saga Mad Max” para contar a história de Furiosa, agora interpretada por Anya Taylor-Joy. O diretor surpreende nesse prelúdio ao mostrar a origem da agora protagonista, focando na história sem deixar a ação de lado.

Esse foco fica claro logo no início quando vemos que Miller, que escreveu o roteiro junto com Nico Lathouris, decidiu dividir a história em capítulos. Assim o cineasta foca melhor no desenvolvimento do universo Mad Max, que foi reformulado tanto em Estrada da Fúria quanto nos personagens. Outra decisão ousada e acertada é que “Furiosa: Uma Saga Mad Max” demora mais de uma hora para nos mostrar Anya Taylor-Joy no papel de Furiosa. Nesse começo quem dá vida à Furiosa é a jovem Alyla Browne, que faz um trabalho incrível em mostrar como a protagonista já era forte desde criança.

A jornada de Furiosa é fascinante, onde vemos uma criança que é sequestrada do seu lar, é negociada como se fosse uma mercadoria, tem que fingir ser um menino para conseguir sobreviver em um mundo extremamente machista, enquanto desenvolve uma forma de realizar a sua vingança. Não por acaso ela tem poucas falas no filme, algo similar ao que acontece com o próprio Max nos filmes anteriores da franquia. Dessa forma, cabe a Anya Taylor-Joy entregar uma atuação extremamente física, onde o poder de um olhar diz mais do que muitas palavras. A cada close sentimos um pouco da sua dor e criamos mais empatia com ela.

Chris Hemsworth cria o vilão Dementus de uma forma em que sua vilania é extremamente cruel, mas para que o personagem não vire uma caricatura do mal o ator inclui elementos cômicos, principalmente humor físico, para deixá-lo mais interessante e repugnante para o público. Hemsworth está extremamente à vontade para explorar os limites das atitudes do personagem de forma brilhante. O uso da maquiagem, com nariz postiço e outros elementos, contribui ainda mais para criar essa ambiguidade de Dementus.

Outro elemento que ajuda na construção dos personagens são os veículos, que dizem bastante sobre quem está no comando. O melhor exemplo disso é a biga comandada por Dementus, onde os cavalos são substituídos por três motos. A referência é óbvia ao fazer uma alusão aos antigos imperadores romanos, que é justamente o que a figura do vilão representa.

E já que os veículos foram citados, é óbvio que nas cenas de ação eles são os grandes destaques. Mais uma vez Miller constrói cenas impressionantes, onde os movimentos de câmera captam tudo de forma elegante, deixando sempre claro para o espectador o que está acontecendo na tela, sem que em nenhum momento se perca a mise-en-scène. A fotografia é belíssima, onde a mistura do ambiente real com a computação gráfica cria um universo crível e fascinante. Em cada um dos capítulos tem um grande momento de ação e a inventividade do cineasta é colocada em prova em cada um deles de maneira bem sucedida.

A principal diferença é que em “Furiosa: Uma Saga Mad Max” os momentos de respiro são maiores, assim o espectador tem mais tempo para se preparar para a cena seguinte enquanto acompanha o desenvolvimento dos personagens e do universo. Assim o roteiro explora as nuances tanto dos cenários, como a cidade da gasolina e a fazenda das balas, como das figuras de Dementus e Furiosa. O melhor é notar no final como a trama se encaixa perfeitamente no que foi apresentado em “Estrada da Fúria”. George Miller acertou mais uma vez, vamos torcer para que não tenha sido a última.


Uma frase: – Dementus: “Não há esperança!”

Uma cena: Quando Furiosa perde o braço.

Uma curiosidade: Anya Taylor-Joy não tem carteira de motorista, apesar de ter aprendido a fazer meia-volta em seu primeiro dia de aula de dublês.


Furiosa: Uma Saga Mad Max (Furiosa: A Mad Max Saga)

Direção: George Miller
Roteiro: George Miller e Nico Lathouris
Elenco: Anya Taylor-Joy, Chris Hemsworth, Tom Burke e Alyla Browne
Gênero: Ação, Aventura, Ficção científica
Ano: 2024
Duração: 148 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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