Crítica | Amigos Imaginários (IF)

Crítica | Amigos Imaginários (IF)

O cineasta John Krasinski mostra em “Amigos Imaginários” que é versátil e talentoso, capaz de dirigir obras dos mais diversos gêneros. Em seu novo trabalho o público alvo é o infanto-juvenil, no entanto os adultos podem apreciar com um ponto de vista mais maduro o nostálgico.

O longa-metragem é protagonizado por Bea (Cailey Fleming), uma jovem de 12 anos que perdeu a mãe quando era mais nova. Agora ela lida com a doença do pai (interpretado pelo próprio John Krasinski), um coração “partido”, então vai para a casa da avó enquanto aguarda o tratamento dele. Um dia ela vê um ser que parece um desenho animado e ao segui-lo descobre que ele é um “amigo imaginário”, ou simplesmente Mig. E um adulto chamado Cal (Ryan Reynolds) também consegue vê-los e os ajuda a encontrar outra criança. No entanto, ele não é muito bom nessa função, então a garota resolve ajudar.

A história de “Amigos Imaginários” segue em torno do amadurecimento de Bea, que apesar da pouca idade se sentiu forçada a parecer adulta para lidar melhor com a perda da mãe. O seu pai ainda tenta tratá-la como criança, mas ela o desaprova. Ao encontrar com Cal e os Migs a garota tem a oportunidade de se manter criança de alguma forma, ao mesmo tempo em que aprende sobre a importância disso apesar do crescimento.

A química entre Cailey Fleming e Ryan Reynolds é muito boa. A jovem atriz mostra muito talento e carisma, construindo bem Bea, apresentando uma maturidade que finge ter para lidar com a dor, enquanto redescobre a importância de ser criança, transitando de uma para a outra de maneira brilhante. Já Reynolds explora bem o antagonismo inicial com a garota, onde o humor físico é essencial para que seu personagem funcione, além de render bons momentos cômicos para “Amigos Imaginários”.

Para completar, o filme ainda conta com excelente elenco de vozes que dão vida aos Migs. O principal destaque fica com Steve Carell, que apresenta Blue como uma figura carente, dramática e ao mesmo tempo fofa e engraçada. Outra participação importante é de Phoebe Waller-Bridge como Blossom, que mesmo com pouco tempo em tela consegue deixar a sua marca.

E esses personagens digitais funcionam não só pelo grande elenco de vozes, mas também pelo trabalho muito bom de efeitos visuais. Apesar de eles parecerem com desenhos animados, dentro do mundo real parecem muito verossímeis, onde em muitos momentos esquecemos tratar-se de figuras criadas em computação gráfica.  A fotografia de Janusz Kamiński, colaborador frequente de Steven Spielberg, explora bem essa mistura do real com o fantasioso, com movimentos de câmera que exploram o cenário e a fluidez dos personagens, tanto os digitais quanto os de carne e osso.

O design de produção é outro elemento de destaque, seja em lugares aparentemente simples, como o apartamento da avó de Bea, ou em outros mais complexos que misturam elementos reais com os de CGI. Um bom exemplo é a casa de retiro dos Migs, que inicialmente parece um lugar comum, mas aos poucos se transforma em um local mágico e cheio de surpresas. Já a trilha sonora de Michael Giacchino é competente, ajudando a criar o clima de fábula infanto-juvenil e pontuando os momentos mais emotivos e outros mais cômicos.

Dessa forma, “Amigos Imaginários” é uma grata surpresa que explora bem a jornada de amadurecimento da protagonista, onde é capaz de se apreciar a história tanto do ponto de vista adulto, quanto de um mais jovem. O diretor John Krasinski desenvolve bem a narrativa, encontrando bem o equilíbrio entre humor e emoção.


Uma frase: – Cal: “Quem cria um Mig invisível?”

Uma cena: Quando Bea visita a casa de repouso dos amigos imaginários aposentados.

Uma curiosidade: O diretor John Krasinski descreve este filme como um filme de ação ao vivo da Pixar.


Amigos Imaginários (IF)

Direção: John Krasinski
Roteiro: John Krasinski
Elenco: Cailey Fleming, Ryan Reynolds, John Krasinski, Fiona Shaw, Phoebe Waller-Bridge, Louis Gossett Jr. e Steve Carell
Gênero: Animação, Comédia, Drama
Ano: 2024
Duração: 104 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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