Crítica | Super Mario Bros. – O Filme

Crítica | Super Mario Bros. – O Filme

Fazer um longa-metragem baseado na franquia Super Mario não é uma tarefa fácil, pois a trama não é o elemento principal dos games e sim a mecânica de jogo. Inclusive a primeira tentativa resultou no bizarríssimo live-action do começo dos anos 1990 que transportou o encanador bigodudo para um decadente cenário cyberpunk e inaugurou a era das adaptações cinematográficas de jogos.

Olhando por essa ótica o resultado da animação “Super Mario Bros. – O Filme” dirigida pela dupla Aaron Horvath e Michael Jelenic é extremamente satisfatória. O roteiro de Matthew Fogel é um pouco caótico, mas eficaz em criar uma trama minimamente interessante para justificar o visual e a diversão.

Na trama, a dupla Mario (Chris Pratt) e Luigi (Charlie Day) criaram uma empresa própria de serviço de encanamento, mas tem dificuldades em se estabelecer no mercado. Eis que surge um problema de vazamento na cidade, então a dupla segue ao local em busca de reconhecimento tanto do pai quanto da população. Eles encontram uma passagem secreta (através de um cano, obviamente) e são transportados para um outro mundo. Cada um cai em um ponto diferente. Luigi pára em um local cheio de fantasmas e é capturado pelo vilão Bowser (Jack Black). Já Mario para no reino dos cogumelos, onde encontra a Princesa Peach (Anya Taylor-Joy) e Toad (Keegan-Michael Key) e descobre que o local está prestes a ser invadido pelo vilão. Assim o trio Peach, Toad e Mario se juntam para salvar o reino e Luigi dos planos de Bowser.

É interessante como o roteiro de Fogel muda a premissa básica do jogo, onde geralmente o Mario precisa salvar a princesa. Em “Super Mario Bros. – O Filme” Peach luta para defender o seu reino e Mario ajuda, mas com intenção também de salvar o seu irmão. No entanto, a forma como a trama é construída é um pouco caótica, como mencionado no início do texto. Tudo ocorre de maneira meio aleatória, principalmente a apresentação dos personagens e como a história caminha dentro do universo. Vários elementos são apresentados explorando diversas referências aos jogos da franquia Super Mario. Isso é divertido por mostrar as muitas facetas dos games, tanto das aventuras em 2D e 3D quanto as corridas de kart, mas do ponto de vista narrativo é meio nonsense.

Mas tudo bem, abstraindo esse ponto, a experiência de assistir à animação é muito divertida, especialmente para os fãs da franquia. É curiosa a forma como por exemplo misturam Super Mario com Donkey Kong, que funciona bem. Agora sem dúvidas o visual é o grande destaque de “Super Mario Bros. – O Filme”. Os cenários e personagens foram criados inspirados nos games, mas ao mesmo tempo encontram uma originalidade especial para o longa-metragem, onde tudo que é visto na tela parece familiar e ao mesmo tempo é novo e um pouco diferente do visto nos games. As cores vibrantes exaltam na tela com uma incrível riqueza de detalhes que impressiona.

Outro destaque é o elenco de vozes que se inspira nos personagens para criar algo que lembra o que escutamos nos games, mas cada ator soube colocar sua própria característica pessoal no seu respectivo papel. Os principais destaques começam com Jack Black, que transforma a figura de Bowser em uma mistura cômica e assustadora, que não tem medo de mostrar seus sentimentos ao cantar uma música de amor feita para a princesa Peach. Já Seth Rogen mostra todo o cinismo e orgulho do Donkey Kong, incluindo a risada característica do ator em um elemento que funciona muito bem no personagem. Anya Taylor-Joy passa muita simpatia, força e confiança como Peach, sem deixar o lado meigo da princesa de lado. Chris Pratt é o mais contido, mas que felizmente foge do óbvio que seria tentar imitar um sotaque italiano. Talvez apenas Charlie Day decepcione um pouco como Luigi por não acrescentar nada de relevante e em muitos momentos parece interpretar uma versão genérica de outros personagens que ele interpretou anteriormente.

Outro elemento de destaque é a trilha sonora de Brian Tyler que usa de maneira brilhante os temas compostos por Koji Kondo para os jogos da franquia Super Mario. O compositor cria novos arranjos para que as músicas funcionem dentro da narrativa e somadas com novos elementos garantem um equilíbrio entre algo criativo e o respeito pelo original. A trilha também conta com algumas músicas pop dos anos 1980 que funcionam como referência à época em que o game foi criado e para fazer uma conexão com o mundo real, ponto de origem da dupla Mario e Luigi.

Inclusive, talvez a decisão de colocar a parte final da trama de “Super Mario Bros. – O Filme” novamente no mundo real prejudique um pouco a dinâmica criada durante o longa-metragem, ainda que faça sentido dentro da narrativa e da busca do Mario por aprovação em seu próprio mundo, mas felizmente não chega a comprometer o resultado. A animação dirigida pela dupla Aaron Horvath e Michael Jelenic é eficiente no equilíbrio entre diversão e referências aos games, resultando em uma experiência de aventura e comédia bem divertida, apesar de todo o caos.


Uma frase: – Luigi [para Bowser]: “Acha que eu conheço todos com um bigode, vestindo uma roupa idêntica, com um chapéu com a letra de seu primeiro nome nele? Porque não conheço.”

Uma cena: Quando Bowser canta a música que fez para a princesa Peach.

Uma curiosidade: Os designs para os pais e parentes de Mario e Luigi foram baseados em esboços feitos pela Nintendo que não foram usados ​​em jogos.


Super Mario Bros. – O Filme (The Super Mario Bros. Movie)

Direção: Aaron Horvath e Michael Jelenic
Roteiro: Matthew Fogel
Elenco: Chris Pratt, Anya Taylor-Joy, Charlie Day, Jack Black, Keegan-Michael Key, Seth Rogen e Fred Armisen
Gênero: Animação, Aventura, Comédia
Ano: 2023
Duração: 92 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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