Game Review | The Roottrees are Dead

Game Review | The Roottrees are Dead

Desde seus primeiros minutos, “The Roottrees Are Dead” se mostra uma experiência singular dentro do gênero de jogos de investigação. Originalmente concebido por Jeremy Johnston e lançado em 2023 na plataforma itch.io, o jogo foi posteriormente refeito por Robin Ward, com nova arte (substituindo as imagens feitas por inteligência artificial do original) e expandindo a narrativa. Inspirado por clássicos como “Return of the Obra Dinn” e “Her Story”, ele desafia o jogador a reconstruir eventos e identificar personagens por meio de uma interface que simula um computador com internet dos anos 90. Com uma narrativa instigante e mecânicas envolventes, é um daqueles títulos que fisgam sua atenção e não soltam até que todas as peças do mistério sejam encaixadas.

A história começa com um desastre aéreo que vitimou cinco pessoas da família Roottree, uma família milionária que possui um império no ramo de doces: no caso, o presidente, sua esposa e suas três filhas. O jogador, no papel de um “gênio da genealogia” é contratado por uma parte (inicialmente) anônima para traçar toda a árvore genealógica dessa família, uma vez que o patriarca da família e fundador da Roottree Company estabeleceu um fundo de herança que deve ser compartilhado com todo mundo que possui laços de sangue com os Roottree, não importa o grau. A grande questão é que a família, além de imensa, tem vários segredos e “esqueletos no armário”, que devem ser desvendados. Além disso, há um grande mistério principal, no qual as peças vão pouco a pouco se revelando, mas que só começa a ficar evidente mais para o final.

O jogo apresenta uma série de sites, documentos, fotos, livros e periódicos que podem ser descobertos – tal qual “Her Story” – por meio de uma interface que simula a internet do século passado (e um buscador pré-Google que remete ao saudoso Altavista). Algumas buscas que podem ser executadas são bem óbvias, outras exigem um pouco de extrapolação e pensar fora da caixa. Com base no que vai sendo descoberto, o jogador precisa preencher dados essenciais sobre os familiares, o que remete ao clássico moderno “Return of the Obra Dinn”.

A mecânica de investigação é muito bem executada, oferecendo liberdade para que o jogador monte suas próprias teorias antes de confirmar qualquer resposta. A satisfação de conectar pistas dispersas e finalmente desvendar um elo perdido da história é uma dos pontos altos do jogo. Além disso, a escrita é excepcional: os personagens são desenvolvidos de forma sutil, e cada fragmento de informação adiciona uma nova camada de complexidade ao enredo, tornando a experiência ainda mais envolvente.

No entanto, nem tudo é perfeito. O maior ponto fraco de “The Roottrees Are Dead”  é sua trilha sonora, que se torna repetitiva rapidamente. As poucas faixas disponíveis, embora atmosféricas, carecem de variedade e impacto, o que pode ser um incômodo em sessões de jogo mais longas. Ainda assim, esse detalhe é ofuscado pela qualidade da narrativa e das mecânicas investigativas.

E para aqueles que não se cansam do desafio, o jogo ainda reserva uma surpresa: após concluir a primeira campanha, uma segunda investigação é desbloqueada. Mais densa e ainda mais desafiadora que a anterior, essa nova campanha eleva o nível de complexidade e recompensa os jogadores que mergulharam fundo nas nuances da trama original.

Em resumo, “The Roottrees Are Dead” é um deleite para fãs de mistérios bem construídos e narrativas interativas. Sua abordagem investigativa é envolvente e recompensadora, com mecânicas que remetem a alguns dos melhores jogos do gênero. Apesar da trilha sonora pouco inspirada, a experiência geral compensa qualquer deslize. Se você gosta de jogos que desafiam sua capacidade de observação e raciocínio, esta é uma escolha mais do que recomendada.



The Roottrees are Dead

Plataformas: Microsoft Windows, Linux, macOS, Mac OS
Desenvolvedor: Robin Ward
Distribuidor: Evil Trout
Gênero: Aventura
Ano: 2025

Dario Lima

Dario Lima, além de ser faixa branca em todas as artes marciais e modalidades de combate conhecidas pelo homem, é também formado em Cinema. Mas sua verdadeira paixão são os joguinhos eletrônicos, desde que ganhou um Atari de presente do pai em uma época longínqua em que Menudo tocava nas rádios, Chevette era carro de playboy e McGyver passava na TV nas manhãs de domingo. Escreve sobre games na POCILGA e de vez em quando perturba os outros em algum episódio do Varacast.

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