Crítica | Lobos (Wolfs)

Crítica | Lobos (Wolfs)

Em “Pulp Fiction” existe um personagem chamado Winston Wolf, interpretado por Harvey Keitel, que era chamado para “resolver problemas”. Inspirado nesse conceito, o diretor e roteirista Jon Watts escreveu e dirigiu “Lobos” (Wolfs), protagonizado pela dupla George Clooney e Brad Pitt. Ambos atuam no mesmo ramo, preferem trabalhar sozinhos e têm métodos similares.

A trama começa quando Margaret (Amy Ryan) chama o personagem de Clooney para “solucionar” um problema: seu acompanhante sofreu um acidente e aparentemente morreu. Ela é uma figura pública importante e está em um hotel. Contudo, a dona do estabelecimento também chama o seu “solucionador” (Pitt) com medo de que a questão manche a reputação do lugar que acabou de iniciar atividade. Dessa forma, a dupla é obrigada a deixar os egos de lado e trabalhar em equipe para resolver a questão.

Através dessa premissa, “Lobos” progride a narrativa em torno do conflito entre os dois protagonistas durante a resolução do problema. Cada um tem sua maneira de trabalhar e o roteiro desenvolve esse confronto em forma de humor, quase como uma comédia romântica. Isso só funciona graças ao talento da dupla Clooney e Pitt, que esbanjam química entre si. Mesmo sem apresentar elementos inovadores, Jon Watts é eficiente em construir a trama de forma interessante e intrigante.

Para completar, surge mais um elemento: a presença do ator Austin Abrams. Ele interpreta o “problema” a ser resolvido por Clooney e Pitt. Quando o personagem aparece na tela cria uma dinâmica entre os protagonistas e é impressionante como Abrams é talentoso a ponto de roubar a cena dos astros. Sua ingenuidade inclui na narrativa um pouco mais de humor sem perder a urgência e seriedade da trama.

É importante também citar a trilha sonora de Theodore Shapiro, que ajuda na construção do clima de mistério e tensão da narrativa. Além disso, os temas do compositor têm um tom de sofisticação e atualidade que dão um sabor interessante a “Lobos”.

Já a fotografia de Larkin Seiple capta bem o clima urbano da trama nas cenas externas. Já nas internas explora bem o uso das cores verde e vermelho, que refletem a dualidade dos protagonistas que são obrigados a trabalhar juntos, apesar das diferenças, mas também para ressaltar a mudança entre o clima de humor e descontração com o perigo da situação.

Em síntese, mesmo sem apresentar elementos autênticos, “Lobos” é um filme muito bem construído que explora bem o humor e ação em doses equilibradas. A química entre George Clooney e Brad Pitt é sem dúvidas o principal diferencial.


Uma frase: – Margaret: “Eu não sabia que pessoas como você existiam.”

Uma cena: Quando os personagens de Pitt e Clooney perseguem o “fugitivo” pelas ruas da cidade, sendo que um está a pé e o outro de carro.

Uma curiosidade: A placa do BMW de George Clooney é Nova York 3ABM582. A placa do Acura NSX de Winston Wolf em Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994) era California 3ABM581.


Lobos (Wolfs)

Direção: Jon Watts
Roteiro: Jon Watts
Elenco: George Clooney, Brad Pitt, Amy Ryan, Austin Abrams e Poorna Jagannathan
Gênero: Crime, Thriller
Ano: 2024
Duração: 108 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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