Crítica | Golpe de Sorte em Paris

Crítica | Golpe de Sorte em Paris

Em “Golpe de Sorte em Paris” o diretor Woody Allen realiza seu sonho de fazer um filme em francês, mas apesar da mudança na língua o seu estilo de filmar e contar história segue o mesmo padrão de qualidade. Curiosamente o que chama a atenção inicialmente no longa-metragem é a fotografia de Vittorio Storaro, famoso diretor de fotografia, repetindo mais uma vez parceria com Allen.

Logo no início vemos o encontro entre Fanny (Lou de Laâge) e Alain (Niels Schneider), então seguimos os dois com tudo filmado com câmera na mão e poucos cortes. O uso das cores e do tom da iluminação mostra um pouco sobre os personagens. No apartamento do casal Fanny e Jean (Melvil Poupaud) sentimos um clima mais frio e formal, enquanto na residência de Alain a cor é mais quente e aconchegante.

A trama segue o padrão romântico construído pela filmografia de Allen. O casamento entre Fanny e Jean parece ser feliz e bem-sucedido. O homem tem um bom padrão financeiro (ele diz que faz pessoas ricas ficarem mais ricas) e mima a esposa com presentes. Mas eles não parecem ter muito a ver um com o outro. Isso fica claro quando eles viajam para a casa de campo e enquanto ele caça com os amigos, ela fica lendo. E ela não gosta de ser tratada como uma “esposa troféu”.

A vida da moça muda quando ela reencontra com Alain, um antigo colega de escola. Essa aproximação se transforma em romance e ela fica na dúvida se ainda ama o marido, que percebe algo estranho e contrata um detetive particular para investigar a esposa.

A história ainda conta com a presença da mãe de Fanny, interpretada por Valérie Lemercier, que tem papel importante na narrativa. Ela funciona como confidente da filha e tem conselhos um pouco conservadores sobre a visão de um casamento.

Outro elemento importante no filme é a trilha sonora, onde Allen inclui diversas canções de jazz, comuns em sua filmografia. Aqui as músicas contribuem para o tom ácido da trama, onde em alguns momentos vemos uma cena tensa, mas a música é suave. Isso faz com que a história se torne mais cínica e irônica.

Dessa forma temos os principais elementos que costumam formar um filme de Woody Allen, que é uma boa história envolvendo romance, traição e reviravoltas. Mesmo sem novos componentes, “Golpe de Sorte em Paris” é mais um bom longa-metragem do diretor (talvez seu último).


Uma frase: – Fanny [para Alain]: “Por que penso em você o tempo todo?”

Uma cena: O encontro entre Fanny e Alain na rua no início do filme.

Uma curiosidade: Este é o primeiro filme de Woody Allen onde a língua principal não é o inglês, e o segundo rodado inteiramente na França depois de Meia-Noite em Paris (2011), apesar de partes de Todos Dizem Eu Te Amo (1996) e Café Society (2016) serem filmados na França também.


Golpe de Sorte em Paris (Coup de chance)

Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Lou de Laâge, Valérie Lemercier, Melvil Poupaud e Niels Schneider
Gênero: Comédia ácida, Comédia, Crime, Drama, Romance, Thriller
Ano: 2023
Duração: 93 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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