Crítica | Motel Destino

Crítica | Motel Destino

Em “Motel Destino” o diretor Karim Aïnouz explora elementos da natureza humana e como a tensão sexual e perigo movem a vida dos protagonistas. A trama se passa a maior parte do tempo dentro do local do título do filme e observamos a relação entre os três personagens principais.

A trama começa quando Heraldo (Iago Xavier) sofrer um golpe por uma mulher após uma noite de sexo no Motel Destino. Ele perde a hora e não chega a tempo para um trabalho junto com seu melhor amigo, que é morto. O rapaz é jurado de morte por sua empregadora e sobra para ele pedir refúgio a Dayana (Nataly Rocha) dentro do motel de propriedade dela e de Elias (Fábio Assunção). É uma oportunidade para ele se esconder enquanto reorganiza sua vida.

Elias e Daiana são um casal, mas fica claro que existe algo tóxico no relacionamento deles, vindo obviamente do homem. A presença de Heraldo cria uma curiosa relação entre os três, pois surge uma tensão sexual entre Heraldo e Daiana, ao mesmo tempo que entre Elias e Heraldo (vindo do ponto de vista do primeiro).

A tensão surge do perigo da relação entre Heraldo e Diana ser descoberta, o que deixa o relacionamento ainda mais atraente, sexualmente falando. Já a tensão sexual está sempre presente, pois sempre temos sons ao fundo de gemidos de pessoas fazendo sexo. Se por um lado gera um desconforto, já que os personagens estão ali trabalhando e fazendo tarefas do cotidiano, de outro gera aquela curiosidade em saber o que está acontecendo ali dentro de quatro paredes. Entra então elementos de voyeurismo e fetiches sexuais.

Assim Karim Aïnouz faz um estudo de personagens interessante, que funciona graças ao talento do elenco. Iago Xavier por ser o menos experiente tem altos e baixos, mas Nataly Rocha e Fábio Assunção estão muito bem o tempo todo. Sem dúvidas o principal destaque é Assunção, que tem a oportunidade de desenvolver um personagem que foge dos padrões das novelas da Rede Globo, construindo Elias como uma figura multidimensional e fascinante.

Em síntese, “Motel Destino” mostra mais uma vez o talento de Karim Aïnouz e sua volta ao Nordeste brasileiro fez com que o diretor apresentasse uma história com mais brasilidade e sexualidade, presente em trabalhos anteriores do cineasta.


Uma frase: – Heraldo: “Só preciso de um lugar pra ficar. Posso passar a noite aqui?”

Uma cena: O churrasco em um quarto de hotel.

Uma curiosidade: Sexta vez que um filme dirigido por Karim Aïnouz recebe estreia mundial no festival de Cannes, os anteriores foram: Madame Satã (2002), O Abismo Prateado (2011), A Vida Invisível (2019), Marinheiro das Montanhas (2021), e Firebrand (2023).


Motel Destino

Direção: Karim Aïnouz
Roteiro: Wislan Esmeraldo, Karim Aïnouz e Mauricio Zacharias
Elenco: Iago Xavier, Nataly Rocha e Fábio Assunção
Gênero: Thriller, thriller erótico
Ano: 2024
Duração: 115 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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