Crítica | Ó Paí, Ó 2
O filme “Ó Paí, Ó 2” é a continuação do longa-metragem de 2007, que também virou série televisiva na Rede Globo. A maior parte do elenco está de volta e Lázaro Ramos assume o protagonismo mais uma vez. O longa-metragem de Viviane Ferreira segue uma fórmula bem similar ao do primeiro filme, misturando comédia escrachada, baianidade, cultura negra e música. Para se apreciar a obra é necessário abraçar o caos narrativo, onde a história não é o essencial e sim o carisma dos personagens.
A trama gira mais uma vez em torno dos moradores de um cortiço do Pelourinho. No lugar do carnaval temos a festa de Iemanjá, então acompanhamos o caos em torno dos personagens na véspera da festa do Rio Vermelho. O conflito envolve Neusão (Tânia Toko), que perdeu seu bar e agora conta com a ajuda dos amigos para recuperá-lo. Enquanto isso, Roque (Lázaro Ramos) está prestes a divulgar uma música nova e aproveita o lançamento para ajudar a amiga.
Contudo, a personagem que tem o arco dramático mais interessante é Dona Joana (Luciana Souza), que perdeu os filhos no filme anterior e agora lida com a situação fazendo terapia. Ela resolve adotar alguns jovens que moravam na rua na tentativa de ajudar na dor. As cenas dela com o psicólogo são um dos destaques de “Ó Paí, Ó 2” ao encontrar um equilíbrio do humor escrachado com um pouco de drama e emoção. Esse momento também ressalta o uso de verde, seja nas paredes ou em plantas presentes no local, já que a cor além de representar a esperança também está presente no logo do Olodum.
A direção de Viviane Ferreira é inspirada ao usar recursos técnicos que inicialmente parecem ser apenas firula estética, mas que mostram eficazes e importantes para a narrativa. Um bom exemplo é quando vemos um personagem correndo pelas ruas do Pelourinho com a mente perdida, então a câmera faz um giro de 360º simbolizando o caos psicológico dele.
Já o roteiro de Daniel Arcades, Elísio Lopes Jr., Igor Verde e Viviane Ferreira se esforça em criar uma coesão narrativa, onde é necessário dar espaço e função para uma grande quantidade de personagens. Muitos parecem aparecer em tela só para constar, como Psilene, interpretada por Dira Paes. Felizmente o elenco é cativante o suficiente para amenizar esse problema com excesso de carisma e uma química incrível entre si.
No mais, “Ó Paí, Ó 2” aproveita para cumprir seu objetivo principal: valorizar a cultura negra. Com direito a algumas participações especiais de alguns artistas baianos, que aparecem de forma um pouco aleatória e sem função dramática, mas contribuem para dar espaço a figuras importantes da cultura Afro Baiana.
Temos também os momentos musicais, onde Lázaro Ramos aproveita para mostrar seu talento como cantor em cenas que parecem clipes musicais inseridos dentro do filme. Dessa forma, o filme aproveita para incluir mais participações especiais de músicos como Margareth Menezes e Russo Passapusso, do BaianaSystem.
Em síntese, apesar de problemas de roteiro, o filme “Ó Paí, Ó 2” usa o carisma do elenco para compensar as fragilidades e resulta em um longa-metragem bem divertido. A sua boa intenção de valorizar a cultura negra, mais especificamente a baiana, também merece muitos elogios.
Uma frase: – Psilene: “Pelourinho sem bar de Neusão não é Pelourinho.”
Uma cena: A sessão de terapia de Dona Joana.
Uma curiosidade: Apesar das tentativas de boicote, Ó Paí, Ó 2 saiu-se com resultados positivos em termos de bilheteria. Em sua segunda semana de exibição, ocupou o 5º lugar no ranking de filmes assistidos no país, arrecadando quase R$ 1 milhão desde a pré-estreia.
Ó Paí, Ó 2
Direção: Viviane Ferreira
Roteiro: Daniel Arcades, Elísio Lopes Jr., Igor Verde e Viviane Ferreira
Elenco: Lázaro Ramos, Dira Paes, Luciana Souza, Érico Brás, Tânia Tôko e Lyu Arisson
Gênero: Comédia
Ano: 2023
Duração: 90 minutos
Tudo aqui reflete realmente o que a gente sente ao ver o filme. Sem considerar como uma crítica, acho que os baianos vão gostar muito mais do as pessoas que não conhecem a cultura da Bahia e sua preculiaridares! Não consigo ver esse filme sendo para na Grand Via ou na rua 57 com brodaway. Achei fantástico e Ramom disse tudo!