Crítica | Os Mercenários 4

Crítica | Os Mercenários 4

A graça da franquia Os Mercenários é ver astros de filmes de ação dos anos 1980 e 90 juntos em cena, mas no longa anterior de 2014 já tinha alguns atores mais jovens no intuito de atrair um novo público. Em “Os Mercenários 4” apenas uma pequena parte do elenco volta à cena e até mesmo Sylvester Stallone fica um pouco de lado, deixando o protagonismo para Jason Statham.

O roteiro é o pior problema de “Os Mercenários 4”, apresentando uma história irregular e um vilão extremamente genérico e sem carisma interpretado por Suarto Rahmat. Ele vive um mercenário chamado Iko Uwais, que rouba artefatos nucleares para uma figura misteriosa chamada Ocelot, cuja identidade é o grande “mistério” da trama. Assim o grupo liderado por Barney Ros (Sylvester Stallone) e Lee Christmas (Jason Statham) é convocado pelo governo dos EUA, através de Marsh (Andy García), para a missão de recuperar os artefatos.

Além de Stallone e Statham, temos a volta de Dolph Lundgren e Randy Couture. Na tentativa de apresentar uma diversidade no elenco, temos duas mulheres: Megan Fox e Levy Tran. O roteiro até dá alguma importância para Gina, interpretada por Fox, ao colocá-la como líder temporária da equipe, mas isso parece pouco na tentativa da franquia em se manter relevante nos tempos atuais.

O roteiro além de apresentar uma história genérica, também abusa de piadas irregulares, como ao explorar o fato de Gunner, interpretado por Lundgren, ter problemas de visão e é um sniper, ou o comportamento explosivo de Gina com Christmas, justificado apenas pelo fato dela ser americana e gostar de resolver problemas do relacionamento gritando.

Dessa forma, o que salva “Os Mercenários 4” é o carisma de Jason Statham, que se entrega totalmente mais uma vez no papel de Lee Christmas e parece ser o único integrante do elenco que não está em piloto automático. As cenas de ação dirigidas por Scott Waugh são pouco inventivas, porém são eficientes. Uma perseguição de motos dentro de um navio surpreende pela insanidade e funciona de forma eficiente. E até mesmo as cenas de luta pecam por não explorar bem o potencial dos atores, especialmente Tony Jaa e Iko Uwais.

A montagem de Michael J. Duthie atrapalha a narrativa no início ao apresentar cortes entre a introdução do vilão Suarto Rahmat através do roubo dos artefatos nucleares, com Barney Ros indo pedir ajuda para Christmas. A impressão é que os eventos ocorrem em paralelo, mas como depois a equipe de Ros é convocada para ir atrás do vilão e tem um deslocamento físico até o local onde ele está, a passagem do tempo fica sem sentido. Pelo menos nas cenas de ação ele evita muitos cortes rápidos, que confundem o espectador em acompanhar o que ocorre na tela.

Assim, é uma pena que “Os Mercenários 4” não faça jus à franquia, pois até mesmo no sentimento de nostalgia na reunião de astros de ação o filme é insuficiente. Ainda assim, é bom ver Jason Statham e Sylvester Stallone reunidos na tela, pois o carisma de Statham e algumas cenas de ação são o que salvam o filme de Scott Waugh do fracasso total.


Uma frase: – Barney Ros: “Estou com um problema e preciso de ajuda.”

Uma cena: A perseguição de motos dentro de um navio.

Uma curiosidade: O primeiro filme da série a ser lançado mais de dois anos depois do filme anterior.


Os Mercenários 4 (Expend4bles)

Direção: Scott Waugh
Roteiro: Kurt Wimmer, Tad Daggerhart e Max Adams; história de Spenser Cohen, Kurt Wimmer e Tad Daggerhart
Elenco: Jason Statham, Sylvester Stallone, Curtis “50 Cent” Jackson, Megan Fox, Dolph Lundgren, Tony Jaa, Iko Uwais, Randy Couture, Jacob Scipio, Levy Tran e Andy García
Gênero: Ação, Aventura, Suspense
Ano: 2023
Duração: 104 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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