Crítica | Creed 3

Crítica | Creed 3

Adonis (Michael B. Jordan) se aposenta com glória após conquistar uma invejável e bem sucedida carreira que o fincou definitivamente no panteão dos maiores pugilistas da história. Em Creed 3, o lutador deixa os ringues para cuidar da família e forjar uma nova geração de invencíveis boxeadores. O que o filho de Apolo não esperava era reencontrar Damien Anderson (Jonathan Majors), um amigo de infância, que depois de viver anos na prisão, está determinado a se tornar o próximo campeão mundial de pesos pesados.

O passado de Donnie volta para assombrá-lo. O campeão é jogado “nas cordas” ao reviver memórias de culpa e fracasso. Toda essa bagagem emocional sobe no ringue com o protagonista e seu inesperado rival para entregar uma excelente estreia de Jordan na direção, com algumas inovações visuais na filmagem das lutas sem abrir mão de manter a atmosfera mítica com elementos que consolidaram a franquia Rocky Balboa, como fotografia e trilha sonora.

Veterano e ao mesmo tempo novato dos ringues, “Diamante” Damien é uma pedra preciosa a ser lapidada pela narrativa e que se prova um dos melhores personagens da trilogia. O longa ganha e muito com a adição de um antagonista tão complexo, carismático, imprevisível, indomável e solitário para confrontar e desafiar Creed. A interpretação de Jonathan Majors é gigante. E é justamente na química encontrada com Jordan que o ator provoca tensão e hipnotiza o público com seu olhar expressivo.

Em poucos momentos, o espectador sentirá falta de Sylvester Stallone e seu Rocky. Sinal de que o derivado da franquia ganhou de fato vida própria. O cenário e todo o pano de fundo de Creed 3 aperfeiçoa e aprofunda um pouco mais questões da vivência de pessoas negras, colocando luz sobre temas difíceis e delicados, como a solidão, a ressocialização de presos – uma vez que os pretos são maioria da população prisional dos Estados Unidos, e os conflitos experimentados injustamente por quem alcança posições de poder.

Latinos também estão representados no filme. E não penso que seja por acaso. O subtexto de Creed roteirizado desde a origem por Ryan Coogler parece querer reforçar essa metáfora da luta como essência não natural, porém irrevogável, de um cotidiano inóspito e opressor. Pessoas negras e latinas numa sociedade racista e xenófoba não têm outra opção a não ser resistir para existir. Se Rocky fez gerações vibrarem em cenas memoráveis de luta e refletirem sobre o “sonho americano”, a dinastia Creed se propõe a ser menos ainda sobre boxe e mais sobre seus personagens e suas “batalhas” no dia a dia.


Uma frase: “Tem que se livrar do seu medo. Livre-se da culpa. Livre-se de tudo o que foi e concentre-se no que é.”

Uma cena: Adonis e Damian conversando no vestiário após o combate final.

Uma curiosidade: O diretor se inspirou em animes como Naruto para execução das cenas do filme.


Creed 3

Direção: Michael B. Jordan
Roteiro: Keenan Coogler, Zach Baylin e Ryan Coogler
Elenco: Michael B. Jordan, Tessa Thompson, Jonathan Majors, Phylicia Rashad, Wood Harris e Mila Davis-Kent
Gênero: Drama
Ano: 2023
Duração: 116 minutos

Bianca Nascimento

Filha dos anos 80, a Não Traumatizada, Mãe de Plantas, Rainha de Memes, Rainha dos Gifs e dos Primeiros Funks Melody, Quebradora de Correntes da Internet, Senhora dos Sete Chopes, Khaleesi das Leituras Incompletas, a Primeira de Seu Nome.

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