Review | Virgin River – 1ª Temporada
Eu estava buscando algum seriado na Netflix cuja temática principal não fosse um mundo pós-apocalíptico, zumbis, viagem no tempo ou qualquer outra coisa absurda. Nessas últimas semanas procurava algo mais pé no chão e silencioso, talvez um misto despretensioso de comédia, drama e romance. E Virgin River mostrou-se uma boa escolha – na maior parte do tempo.
Praticamente nada do enredo de Virgin River pode ser considerado inovador ou surpreendente. O enredo que acompanhamos aqui é comum e pode ser visto com algumas mudanças em vários seriados e filmes por aí.
Mel é uma enfermeira que acaba de chegar na pacata e bela cidade de Virgin River. Ela decide sair da cidade grande para buscar um recomeço. Chegando lá, enfrenta uma irritante animosidade do único médico local, o Dr. Mullins. Ele simplesmente não vê utilidade em uma enfermeira para a sua clínica. No máximo, para fazer café.
Quem também dá as caras logo no começo é Jack, dono do movimentado bar local. Já no início cria-se uma química entre os dois, mas é claro que há uma reviravolta no final do primeiro capítulo que vai nos manter a temporada inteira pensando sobre as possibilidades desse relacionamento.
Virgin River, apesar das ideias batidas, tem um certo apelo muito pelos personagens interessantes que são fáceis de se criar empatia. Até mesmo o médico ranzinza é daquele tipo que amamos odiar e que torcemos para que consiga superar seus preconceitos.
Flashbacks nos oferecem informações relevantes e nos fazem conhecer melhor a personagem principal, interpretada com qualidade por Alexandra Beckinridge. Vamos aos poucos entender o que aconteceu com ela para decidir viver nesse lugar totalmente diferente do que ela estava acostumada. Entendemos seus traumas do passado que ainda ressoam alto em sua vida.
Ainda que a evolução da trama quase nunca nos surpreenda, é divertido acompanhar algumas situações e também ver Mel mostrando suas qualidades profissionais diante de pacientes complicados. Outro ponto forte são os cenários. Virgin River se revela um belíssimo local, com uma natureza exuberante nas proximidades. Ver as montanhas ao fundo e rio límpido seguindo o seu fluxo na abertura traz um relaxamento que é sempre bem-vindo. Esse seriado conseguiu me proporcionar uma sensação agradável antes de dar o play no próximo episódio. Eu sabia que não testemunharia uma obra-prima, mas sim que passaria um bom tempo com personagens que me agradavam cada vez mais.
E Virgin River poderia ter focado apenas no melodrama levemente piegas, nos relacionamentos dos seus habitantes e em conflitos corriqueiros de uma cidade pequena. O problema é que duas tramas paralelas ganham importância cada vez maior e o season finale dá a impressão que a segunda temporada irá focar bastante nelas.
E as tramas que me refiro são a da fugitiva escondida na cidade e a dos foras da lei locais que mais aparecem uma milícia sem causa. Ambas as tramas destoam demais do resto do seriado e se tornam irritantes e previsíveis. E um tanto absurdas, convenhamos.
Realmente, não estamos diante de um grande seriado, mas essa é uma experiência divertida na maior parte do tempo, com bons personagens e conflitos envolventes. Pena que as coisas tomam um rumo bem sem graça no final da temporada. Aliás, tão sem graça que cheguei a perder a vontade de continuar assistindo.
De qualquer forma, vai ficar na lista da plataforma. Quem sabe um dia não tome coragem e continue?
Virgin River – 1ª Temporada
Criado por: Sue Tenney
Emissora: Netflix
Elenco: Alexandra Breckenridge, Martin Henderson, Tim Matheson, Colin Lawrence, Lauren Hammersley
Ano: 2019