Crítica | A Pior Pessoa do Mundo

Crítica | A Pior Pessoa do Mundo

O diretor de cidadania norueguesa Joachim Trier traz em A Pior Pessoa do Mundo um bem-vindo ar de novidade para o gênero da comédia romântica. Aliás, talvez seja até errado classificar o filme dessa forma. Ele está mais para uma mistura equilibrada de romance, humor e drama. O fato é que estamos diante de um roteiro que foge da maioria dos clichês hollywoodianos e nos entrega uma experiência mais verossímil do que o padrão.

A história é dividida em 12 capítulos e mais um prólogo e um epílogo. Tudo gira em torno de Julie, uma autêntica millennial que terá muitas decisões para tomar. Qual carreira seguir? O que esperar de um relacionamento? Como abordar antigos conflitos com o pai? Como agir em relação a pressão da sociedade para ter filhos? O que fazer diante de comentários sexistas? E mais.

Cada capítulo mostra alguma situação importante para Julie, umas mais e outras menos. A verdade é que os dilemas que se apresentam são comuns a boa parte dessa geração e ela os enfrenta como uma pessoa normal. Ninguém consegue tomar as atitudes mais corretas sempre, não é o mesmo? O importante é aprender com as experiências.

Falando em experiências, há um foco em dois importantes relacionamentos de Julie. Ambos nos fazem refletir sobre mais temas mundanos, como conflitos geracionais, ter ou não filhos e o que pode ou não ser considerado traição. Só para citar alguns exemplos.

A Pior Pessoa do Mundo tem uma pegada predominantemente leve graças a personalidade de Julie e principalmente ao tom empregado pelo diretor na maior parte do tempo. Essa é uma direção inspirada e criativa, com direito a duas sequências inesquecíveis. Uma envolve uma bad trip com cogumelos e a outra é uma ousada manipulação do tempo em prol de um belíssimo ato romântico.

Com uma atuação grandiosa de Renate Reinsve somos conduzidos para o mundo de uma personagem verossímil com desejos, aspirações e com uma enorme vontade de realmente se descobrir. Este é um filme doce, ambicioso e com presença de espírito. A opção pela divisão em capítulos deixa tudo mais dinâmico e interessante e quando menos percebemos estamos completamente envolvidos pela história.

Queremos ver Julie evoluindo cada vez mais. Queremos vê-la tendo a liberdade de descobrir-se e escapando da maior parte das frustrações do mundo atual.

Fico tentando pensar sobre o sentido do título e tenho certeza que ele não pode se referir a Julie. Ela está longe de ser alguém ruim. Ela é pura e simplesmente humana, apenas isso.

A Pior Pessoa do Mundo é mais um ótimo filme de um ano forte, principalmente no cinema fora dos Estados Unidos. Imperdível.


Uma frase: “Sim, eu te amo. Mas também não amo”

Uma cena: A bad trip com cogumelos alucinógenos.

Uma curiosidade: Um dos 14 filmes preferidos de 2021 do ex-presidente americano Barack Obama


A Pior Pessoa do Mundo (The Worst Person in the World)

Direção: Joachim Trier
Roteiro: Joachim Trier, Eskil Vogt
Elenco: Renate Reinsve, Anders Danielsen Lie, Maria Grazia Di Meo, Herbert Nordrum
Gênero: Comédia, Drama, Romance
Ano: 2021
Duração: 128 minutos
IMDb

Bruno Brauns

Fã de sci-fi que gosta de expor suas opiniões por aí! Oinc!

Um comentário em “Crítica | A Pior Pessoa do Mundo

  1. Eu não diria que o tom é leve, talvez um irônico fosse melhor. O filme é realmente ótimo e interessante, mas é importante também a gente pensar que ele mostra a perspectiva de um mulher em outra realidade, que é a europeia. Mas concordo com o que você falou sobre fugir dos clichês, principalmente de comédias românticas.

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