Crítica | Batman: Morte em Família

Crítica | Batman: Morte em Família

Em 1988 foi lançada nos EUA a história em quadrinhos “Batman: A Death in the Family” escrita por Jim Starlin, em que o público escolheu em votação por telefone o destino do personagem Jason Todd, que à época vestia o manto do Robin. O público não perdoou a mais impopular versão dos sidekicks do Batman e assim ele acabou sofrendo uma violenta morte pelas mãos do Coringa.

Essa história acabou por se tornar um clássico das HQs, com grande repercussão no universo do homem morcego e inspirou a animação “Batman: Morte em Família”, lançada lá fora no ano passado e que chega agora ao Brasil com exclusividade pela loja The Originals.

Batman: Morte em Família” é continuação de “Batman Contra o Capuz Vermelho”, de 2010, mas funciona bem de forma independente, não sendo necessário assistir uma para entender os eventos ocorridos na outra. Por outro lado, ter certo conhecimento sobre o universo do homem morcego é importante, como por exemplo saber que Jason Todd é a segunda pessoa a assumir o papel de Robin — depois que o parceiro original do Batman, Dick Grayson, resolveu seguir em “carreira solo” como Asa Noturna.

A premissa da animação é basicamente a mesma da HQ: Batman está preocupado com o comportamento agressivo de Jason Todd/Robin, então decide afastá-lo de suas atividades. É claro que Jason desobedece as ordens e segue agindo como Robin, levando a dupla a um improvável encontro em uma missão na Bósnia, onde Ra’s al Ghul e o Coringa estão atuando juntos.

O palhaço do crime então captura o jovem sidekick, e a partir daí temos o grande diferencial do filme, exclusivo da versão Blu-Ray: a interatividade, que permite ao espectador decidir o rumo da narrativa.

A primeira parte da história, construída de forma não linear, já adianta que o diretor Brandon Vietti pretende transformar a animação em algo menos tradicional, mas a interatividade só aparece de fato quando é dada ao espectador a oportunidade de decidir o destino do Robin: ele morre, é salvo pelo Batman ou consegue se salvar sozinho?

Após a tomada dessa decisão, a história segue pelo caminho escolhido, com outras interações surgindo durante a trama. Cada jornada dura em média 20 a 30 minutos. Com sete finais ao todo, temos cerca de 95 minutos de histórias para serem exploradas.

Batman com Robin nos braços

É claro que tudo isso torna a experiência de assistir “Batman: Morte em Família” muito mais divertida e interessante, mas Brandon parece não conseguir explorar totalmente a interação nem fugir muito do que já foi apresentado no universo do homem morcego, tanto em animações quanto em outras mídias.

A interação acaba sendo um tanto restrita, principalmente se comparada com o que foi feito pela Netflix em Black Mirror: Bandersnatch, que é praticamente um jogo de tomada de decisões. Se o interesse do espectador for mesmo explorar melhor o universo do homem morcego, talvez a melhor opção seja o game Batman: The Telltale Series.

Ainda assim, a animação Batman: Morte em Família segue o padrão de qualidade feito pela DC nos últimos anos, tanto no estilo dos desenhos como na narrativa, sendo mais voltada para o público adulto e com uma trama na mesma linha do que é feito nos quadrinhos atuais.

O roteiro de Brandon Vietti também foi inteligente ao acrescentar outros elementos do universo do Batman na trama, trazendo algo novo e fazendo com que a animação seja mais que uma mera adaptação. É interessante, já que ao mesmo tempo que a história se encaixa nesse mundo das animações também faz a conexão com sua origem dos quadrinhos. No final das contas é uma boa oportunidade para os fãs do homem morcego terem uma experiência um pouco diferente, mas sem sair muito do lugar comum.


Uma frase: – Bruce Wayne: “Salvamos vidas todos os dias. Desconhecidos. E sempre sobra tempo. Mas eu não consegui salvar o Jason.”

Uma cena: Batman chegando ao local onde o Coringa aprisionou Robin.

Uma curiosidade: Essa é a 1ª animação interativa da DC. A versão lançada em formato digital em serviços de streaming não suporta as escolhas interativas.


Batman: Morte em Família (Batman: Death in the Family)

Direção: Brandon Vietti
Roteiro:
Brandon Vietti
Elenco: Bruce Greenwood, Vincent Martella, John DiMaggio, Gary Cole e Zehra Fazal
Gênero: Animação, Ação
Ano: 2020
Duração: 18-30 minutos (95 minutos no total)

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

2 comentários sobre “Crítica | Batman: Morte em Família

  1. Adorei a análise! A forma como vocês exploraram as camadas emocionais e as consequências da escolha de Jason Todd foi simplesmente fascinante. A morte dele em “Morte em Família” realmente mexe com a essência do Batman e suas relações. Mal posso esperar para mais discussões!

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