Westworld – S03E05 – Genre
Westworld passou da metade da 3ª temporada com o episódio “Genre” e relembrou alguns elementos que marcaram principalmente o início da série. O principal deles é a discussão em torno do livre arbítrio. Mas a principal referência, explícita no título, é gênero – uma droga que faz com que a pessoa que a consuma fique com a sensação de estar dentro de um filme, “viajando” por diversos gêneros.
Uma “viagem” similar a própria série, que também é conhecida por transitar por inúmeros gêneros. Tendo ainda energia para de alguma forma “recomeçar” nessa 3ª temporada, apresentando novos personagens, sendo o principal deles Caleb – interpretado por Aaron Paul. Sem dúvidas ele funciona como a bússola moral ao lado de Dolores e em “Genre” descobrimos mais sobre o seu passado.
[button-red url=”#” target=”_self” position=””]Aviso de SPOILERS[/button-red]
Os comentários a seguir falam sobre acontecimentos encontrados em Genre, o quinto episódio da terceira temporada de Westworld.
O episódio começou de forma interessante ao apresentar uma conversa entre Serac e o presidente do Brasil (ou será Brazil). Contudo, para nós brasileiro um detalhe bizarro chamou a atenção na forma que o personagem do Brasil falava um português com um sotaque carregado, sendo que o ator francês Vincent Cassel fala melhor que ele. Bom, é um pequeno deslize dentro da produção de Westworld, ainda mais se lembrarmos que Rodrigo Santoro está no elenco do programa.
É necessário citar que a produção de Westworld é impressionante, ainda mais se considerarmos que se trata de um programa televisivo. Mas as séries da HBO sempre contam com um bom orçamento. Um dos destaques é o design de produção, com cenários incríveis que ajudam na imersão dentro do universo do seriado. Isso sem falar nos efeitos especiais e na ótima fotografia. No entanto, foi outro elemento técnico que se destacou nesse episódio.
A trilha sonora de Ramin Djawadi é simplesmente maravilhosa. E como “Genre” fez homenagens aos gêneros do cinema, as músicas foram essenciais para ilustrar as cenas. A hora que Caleb se imagina em um filme antigo as cores somem, e a montagem faz um ótimo trabalho ao alternar entre uma câmera apresentando um ângulo em cores com outro preto e branco mostrando o personagem em sua “viagem”. Nisso a trilha alterna os tons da própria música tema de Westworld com outra remetendo à filmes antigos.
Logo seguida somos surpreendidos por “Cavalgada das Valquírias” de Richard Wagner, umas das músicas mais usadas na história do cinema – como no clássico “Apocalipse Now”, ressaltando a tensão e ação da cena.
No entanto, o clímax do episódio ocorre quando Djawadi apresenta uma versão instrumental de “Space Oddity”, clássico de David Bowie, referenciando à 1ª temporada quando versões de músicas pop eram tocadas em um piano dentro de um saloon de Westworld – que virou marca registrada da série. Dessa forma, “Genre” lembra aos fãs o motivo de gostar tanto do programa. É difícil não se emocionar ao som da música de Bowie.
Contudo, o episódio também foge um pouco da linearidade que vem se apresentando na narrativa dessa temporada ao apresentar o passado de Serac. Vemos ele construindo o Rehoboam, o computador que é o centro da história dessa temporada, ao lado de seu irmão. A máquina é capaz de prever o futuro e com isso Westworld entra novamente na discussão sobre o livre arbítrio. Descobrimos também o que são as “anomalias” que eram apresentadas em diversos lugares do mundo nos episódios anteriores da temporada. Serac inventou uma forma de construir o mundo perfeito onde a máquina define o destino dos humanos, que estão dentro de um grande “loop”.
Ou seja, o grande plano de Dolores é quebrar esse “loop” e ela consegue colocar ele em prática. O caos é a resposta, é o que nos faz humanos. E essa “realidade” também é a última etapa dos efeitos da viagem da droga “Genre”, fechando muito bem o ciclo da narrativa do episódio.
E qual a melhor opção para o mundo? Viver dentro de um “loop” em harmonia ou em um grande caos que é a vida real? Esse parece que vai ser o grande confronto entre Dolores e Serac. Como bem observou o porcolunista Mário Bastos: “É interessante notar como esses dois personagens se apresentam como espelhos mesmo, um do outro. Serac se apresenta como o grande representante e defensor da humanidade que pretende salvá-la através do controle. Dolores, como já sabemos, a salvadora dos anfitriões que busca uma forma radical de liberdade”. Mas ainda temos outras peças nesse jogo: Bernard, que fez a sua “parte” no episódio, além de Maeve e William – que não apareceram.
Surge também o mistério em torno do passado de Caleb, que deve ser explorado melhor nos próximos episódios. É fato que Westworld está caminhando de forma mais direta e linear nessa 3ª temporada, mas será que esse vai ser o grande “plot twist”? Ainda temos mais 3 episódios para concluir e pelo ritmo apresentando muita coisa ainda vai acontecer.
Westworld
Temporada: 3ª
Episódio: 05
Título: Genre
Roteiro: Karrie Crouse e Jonathan Nolan
Direção: Anna Foerster
Elenco: Evan Rachel Wood, Thandie Newton, Jeffrey Wright, Tessa Thompson, Aaron Paul, Ed Harris, Luke Hemsworth, Simon Quarterman e Vincent Cassel
Exibição original: 12 de abril de 2020 – HBO