Crítica | Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Crítica | Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw tem tudo que há de melhor em matéria de ação na atualidade. Dois grandes astros do gênero, cheios de carisma, e em sua melhor forma; a inescapável presença de uma das mais belas atrizes do gênero; coadjuvantes do mais alto luxo; e um diretor que elevou a ação a um novo patamar estético. Além disso o filme deriva de uma das franquias de ação mais bem sucedidas da atualidade. Tinha tudo para dar certo. Tinha tudo para dar errado, também. O empate, como diria Zagallo, é um bom resultado.

O que ocorre é que essa conjunção de fatores não dá, exatamente, uma boa liga para a produção. O filme aposta em ótimas sequências de ação, como deveria. No espaço entre uma e outra, porém, é que a coisa toda se perde um pouco. Trata-se de um cinema de ação que quer ser um pouco mais do que cinema de ação. Que quer passar uma mensagem: a família é o mais importante. E todos nós sabemos que ninguém jamais transmitirá melhor essa mensagem tão bem quanto Dom Vito Corleone. Nesse ponto, o filme acaba perdendo ritmo e incorrendo no pecado de querer ser um pouco mais do que deveria ser. O drama não é tão bom. A comédia não é tão bom. O escopo da trama é pretensioso demais para além de um filme.

É certo que Hobbs & Shaw terá mais de uma sequência. Pelos envolvidos, é uma franquia destinada ao sucesso. Porém, iniciar uma franquia apostando demais em sequências, talvez não seja o melhor caminho. Toda a trama do filme soa como uma grande introdução para estabelecer uma relação entre dois personagens que, embora funcionem em outras produções muito bem separados, juntos, ainda não parecem tão convincentes. O vilão funciona muito bem, até o momento que a trama o descarta por pura conveniência. Se procura o drama, mas falta dramaticidade. Se persegue a comédia, mas falta uma dinâmica de humor. Se investe em romance, mas falta uma certa química. Falta ainda, também, uma certa conexão com a platéia.

Quando a aposta é alta, é preciso estar à altura. Hobbs & Shaw, pode até chegar lá, mas ainda não chegou. Nos resta torcer para que os próximos filmes acertem a mão. Todos os elementos para uma das melhores franquias de ação da história estão ali presentes. Só falta saber usá-los de forma apropriada. Não é qualquer um, mesmo que consegue ser Dominic Toretto.


Uma frase: – “Eu estou à altura de vocês”.

Uma cena: James Bond é homenageado com motos e carros passando por debaixo de caminhões em Londres.

Uma curiosidade: Há inúmeras referências a fontes de ação protagonizados pelos atores principais ao longo da fita. Fique atento para não perder nenhum detalhe (principalmente de certos “trabalhos italianos”).


Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw)

Direção: David Leitch
Roteiro:
Chris Morgan e Drew Pearce
Elenco: Dwayne Johnson, Jason Statham, Idris Elba, Vanessa Kirby e Helen Mirren
Gênero: Ação, Aventura
Ano: 2019
Duração: 135 minutos

Mário Bastos

Quadrinista e escritor frustrado (como vocês bem sabem esses são os "melhores" críticos). Amante de histórias de ficção histórica, ficção científica e fantasia, gostaria de escrever como Neil Gaiman, Grant Morrison, Bernard Cornwell ou Alan Moore, mas tudo que consegue fazer mesmo é mestrar RPG para seus amigos nerds há mais de vinte anos. Nas horas vagas é filósofo e professor.

Um comentário em “Crítica | Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

  1. Gosto da série “Velozes e Furiosos”, acho que os filmes da franquia cumprem o que se propõem a fazer; mas, sinceramente, achei esse spin-off um pouco forçado. Não me interesso em assistir!

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