Crítica | Hellboy (2019)
Após 2 ótimos filmes dirigidos por Guillermo del Toro, a franquia Hellboy ganhou um reboot, agora nas mãos do cineasta Neil Marshall. Além disso, temos também um novo protagonista: David Harbour, o Jim Hopper de Stranger Things. Infelizmente essa nova versão é um completo desastre, com efeitos visuais genéricos e sem nenhuma inspiração.
David Harbour até tenta dar alguma dignidade ao protagonista, mas o roteiro de Andrew Cosby não ajuda muito. Nenhuma piada de Hellboy funciona, isso mesmo que você acabou de ler: NENHUMA. A trama foge um pouco da “história de origem”, mas eventualmente o passado do personagem é referenciado.
A grande ameaça é Vivian Nimue, a Rainha de Sangue, interpretada por Milla Jovovich. A atriz entrega uma performance totalmente caricata que não consegue ser nem “engraçada” pelos exageros, e muito menos ameaçadora, usando uma voz “rouca” bastante clichê que incomoda bastante.
A vilã está ligada à história do Rei Arthur, esse mesmo que você está pensando, então temos referências e participações de diversos personagens da mitologia. No entanto, isso mais atrapalha do que acrescenta algo de interessante à narrativa. O roteiro tem muitos problemas no desenvolvimento da história e em alguns momentos não faz sentido nenhum.
Esses problemas também se refletem no desenvolvimento dos papéis. Assim como Vivian e o próprio Hellboy, nenhum dos personagens é minimamente interessante e bem construído. O elenco não consegue fazer muito com os diálogos escritos por Andrew Cosby. Nem mesmo Ian McShane com seu talento consegue apresentar uma boa atuação, mas sem dúvidas ele é o menos pior em cena, mesmo com pouco tempo em tela. Seu personagem é Trevor Bruttenholm, pai adotivo do protagonista e membro fundador da B.P.R.D. (instituição secreta responsável por salvar o mundo de ameaças), mas até mesmo no básico do conflito entre pai e filho o filme consegue algum acerto.
Hellboy poderia compensar de alguma forma os problemas de roteiro e personagens com boas cenas de ação, mas infelizmente nesse quesito o filme também é um completo desastre. Apesar de Neil Marshall ser um diretor razoavelmente competente, ele não consegue fazer muita coisa com os efeitos visuais genéricos e sem inspiração. Na cena da luta entre o protagonista e dois gigantes o cineasta usa alguns movimentos de câmera interessantes, mas não o suficiente para apresentar algo realmente bom.
O filme tenta, também sem sucesso, utilizar um tom mais adulto – seguindo o caminho de Deadpool -, mas usa esse recurso apenas para mostrar violência gráfica, sem conseguir justificar a necessidade. O roteiro também não aproveita bem desse “recurso” para apresentar uma narrativa mais “sombria”, ficando apenas na “fantasia comum”. A trilha sonora de Benjamin Wallfisch também contribui para esse clima sem imaginação, mas Hellboy acerta na escolha de canções, usando músicas de bandas como Muse e Royal Blood de forma positiva.
Ou seja, no final das contas Hellboy é um reboot que não precisava ser feito e o produto final mostra um filme sem graça. Uma fantasia genérica onde nada funciona, principalmente o roteiro. E nem mesmo na parte de aventura e ação é apresentado algum tipo de compensação.
Uma frase: – Hellboy: “Ei! Estou do seu lado!” (gritando após um policial tentar atirar nele)
Uma cena: A luta de Hellboy contra os gigantes.
Uma curiosidade: Antes que fosse decidido que o filme se chamasse simplesmente ‘Hellboy’, havia a ideia de nomeá-lo como Hellboy: The Blood Queen.
Hellboy (2019)
Direção: Neil Marshall
Roteiro: Andrew Cosby
Elenco: David Harbour, Milla Jovovich, Ian McShane, Sasha Lane, Daniel Dae Kim e Thomas Haden Church
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia
Ano: 2019
Duração: 121 minutos