Girl power em Vingadores: Ultimato
Vingadores: Ultimato, justamente o desfecho épico da saga cinematográfica da Marvel, é uma experiência especialmente diferenciada para meninas e mulheres que cresceram ao longo desses dez anos de construção do complexo universo compartilhado de super heróis. Ao longo da década, foram mais erros do que acertos com a representatividade feminina das heroínas na telona. Somente nos últimos filmes, algumas personagens ganharam espaço, protagonismo e desenvolvimentos apropriados. Parte da redenção de Kevin Feige e dos irmãos Russo, porém, está no incrível girl power estabelecido em Ultimato.
É com um misto de orgulho, emoção e esperança que nós, mulheres fãs de cultura pop, testemunhamos em Vingadores: Ultimato a ascensão, nos cinemas, de personagens femininas de primeiro e segundo escalões dos quadrinhos da Marvel. Há cenas inesquecíveis de drama, humor e ação em que, juntas ou sozinhas, elas definitivamente eternizam um legado heroico carregado de simbolismo. O impacto desse “evento”, com certeza, vai inspirar e empoderar todas as próximas gerações de meninas.
Viúva Negra (Scarlett Johansson), nossa vingadora original, entrega uma das cenas mais emocionantes do filme. Carol Danvers (Brie Larson) revela uma Capitã Marvel mais madura e com o pleno e total controle de seus poderes, a ponto de parecer soberba e desconectada do restante da narrativa principal do longa. Nebula (Karen Gillan) e Gamora (Zoe Saldana) ganham bastante relevância no roteiro de Ultimato, por serem filhas de Thanos. Valquíria (Tessa Thompson), Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), Shuri (Letitia Wright), Hope (Evangeline Lilly), Okoye (Danai Gurira) e até a Anciã (Tilda Swinton) também se destacam em momentos decisivos ou em combate.
A interação e a química criada entre todas essas personagens até bem pouco tempo desconhecidas do público surpreende e gera empatia. Tudo isso é posto ao longo do filme e executado com maestria num clímax emocionante que, inclusive, repete o sucesso de uma cena eternizada por Vingadores: Guerra Infinita, em proporções maiores, capaz de produzir um inevitável efeito catártico para as espectadoras fãs das heroínas. A certeza, a partir de agora, é que a nova era do MCU vai inaugurar também uma promissora fase para a representatividade feminina no gênero.
Saio do cinema feliz, satisfeita, emocionada, esperançosa, porque, como diz a famosa canção Carta de Amor de Maria Bethânia entoada em homenagem às suas entidades protetoras: “não mexe comigo que eu não ando só”. Quem é mulher sabe muito bem o significado desse verso, já que para sobreviver numa sociedade patriarcal precisamos unir nossas armaduras, somar nossa fé e orquestrar nossos superpoderes, tais quais orixás e super heroínas.
ALERTA DE SPOILERS
Para além da empolgação inicial, após digerir um pouco do que foi visto na telona, há evidentemente alguns furos de roteiro e até mesmo personagens desperdiçadas. É, na minha opinião, o caso de Carol Danvers. Ela foi a protagonista do último filme solo do MCU e inserida no universo como a arma secreta de Nick Fury contra Thanos. Em Ultimato, no entanto, a heroína, aparece para ajudar os Vingadores apenas no início e no fim do filme, sem criar vínculos com a Terra e tornando-se pouco relevante para a trama. As cenas de ação da piloto são mais empolgantes e muito mais bem executadas do que no filme de origem. Porém, o pouco tempo de tela e o subaproveitamento dos poderes da personagem, pode decepcionar as fãs ávidas por ver a Capitã em ação. Fica a dúvida se, nas futuras produções do estúdio, a heroína de fato assumirá o protagonismo da próxima era da Marvel nos cinemas.
Com a palavra, Pérola do Infinito
“Mesmo que Carol Danvers apareça somente nos momentos críticos do longa, tanto ela quanto as outras vingadoras são capazes de empolgar e refazer cenas impactantes já conhecidas e vistas pelo público, banhadas, agora, com ainda mais empoderamento feminino. E, após sair da sessão de cinema, faço das palavras de Bianca as minhas. Vingadores: Ultimato concluiu o fim de uma era de uma maneira incrível e emocionante. Mas também, deu o pontapé inicial para um novo ciclo que poderá trazer ainda mais representatividade e força para as atuais e futuras fãs de quadrinhos.”
(Pérola Lordelo, 18 anos, em depoimento exclusivo para a Pocilga)
Também achei que a Capitã Marvel não foi muito bem utilizada na narrativa, principalmente graças a expectativa gerada em torno da sua presença na cena escondida de Guerra Infinita. Mas a cena “girl power” é sem dúvidas um dos grandes momentos de Ultimato.
Concordo, acho que justamente por ela ser muito overpower deram uma “desculpa” pra ela sumir durante quase todo o tempo de filme.