Crítica | Bumblebee

Crítica | Bumblebee

Os filmes da franquia Transformers dirigidos por Michael Bay tem diversos problemas, mas talvez o principal deles sejam os personagens humanos: as histórias megalomaníacas e confusas perdiam muito tempo criando uma relação sem graça dos robôs com as pessoas do planeta Terra. Bumblebee, de Travis Knight, faz o que parecia impossível: constrói um relacionamento entre a protagonista Charlie – interpretada por Hailee Steinfeld – e o robô que dá título à obra-cinematográfica de forma eficiente. E esse “detalhe” transforma o longa no mais interessante da série até agora.

O filme é uma mistura de prequel com reboot. A história se passa nos anos 1980 e começa com a batalha entre os Transformers e os Decepticons em Cybertron – planeta natal deles. Durante a batalha Optimus Prime pede para que Bumblebee vá até a Terra para garantir a segurança do planeta e que possa ser um local de refúgio para seu grupo. No entanto, ao chegar no planeta, o robô é atacado e se machuca bastante. Depois ele é encontrado por Charlie, que se predispõe a ajudá-lo.

Esse início é um prato cheio para os fãs dos Transformers já que mostra justamente o que eles querem ver: batalha de robôs. Uma das coisas que chama a atenção é o visual dos personagens que se aproxima mais ao design original da animação. No entanto, Bumblebee insiste no “erro” da franquia de focar a narrativa nos personagens humanos. Mas pelo menos apresenta uma história minimamente interessante.

Charlie é uma garota que acaba de completar 18 anos e ainda tenta superar o trauma de ter perdido seu pai. A mãe seguiu em frente, se casou novamente e teve um novo filho. Contudo, a garota não teve a mesma facilidade. Quando ela encontra Bumblebee é desenvolvida uma relação interessante de amizade, mas também um pouco de “pai e filha”. Inicialmente ela cuida dele, mas durante o filme essa dinâmica se inverte.

Essa relação de amizade funciona não só por conta do bom roteiro de Christina Hodson, mas principalmente pelo talento de Hailee Steinfeld. A jovem atriz esbanja carisma e transforma Charlie em uma personagem com a qual o público se importa. Os efeitos visuais impressionam e transformam Bumblebee em um robô que também esbanja carisma, principalmente através de detalhes como suas expressões, principalmente as faciais com seu “farol aceso” azul que muda de tamanho, ou que apaga para sinalizar que ele está de olhos fechados.

Como o filme se passa nos anos 1980, o que não faltam são referências pop a época. A principal delas é através das músicas, que é muito bem explorado pelo longa. Principalmente quando Bumblebee após perder seu modo de voz, desenvolve seu modo de falar através de trechos de músicas executadas em seu rádio. Outras ótimas citações são ao filme “Clube dos Cinco” e a série “Alf, O ETeimoso” – que faz um paralelo a própria história do filme já que ambos os personagens vieram de um outro planeta e estão refugiados dentro da casa de uma família americana.

Bumblebee também apresenta boas cenas de ação, e claro, de lutas entre robôs, já que 2 Decepticons vem em busca dele na Terra e manipulam o exército americano para encontrá-lo. Obviamente que o filme peca por não apresentar mais conflitos entre eles, mas pelo menos não comete o absurdo de tirar o foco durante um combate entre “robôs gigantes” para mostrar um de humanos.

Outro ponto positivo é que Bumblebee tem uma narrativa simples, sem as confusões e excessos de Michael Bay. O diretor Travis Knight constrói cenas de ação eficientes e sem tantos cortes, fazendo com o que o espectador consiga entender o que está vendo na tela e dando uma nova vida à franquia, mostrando talento ao contar uma boa história.


Uma frase: – Charlie: “É o seguinte: as pessoas são terríveis com o que não entendem.”

Uma cena: Bumblebee assistindo “Clube dos Cinco”.

Uma curiosidade: Primeiro filme live-action dirigido por Travis Knight.

 


Bumblebee

Direção: Travis Knight
Roteiro:
Christina Hodson
Elenco: Hailee Steinfeld, John Cena, Jorge Lendeborg Jr., John Ortiz, Jason Drucker e Pamela Adlon
Gênero: Ação, Aventura, Sci-Fi
Ano: 2018
Duração: 114 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *