Crítica | Todas as Canções de Amor

Crítica | Todas as Canções de Amor

O poder de uma grande música pop é enorme e o cinema já utilizou esse recurso de diversas maneiras. A premissa de Todas as Canções de Amor é bem interessante. A protagonista encontra uma fita k7 com o título do filme e com canções gravadas nela. A seleção tem uma mensagem: uma mulher que está indo embora e terminou seu relacionamento. O que será que aconteceu com esse casal?

A protagonista é Ana (Marina Ruy Barbosa), e é ela quem encontra a fita ao chegar em seu novo apartamento, recém-casada com Chico (Bruno Gagliasso). Os dois estão começando uma vida juntos, então encontrar uma seleção de músicas de um relacionamento que terminou tem um impacto neles. A moça é escritora, então ao ouvir as músicas imagina como seria esse casal. Dessa forma acompanhamos a vida dos dois casais e o paralelo criado entre eles.

O grande trunfo do filme de Joana Mariani é a seleção de músicas, boa parte delas de artistas brasileiros e escolhidas pela cantora Maria Gadú. As canções vão de Cazuza a Leandro & Leonardo, passando também por cantores como Gilberto Gil – que faz uma participação especial. As letras dão asas a imaginação de Ana ao imaginar o casal Clarisse (Luiza Mariani) e Daniel (Júlio Andrade), e o que aconteceu com eles.

O “casal imaginário” é sem dúvidas a parte mais interessante do filme e a trama sobre o fim do relacionamento deles é bem desenvolvida pelo roteiro. O mesmo não pode ser dito sobre Ana e Chico. Os personagens tem uma diferença de idade, sendo ele mais velho e já vindo de outra relação. No entanto, a forma como a história deles é construída é bem artificial, incluindo momentos embaraçosos, como quando a moça conta o motivo de não dizer “eu te amo”. Parece que sua imaginação funciona melhor do que a forma com que ela lida com o próprio relacionamento.

As atuações de Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa também não ajuda muito. Esse é o primeiro filme da moça, que tem experiência em novelas na televisão, então apesar de ser carismática e ter uma química com Gagliasso, não convence muito como Ana. A diferença entre os casais é bem visível. Luiza Mariani e Júlio Andrade além de terem personagens e uma trama mais cativante, também entregam performances bem mais verossímeis e interessantes.

Todas as Canções de Amor é competente em sua parte técnica, principalmente a fotografia, que mesmo tendo a maioria das cenas dentro de apartamentos, consegue captar momentos bonitos utilizando bem as cores e as luzes para filmar os atores, como por exemplo em cenas em que eles estão fazendo sexo. A montagem também é interessante ao alternar entre as duas narrativas, como em uma cena que mostra os casais andando no mesmo local, mas a cada vez que passa por um poste na rua, há uma troca entre os personagens mostrados na tela.

O filme também usa muito bem as suas canções, então a cada nova música apresentada ele cria discussões, reflexões e ações em torno da letra dela. É isso que faz com que Todas as Canções de Amor funcione, mesmo com seus altos e baixos. A idéia é bem executada, mas é uma pena que o roteiro não consiga explorar tão bem os seus personagens.


Uma frase: – Clarisse: “To gravando uma fita pra você. Quem sabe ouvindo música ao invés de ouvir a minha voz você entende o que eu to querendo falar.”

Uma cena: Quando Ana encontra a vitrola dentro do seu novo apartamento.

Uma curiosidade: Os atores Bruno Gagliasso e Marina Ruy Barbosa estarão juntos novamente como um casal após o filme na novela O Sétimo Guardião.


Todas as Canções de Amor

Direção: Joana Mariani
Roteiro:
Nina Crintz, Vera Egito e Roberto Vitorino
Elenco: Júlio Andrade, Marina Ruy Barbosa, Bruno Gagliasso, Luiza Mariani e Gilberto Gil
Gênero: Romance
Ano: 2018
Duração: 90 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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