Crítica | A Justiceira (Peppermint)
A Justiceira é um filme básico sobre vingança, mas o grande diferencial dele é a protagonista feminina. Jennifer Garner já passou dos 40 anos, mas prova que ainda consegue realizar bem um papel em um filme de ação, lembrando os tempos da série Alias. O diretor Pierre Morel apresenta uma história minimamente coerente de uma mulher que ao perder o marido e a filha, assassinados por uma gangue de traficantes, resolve se vingar.
O roteiro de Chad St. John é eficiente em apresentar a história de Riley North, interpretada por Garner. Logo na primeira cena do filme a vemos brigando com um homem dentro de um carro. Percebemos a sua força, raiva e brutalidade em cima do rapaz. Mas como uma mulher comum chegou a esse ponto? Então através de um flashback vemos o quanto a mulher era feliz com sua família, apesar de algumas dificuldades. Seu marido pensa em se envolver num roubo ao traficante Diego Garcia, mas desiste da idéia. Mesmo assim ele e sua filha são mortos pela gangue de Garcia.
Obviamente Riley fica devastada e quer justiça. Infelizmente a justiça não funciona e os assassinos são inocentados do crime, apesar dela os ter identificado. Quando o sistema falha a moça resolve por si só se vingar. Ela se prepara por 5 anos e volta com sede de vingança.
A narrativa acerta em apresentar um motivo convincente para a protagonista chegar ao extremo da preparação em busca da vingança. Mesmo cometendo algo ruim, que é matar homens, o filme mostra que Riley também tem um bom coração. Ela ajuda também algumas pessoas com dificuldade, assim o público consegue ter simpatia pela personagem apesar de seus atos absurdos.
Já o vilão Diego Garcia, interpretado por Juan Pablo Raba, segue bem os clichês de personagens desse tipo. Um homem malvado em essência, que bate em mulheres e que não tem pena dos seus adversários. No entanto, a narrativa surpreende com um elemento que o deixa um pouco mais humano, mas melhor não dizer para não estragar a surpresa.
Temos também a investigação policial acerca dos atos de Riley e o filme mostra a dualidade da interpretação deles. Enquanto os policiais a tratam como uma criminosa, afinal de contas ela está matando diversas pessoas, a opinião pública a mostra como um tipo de heroína. Talvez o filme pudesse explorar melhor essa situação, mas fica apenas como pano de fundo superficial.
O diretor Pierre Morel tem experiência em filmes de ação como Busca Implacável, então em A Justiceira ele entrega cenas muito competentes do gênero. Garner transforma Riley North em uma personagem verossímil já que suas ações são próximas da realidade, apesar de em alguns momentos o longa passar do ponto. A atriz é muito carismática e consegue construir bem uma mulher que consegue ser durona e ameaçadora sem perder a empatia. A trilha sonora tem músicas de rock pesado que ajudam a ilustrar esse sentimento de raiva da protagonista.
Em resumo, A Justiceira consegue explorar bem os clichês e apresenta uma história básica e competente de vingança, sem parecer genérica. O mérito vai para o protagonismo feminino de Jennifer Garner que, ajudando o filme de Pierre Morel a sair um pouco da mesmice do gênero de ação, surpreende e agrada.
Uma frase: – Detetive Stan Carmichael: “Acha mesmo que Riley North fez isso?”
Uma cena: Riley North invadindo a casa de Diego Garcia.
Uma curiosidade: O filme foi gravado durante o auge do movimento #MeToo em Hollywood, o que resultou em algumas mudanças importantes no set, segundo a protagonista Jennifer Garner. A atriz pediu para fazer todas as trocas de figurino em um vestiário especial, em razão dos casos de assédio e intimidação sexual.
A Justiceira (Peppermint)
Direção: Pierre Morel
Roteiro: Chad St. John
Elenco: Jennifer Garner, John Ortiz, John Gallagher Jr., Juan Pablo Raba e Tyson Ritter
Gênero: Ação , Drama , Thriller
Ano: 2018
Duração: 102 minutos