Crítica | Crimes em Happytime

Crítica | Crimes em Happytime

Os Muppets, criados por Jim Henson, sempre tiveram um apelo tanto infantil quanto adulto. A idéia de que bonecos e humanos convivem em sociedade foi bastante explorada em filmes, desenhos e séries da franquia. No entanto, Crimes em Happytime prova que ainda é possível criar uma história divertida e interessante dentro dessa premissa.

O diretor do filme é Brian Henson, filho de Jim, que resolveu seguir a arte do pai. A diferença é que ele resolveu apostar apenas no público adulto. Em Crimes em Happytime vemos bonecos consumindo drogas, fazendo sexo, atirando, sendo mortos e outras coisas do mundo real.

A premissa do filme lembra bastante Uma Cilada Para Roger Rabbit, onde um detetive particular investiga um crime relacionado a um desenho. Agora troque o personagem animado e o detetive humano para bonecos e temos Crimes em Happytime. Temos também uma pegada com influência de filme noir, com direito até a uma femme fatale versão boneco. Mas resumir o longa a uma simples paródia ou imitação não é correto.

O protagonista da história é Phil Phillips (Bill Barretta), um ex-policial que agora trabalha como detetive particular após ter sido expulso da corporação. Durante uma investigação ele presencia um assassinatos de bonecos, sendo que um deles era um dos astros de um antigo programa infantil. Ele resolve investigar por conta própria, já que seu irmão também fazia parte do show, e tem que aliar novamente a sua antiga parceira Connie Edwards (Melissa McCarthy). Phil e Connie não mantiveram uma boa relação após o boneco sair da polícia.

O filme explora bem a nova visão sobre a convivência entre bonecos e humanos no mesmo mundo. Os seres de pelúcia não são bem vistos na sociedade, sempre associados ao mundo do entretenimento. Phil guarda um sentimento de culpa por ter sido expulso da polícia, sendo que ele foi o único boneco a ter exercido a profissão. É interessante ver os bonecos fazer coisas do dia-a-dia, mas obviamente a trama segue por temas mais controversos em busca do humor. E consegue fazer isso muito bem.

Crimes em Happytime, foto

É curioso como determinadas cenas feitas com bonecos seriam consideradas fortes se fossem feitas com humanos, mas com eles servem para gerar riso. A cabeça de um deles estourada é engraçado, mas ao mesmo tempo é tensa para aqueles que estão no universo do filme. É através de gags visuais e recursos desse tipo que o humor de Crimes em Happytime se inspira. Como não dar risada, por exemplo, de um boneco viciado em açúcar, que para eles funciona como uma droga fortíssima.

No entanto o roteiro de Todd Berger também é eficiente em criar uma narrativa interessante para conduzir o espectador a esse mundo e fazer com que ele acredite que aquilo é verossímil. A forma como os elementos são apresentados é bem didática de forma visual em mostrar como as coisas funciona. Além disso, a narrativa segue os clichês de filmes de investigação policial, sempre fazendo graça com esses elementos.

Para isso funcionar, os bonecos também são importantes. A forma como eles são vistos na tela é bem positiva já que foram usados bonecos de verdade para as cenas, utilizando efeitos visuais para “apagar” os humanos que estavam controlando-os. Dessa forma o mise-en-scène funciona já que não temos criaturas digitais na tela que pareceriam falsas.

O elenco de humanos também está bem e Melissa McCarthy está maravilhosa, como sempre. A comediante equilibra bem o humor físico com boas piadas, apostando também em momentos constrangedores que a atriz sabe muito bem como explorar. Quem do mesmo modo está bem é Leslie David Baker, que interpreta o chefe de Connie e faz um estilo de “seriedade cômica”, explorando bem o clichê de chefe policial. Maya Rudolph da mesma forma está ótima como a secretária de Phil e rouba a cena quando aparece. É bom também ver as participações especiais de Joel McHale e Elizabeth Banks.

Crimes em Happytime aposta no público adulto para criar uma versão diferente dos Muppets, colocando bonecos para fazer coisas proibidas para menores e explorando o humor por trás disso. Brian Henson explora muito bem o lado cômico dos personagens ao fazer uma mistura de comédia e policial, equilibrando humanos e bonecos de forma eficiente, e claro, muito engraçada.


Uma frase: – Phil Phillips: “Nunca derrubei alguém com suas próprias bolas antes.”

Uma cena: A cena de sexo entre dois bonecos no escritório de Phil.

Uma curiosidade: Um total de 125 bonecos foram feitos para o filme, sendo que 40 foram criados especificamente para ele.


Crimes em Happytime, cartazCrimes em Happytime (The Happytime Murders)

Direção: Brian Henson
Roteiro:
Todd Berger
Elenco: Melissa McCarthy, Maya Rudolph, Joel McHale, Elizabeth Banks, Leslie David Baker, Bill Barretta e Dorien Davies
Gênero: Ação, Comédia, Crime
Ano: 2018
Duração: 91 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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