Crítica | Alfa (Alpha)
As paisagens exibidas em Alfa impressionam e em alguns momentos parecemos estar assistindo algum documentário da National Geographic. O diretor Albert Hughes passa um pouco de um clima épico através de sua câmera, mas infelizmente o mesmo não pode ser dito sobre a narrativa.
A trama se passa em algum lugar da Europa por volta de 20 mil anos atrás. Alfa conta a história de Keda (Kodi Smit-McPhee), um jovem filho de Tau (Jóhannes Haukur Jóhannesson), que está aprendendo sobre a vida com seu pai, líder da sua tribo. Um dia durante sua primeira caçada o jovem é derrubado por um animal de um penhasco e é dado como morto pelo seu grupo. Quando ele acorda, terá que enfrentar uma jornada de autoconhecimento e sobrevivência para voltar para casa.
No caminho ele encontra com um lobo e inicialmente eles são inimigos, mas se tornam amigos quando Keda resolve cuidar do animal que ele mesmo machucou se defendendo. O roteiro de Daniele Sebastian Wiedenhaupt gira basicamente em torno dessa relação e da jornada do protagonista em ganhar autoconfiança.
A jornada de Keda deveria ser muito emocional, mas infelizmente o diretor não consegue passar esse sentimento para o espectador. O filme segue o ritmo de uma aventura genérica em que pouca coisa acontece durante sua narrativa. Kodi Smit-McPhee não consegue segurar o filme sozinho dividindo a maioria das cenas com o lobo, seja por falta de carisma, ou seja por conta do próprio roteiro que não desenvolve o personagem de maneira satisfatória.
Os poucos diálogos que acontecem no filme mas parecem frases de efeitos com conteúdo de autoajuda ou são apenas falas expositivas que não acrescentam muito à narrativa. A maioria delas é dita por Tau, dessa forma a relação inicial entre pai e filho não é bem explorada.
Albert Hughes tenta inovar ao começar o filme com a cena da caçada para depois voltar no tempo em 1 semana antes do ocorrido, mas o recurso falha totalmente em não acrescentar nada de interessante a narrativa. O diretor também utiliza câmera lenta em alguns momentos, com intuito de “estilizar” o longa, mas o máximo que ele consegue é constranger.
Alfa é um filme tecnicamente correto, mas pouco inspirado em conseguir passar emoção com a jornada de seu protagonista.
Uma frase: – Tau: “Levante sua cabeça e seus olhos vão seguir.”
Uma cena: Quando Keda acorda após a queda.
Uma curiosidade: Uma língua rudimentar foi inventada para o filme e nos EUA o filme foi exibido com legendas. Para o lançamento no Brasil a Sony resolveu lançar apenas com cópias dubladas.
Alfa (Alpha)
Direção: Albert Hughes
Roteiro: Daniele Sebastian Wiedenhaupt; história de Albert Hughes
Elenco: Kodi Smit-McPhee e Jóhannes Haukur Jóhannesson
Gênero: Aventura, Drama, Família
Ano: 2018
Duração: 96 minutos