Crítica | Godless (Minissérie)
Godless, minissérie original Netflix, tem tudo o que eu esperava de um western de qualidade.
Se você é fã do gênero como eu, inevitavelmente irá se impressionar. Se não liga tanto para cowboys e bang bang, as chances de aprovar Godless são consideráveis.
Quando o sétimo e último episódio chegou ao fim, tive a sensação de ter vivido uma experiência única dentro do gênero. Refletindo sobre o que vi para escrever esse texto, cheguei a conclusão de que Godless é uma obra-prima.
São duas histórias principais que fazem a trama progredir. Temos a comovente situação da cidade de La Belle, onde basicamente só existem mulheres, já que 83 homens perderam a vida em um trágico acidente na mina. Roy é um homem de uns 30 anos que abandona o bando liderado por Frank, que quer vingança. Uma vingança de contornos bíblicos. Essas duas tramas poderiam gerar um seriado só delas, mas em Godless elas se conectam.
Nestes sete episódios podemos notar poucos clichês do gênero. Aliás, alguns deles mais parecem homenagens a grandes clássicos. O fato é que Godless desenvolve sua história em um ritmo perfeito. Não há pressa. Não há excesso de ação. As coisas acontecem nos momentos certos. Várias sequências se desenrolam sem diálogos. Vemos personagens andando a cavalo em cenários belíssimos por alguns minutos, por exemplo. Quase sempre com uma trilha sonora evocativa potencializando o tom emotivo das cenas.
Sobra tempo para que vários personagens possam ser aprofundados com maestria. Percebemos várias subtramas acrescentadas de maneira orgânica e enriquecendo o material. Posso citar Roy e seu amor por cavalos, o xerife que está perdendo a visão, a viúva “amaldiçoada” e seu filho índio, a fascinante Mary Agnes assumindo responsabilidades e tentando manter as mulheres de La Belle unidas, o auxiliar do xerife descobrindo o amor e um vilão repleto de nuances.
Flashbacks inseridos corretamente ajudam bastante. Não se trata de spoiler, mas há dois flashbacks que mostram o fatídico dia do acidente da mina que quase me levaram às lágrimas. Se eles tivessem aparecido no primeiro episódio não seriam tão impactantes.
Nosso envolvimento com os personagens e a trama é tão grande que quando nos aproximamos do final estamos com os nervos à flor da pele. A tensão é enorme. Desde o primeiro episódio já temos uma ideia de como será o final, mas o jeito que as coisas acontecem superam todas as expectativas.
Claro que esse envolvimento só é possível graças ao roteiro bem escrito e às interpretações. É difícil escolher um destaque, mas não dá para não falar de Jeff Daniels. A partir de agora vou considerá-lo um monstro. Difícil acreditar que ele era o Debi em Debi e Loide. Outro que me chamou a atenção foi Thomas Brodie-Sangster. Você provavelmente irá se lembrar dele em Game of Thrones e Maze Runner, mas é em Godless que ele mostra suas capacidades.
No primeiro parágrafo comentei que Godless oferece tudo o que se espera de um western. Aqui tem sangue, violência e brutalidade, mas também demonstrações de coragem, amizade, romance e redenção. O que mais eu poderia querer de um exemplar do gênero?