Crítica | Planeta dos Macacos: O Confronto (2014)
Depois do ótimo Planeta dos Macacos: A Origem, as minhas expectativas para a continuação eram enormes. Em um primeiro momento, me preocupei com a troca do diretor Rupert Wyatt por Matt Reeves. Não havia necessidade. Planeta dos Macacos: O Confronto elevou a franquia a um patamar que os filmes originais não conseguiram alcançar.
Cerca de 10 anos se passaram desde o que vimos no filme anterior. O vírus criado em laboratório ceifou a vida da maior parte dos seres humanos. Em São Francisco não há luz, a vegetação toma conta das ruas, os ambientes estão sujos e destruídos. Quem sobrou tenta sobreviver de alguma forma. Por outro lado, os macacos estão organizados e vivendo com harmonia nos bosques. César afirmou-se como líder. Koba é praticamente o seu braço direito.
Um encontro inesperado com os humanos ameaça a tranquilidade dos macacos. Após os inevitáveis atritos, César e Malcolm chegam a um acordo. Malcolm está na região pois ali há uma represa que pode trazer de novo a energia para o dia a dia dos homens.
A tensão nos encontros das espécies é palpável. Tudo é potencializado pelas atitudes de Koba, que guarda um inevitável rancor em relação aos humanos. Se depender dele, a convivência pacífica é uma mera ilusão.
Planeta dos Macacos: O Confronto se destaca tanto nos aspectos visuais e como nos narrativos. O diretor Matt Reeves imprime um ritmo impecável à trama. A intensidade cresce aos poucos até culminar em um ato final impactante. Cada cena é construída com precisão. Não há desperdício de tempo, mas nada foi feito com pressa. Em muitos momentos, o silêncio se faz presente e apenas observar os macacos interagindo já é um deleite.
As cenas de ação demonstram ainda mais as virtudes do diretor. Tudo é muito bonito de se olhar, com direito a ângulos ousados e movimentos de câmera elegantes.
Mas o filme não seria tão bom se não fosse a qualidade do enredo e das atuações. Andy Serkis mais uma vez mostra um trabalho digno de Oscar. A dinâmica de César com Koba e com Malcolm tornam a história ainda mais rica. Conseguimos entender o lado de cada um, algo essencial para ficarmos realmente compenetrados na experiência.
Eis aqui outra prova de que os blockbusters podem ser inteligentes e possuir alma, além de obter lucros.
Agora as expectativas ficaram ainda maiores para o fechamento da trilogia. Será que Planeta dos Macacos: A Guerra poderá ser ainda melhor? Se a resposta for positiva, poderemos estar diante de uma das melhores trilogias do cinema.
Uma frase: “You are no ape”
Uma cena: César falando para os humanos irem embora. “GO!!! GO!!!”
Uma curiosidade: O orangotango Maurice tem esse nome em referência ao ator Maurice Evans, que interpretou o orangotango Dr. Zaius em O Planeta dos Macacos (1968).
Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes)
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa
Elenco: Andy Serkis, Keri Russell, Gary Oldman, Jason Clarke
Gênero: Sci-Fi, Drama
Ano: 2014
Duração: 130 minutos
Info: IMDb