Crítica | Meu Malvado Favorito 3 (Despicable Me 3)
“Meu Malvado Favorito 3” divide sua história em muitas subtramas e isso prejudica um pouco o longa. Em alguns momentos parece que estamos assistindo 2 filmes diferentes que se alternam. Ainda assim, a animação funciona, tem bons personagens e diverte bastante com muito humor – seja físico ou com referências pop – e aventura.
O melhor do filme é o personagem Balthazar Bratt, vilão dos anos 80 dublado por Trey Parker de South Park. Graças à sua presença existem diversas referências à década, sejam elas visuais ou musicais, e todas são sensacionais. Na parte das imagens é interessante notar a escolha dos figurinos, das cores chamativas ou dos elementos que surgem em cena como ioiôs ou um cubo mágico. Enquanto a trilha sonora é repleta de clássicos da época como Michael Jackson, Madonna, entre outros. Bratt era uma estrela televisiva quando criança, mas o seu programa foi cancelado quando ele amadureceu precocemente. Então agora ele quer se vingar do mundo. É curioso como uma das “armas” de Balthazar são bonecos de action figure, criando uma ótima piada de metalinguagem. Afinal de contas um filme como esse gera uma quantidade enorme de produtos licenciados, entre eles diversos brinquedos.
A quantidade de referências pop dos anos 80 talvez não funcionem muito bem para as crianças, mas os adultos vão adorar. Muitas animações, com exceção da Pixar/Disney, costumam utilizar esse recurso com o objetivo de entreter também os mais velhos. É um bom artifício, mas que prejudica a diversão completa para todas as idades.
No núcleo da família Gru temos um número muito grande de subtramas. Aqui, o protagonista encontra com seu irmão gêmeo, enquanto ainda lida com o fato de ter deixado de ser malvado. Nisso os Minions se revoltam e deixam o chefe de lado porque querem que ele volte a ser quem era. Então as criaturas se metem em confusões bem divertidas, inclusive indo parar na cadeia, mas que parecem totalmente desconexas dentro do filme. É como se os Minions estivessem em um filme dentro do filme. E ainda temos Lucy lidando com o fato de ser mãe, se adequando ao padrão familiar cuidando das crianças.
Ou seja, é muita coisa e o roteiro não consegue dar conta de tudo. Ainda assim é impressionante como ele consegue manter um mínimo de coerência dentro de tantas linhas narrativas. O jeito é deixar muita coisa de forma superficial ou com alguma resolução fácil. Não chega a comprometer a animação, mas a trama tinha potencial para explorar muito melhor os temas apresentados como a relação familiar, por exemplo.
Se a história é superficial, pelo menos na parte do humor e aventura a animação se sai melhor. As piadas são boas, sejam elas físicas – principalmente as que envolvem os Minions – ou tradicionais, misturadas com as referências pop que além dos anos 80 envolvem até as produções da Disney. As partes de ação também são divertidas, principalmente os combates entre Gru e o vilão. As batalhas de dança ao som de algum hit pop são muito legais.
O visual da animação está muito bonito, mostrando o avanço cada vez maior da tecnologia no gênero. As cenas impressionam pela riqueza de detalhes, ainda mais com as cores vibrantes graças à referência dos anos 80. Mas em compensação o uso do 3D é apenas correto, algo que não justifica assistir o longa nesse formato.
Esse novo Meu Malvado Favorito é divertido e mostra que a franquia ainda tem potencial para continuar sendo explorado. E o filme tem uma deixa bem interessante para uma continuação. Quem sabe no próximo eles conseguem manter um foco maior em uma narrativa e conseguem entregar tudo que pretendiam dentro da história apresentada.
Uma frase: – Silas: “Espera, não é um monstro. É um homem com ombreiras. Só há um supervilão com estilo tão ultrapassado… Balthazar Bratt.”
Uma cena: A “batalha da dança” entre Gru e Balthazar Bratt.
Uma curiosidade: Steve Carell comentou que este seria seu último trabalho dublando o personagem Gru. Apesar disso, o ator não descartou a possibilidade de participar da franquia Minions.
Meu Malvado Favorito 3 (Despicable Me 3)
Direção: Pierre Coffin e Kyle Balda
Roteiro: Cinco Paul e Ken Daurio
Elenco: Steve Carell, Kristen Wiig, Trey Parker, Miranda Cosgrove, Dana Gaier, Nev Scharrel, Steve Coogan, Julie Andrews, Jenny Slate, Pierre Coffin e Chris Renaud (vozes em inglês); Leandro Hassum, Maria Clara Gueiros, Evandro Mesquita, Bruna Laynes, Ana Elena Bittencourt, Pâmela Rodrigues, Marcio Simões e Marize Motta (vozes em português)
Gênero: Animação, Ação, Aventura
Ano: 2017
Duração: 90 minutos
Graus de KB: 1! Steve Carell e Kevin Bacon estiveram juntos em “Amor a Toda Prova” (2011)