Resenha de Livro | O Regresso
A trama de O Regresso se passa em um dos períodos mais fascinantes da História dos Estados Unidos. O ano é 1823, época da expansão americana rumo ao Oeste. Em uma terra inóspita e com perigos por vezes imprevisíveis, acompanhamos a dura rotina dos caçadores de pele. O autor Michael Punke nos transporta para aquela realidade hostil com maestria. Com uma linguagem direta e acessível, a nossa imersão é total. O vento gélido, a dificuldade de arranjar comida, os índios e a natureza como um todo são barreiras que devem ser vencidas caso o grupo queira ter lucro e sair ileso.
Após um embate visceral com um urso, Hugh Glass é dado praticamente como morto. Como estava atrasando o itinerário do grupo, ele é deixado para morrer na companhia de dois companheiros, que logo o abandonam traiçoeiramente.
Hugh Glass tentará sobreviver a essa situação extrema e ainda buscará se vingar de alguma maneira.
Ao contrário do filme dirigido por Iñarritu, o livro desenvolve bem seus três personagens principais. O passado de um cada um deles é abordado com eficiência, tornando suas atitudes mais compreensíveis.
O esforço de Hugh Glass para se manter vivo é colossal. Diante de adversidades absurdas e de certa dose de azar, é impressionante a sua incapacidade de desistir. São muitos os desafios que ele precisa enfrentar. Tantos, que às vezes até senti um exagero por parte do autor. Mas aí penso que naquela época as coisas deveriam ser assim mesmo.
O Regresso pode ter uma trama simples e ser vacilante em suas páginas finais, mas é um livro que retrata uma época emblemática dos Estados Unidos com firmeza. A atmosfera sufocante e os detalhes minuciosos desta ‘terra incognita’ vão ficar na memória dos leitores. E claro, a superação de Hugh Glass também.