Review | Roadies – 1ª Temporada
Em Roadies, seriado criado por Cameron Crowe, o tema escolhido é o amor à música. Trata-se de um assunto recorrente na filmografia de Crowe, especialmente em “Quase Famosos”. Portanto, é natural que o diretor escolhesse um caminho conhecido em seu primeiro trabalho para a televisão.
O seriado mostra os bastidores da indústria musical, especificamente a produção dos shows da turnê de uma banda. Crowe inova ao focar a história em personagens que realizam a montagem dos shows, em vez de tornar a banda ou os artistas em protagonistas. Os personagens de Roadies são quase como as band aids de “Quase Famosos”. No filme elas serviam como inspiração e motivação para a banda. Aqui, a maior motivação é também o amor pela música. Os personagens trabalham para a banda fictícia chamada The Saton-House Band. E a banda depende literalmente do trabalho deles para tocar uma vez que cabe a eles a montagem do palco, iluminação, afinação e transporte dos instrumentos e outras atividades.
Os contratempos começam quando Reg Whitehead (Rafe Spall), um consultor financeiro, chega para cortar custos e tornar a turnê mais lucrativa. Sem entender absolutamente nada do mundo musical, Reg não só angaria a antipatia geral da equipe, como demite uma pessoa do grupo.
O primeiro episódio segue o estilo da filmografia de Crowe, com a trilha sonora como elemento de destaque e o tom bastante emocional da história. Kelly Ann (Imogen Poots) é uma das roadies e trabalha com a parte de iluminação dos shows. A moça está com um dilema: trabalhar para a banda ou entrar para a faculdade de cinema. Durante o episódio, Kelly produz um vídeo com cenas famosas de pessoas correndo, o que dá o gancho para o final: após desistir de cursar cinema, ela corre de volta até o local do show ao som de Pearl Jam. O que faz a personagem mudar de ideia é o fato de Christopher (Tanc Sade), o guitarrista e principal compositor da banda, incluir, por sugestão de Kelly Ann, canções que a banda não costumava mais tocar. Ou seja, tudo envolve a música e o amor a ela.
Ao final desse episódio, o espectador fica com a impressão de que o programa não tem muito mais a oferecer. Porém, trata-se de uma produção de apenas uma temporada, com 10 episódios e, apesar de ter altos e baixos, vale a pena conferir.
Um assunto que não poderia faltar em um seriado sobre música é inspiração musical de um compositor apaixonado. Uma das canções chama-se “Janine”, inspirada na paixão de Christopher pela garota do mesmo nome. Depois de anos sem fazer contato, Janine reaparece após um show da banda e conturba o ambiente. A temática da crítica musical também entra em cena quando é divulgado um artigo que detona a banda. O autor do texto é convidado a assistir a um show e assim, quem sabe, mudar de opinião. Musa inspiradora, críticas negativas: clichês clássicos da música, porém muito bem explorados.
Referências musicais não faltam, afinal Crowe é um aficionado por música. Isso faz com que os fãs de música, especialmente os de rock, se deliciem com as histórias. Apesar de a banda ser fictícia, vários músicos de verdade fazem participações especiais. É uma boa oportunidade para se conhecer novas bandas como Reignwolf, Lucius e Halsey, ou ver performances de artistas consagrados como Eddie Vedder e Lindsey Buckingham. Cada episódio tem uma “música do dia”.
A grande estrela do programa é a música e Crowe faz tudo para que ela seja sempre a atração principal. Os personagens e seus dramas, por mais interessantes que sejam, ficam em segundo plano. A série tinha potencial para ser melhor, mas ainda vale a conferida principalmente para os fãs de música, e claro, para os fãs de Crowe.
* Texto revisado por Elaine Andrade
Criado por Cameron Crowe
Emissora: Showtime
Com: Luke Wilson, Carla Gugino, Imogen Poots, Rafe Spall, Keisha Castle-Hughes, Peter Cambor, Machine Gun Kelly e Ron White
Fiquei interessado apenas por ser Crowe, fosse qualquer outro diretor acho que não teria interesse em ver essa série.
Eu só terminei de ver porque só teve uma temporada e porque ele que criou.