Crítica | Roots (2016)
Roots é uma minissérie em quatro partes adaptada do famoso romance de Alex Haley, no Brasil conhecido como Negras Raízes. Ainda que os dois primeiros capítulos sejam superiores, a experiência funciona na totalidade. A história de Roots é sobre a família de Kunta Kinte, um africano capturado por uma tribo rival e vendido para mercadores de escravos. Uma vez nos Estados Unidos, fará o possível para manter o seu nome e para não deixar suas tradições morrerem.
A travessia no navio negreiro é um momento grandioso em qualidade cinematográfica e em crueldade. Sabemos do sofrimento absurdo que os escravos enfrentavam e poucas vezes ele foi retratado de maneira tão visceral como aqui. É um registro histórico dolorosamente importante.
Fica bem claro para Kunta Kinte que fugir é perigosíssimo. Sempre vai sobrar para alguém. Os mestres simplesmente não perdoam.
A vida em solo americano continua e Kunta tenta vencer as adversidades. Ele casa e dá continuidade ao seu sangue. Um dos raros momentos de felicidade na minissérie é justamente o casamento de Kunta e Belle. Uma sequência linda e melancólica pelo contexto.
O terceiro e quarto episódio podem não ter a mesma intensidade dos primeiros, mas focam no ótimo personagem Chicken George, neto de Kunta. Carismático, ele será o nosso fio condutor no restante da trama, que passa pelo abolicionismo e pela guerra da Secessão.
É impossível assistir a Roots com passividade. Com situações chocantes e extremas, não há como não se indignar e sentir uma tristeza profunda em relação a História da nossa sociedade. Roots funciona como entretenimento televisivo e principalmente como um poderoso lembrete de algo que jamais deve ser esquecido e nem perdoado.