Crítica | X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse, 2016)

Crítica | X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse, 2016)

Para quem cresceu com as aventuras dos X-Men nas décadas de 80 e 90, X-Men: Apocalipse é um verdadeiro deleite.

A nova incursão do diretor Bryan Singer no universo mutante busca da melhor forma possível prestar reverência aos fãs daquele que já foi um dos maiores grupos de super-heróis do mundo, e um sucesso de vendas ainda sem comparação na indústria de quadrinhos mainstream.

O conteúdo é a uma amálgama de boa parte do que foi produzido em matéria plots empolgantes dos filhos do átomo nesse período. Conteúdo esse que foi muito bem sintetizado e adaptado na bem-sucedida série animada da década de 90. Talvez muito por conta disso X-Men: Apocalipse tenha uma estética e um tom que muito se assemelha à animação mencionada.

Video Game

Cenas de desenho animado!

X-Men: Apocalipse, assim, funciona muito bem como um imenso fan service, conduzido de maneira muito competente pelo notoriamente talentoso diretor que praticamente abriu as portas para essa nova o onda do gênero de super-heróis no cinema com seu primeiro filme da franquia mutante (X-Men: O Filme , 2000) que provou à indústria e ao público que era possível fazer um bom filme de adaptação de uma história em quadrinhos sem recorrer à abusos estéticos ou descambar para o kitsch.

20 anos depois, contudo, Singer – e mundo do entretenimento – é outro, e graças a isso lhe é possível ser mais fiel ao material original. Por isso nos é possível ver nas telas a pesada maquiagem de Oscar Isaac como o vilão Apocalipse e isso não nos causar assim tanta estranheza. Ao contrário, há uma peculiar sensação de justiçamento, como nerds, ao finalmente vermos o cinema assumir abertamente a estética da fonte.

School

E esse mullet, Xavier?!! (e olha Jubileu, enfim, no seu ambiente ideal: a década de 80!)

Na trama, também algum tempo se passou desde o último filme (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, que engendrou um esperto Reboot na franquia, aproveitando-se da narrativa) e os protagonistas seguiram caminhos separados. Charles Xavier (James McAvoy) segue com sua escola para jovens mutantes em uma sociedade que ao menos aparenta uma maior tolerância à espécie. Sua aquisição mais recente é o jovem e poderoso Scott Summers (Tye Sheridan), irmão seu antigo pupilo Destrutor, que não consegue controlar seus raios ópticos; mas seu maior desafio parece ser mesmo ajudar a jovem e atormentada Jean Grey (Sophie Turner, a Sansa Stark de Game of Thrones) a controlar seu imenso poder.

Magneto (Michael Fassbender) encontrou a paz e a felicidade vivendo sob uma identidade falsa, trabalhando como operário em uma fábrica na Polônia, tendo formado uma família com uma esposa e uma filha. Mística (Jennifer Lawrence) após se tornar uma heroína para humanos e mutantes principalmente, desapareceu para o mundo e atua nas sombras resgatando jovens mutantes que estejam em situação de risco, buscando lhes prover uma nova esperança.

New Mutants

Os Novos Mutantes! Ou seriam os X-Men novos?

Mas tudo muda no momento em que En Sabah Nur, o Apocalipse, o primeiro mutante da história, desperta de seu sono milenar. Isso é uma série de eventos fortuitos e trágicos aproxima o sempre errático Magneto do vilão da trama, o que consequentemente reaproxima Raven de Charles. Quando Xavier, porém, é aprisionado por Apocalipse, cabe à Mística reunir um pequeno grupo de novos X-Men formado dos sobreviventes e de novos mutantes do Instituto Xavier para resgatar seu irmão criação e tentar fazer com que seu velho amigo, Eric, mais uma vez encontre a razão (me pergunto quantas vezes o mundo e os X-Men são capazes de perdoar Magneto, a despeito de todos os assassinatos em massa que ele comete…).

Mystica Liderando

Mística na liderança.

Enfim, pelas prévias de divulgação de X-Men: Apocalipse tudo isso já tinha sido muito bem estabelecido, então não há muito spoiler aqui. Colocar Mística como a líder do grupo, a princípio parecia uma decisão equivocada, motivada apenas pelo status de estrela Jeniffer Lawrence. Todavia essa decisão funciona até bem e de forma orgânica dentro do roteiro, e consegue ser até mesmo fiel a certos aspectos da Mística dos quadrinhos que, não nos esqueçamos, foi líder da Irmandade dos Mutantes. Na verdade cada protagonista recebe seu tempo de tela adequado e o filme não gira em torno de egos de estrelas. Pelo contrário, alguns atores como Nicholas Hoult e Olivia Munn (encarnando a espetacular Psylocke) são até bastante desperdiçados. Mas isso ainda não é também algo que chegue a incomodar muito (apesar de ser um enorme desperdício o pouco tempo de tela que Psylocke recebe…).

Simplesmente espetacular…

É curioso notar que é no principal apelo de X-Men: Apocalipse onde também reside seu principal problema. O roteiro apesar de ser capaz de costurar décadas de referências mutantes ao longo de suas quase duas horas e meia de projeção, peca por não desenvolver bem seus personagens tampouco por ter mesmo um enredo homogêneo que efetivamente se desenvolva enquanto arco narrativo. A miríade de personagens e fan services, claro, não contribui muito para isso. Na prática a trama se resume ao processo de alistamento de Apocalipse a seus asseclas e o fortuito plano de dominação mundial que ele improvisa no último terço da fita. As lacunas na trama são perceptíveis e muitas vezes o preço a pagar é falta de ritmo, densidade e coesão narrativa.

Mas mesmo com todo esse problema surpreende o quanto o filme é uma boa peça de entretenimento. Não há dúvidas de que o talento e a experiência de Bryan Singer é o que separa um filme que poderia ser absolutamente desastroso de uma bela peça de entretenimento pipoca de super-herói capaz de fazer você retornar à sua infância. Se colocassem a trilha sonora do desenho animado para tocar, eu acho que chorava emoção.


Uma frase: “Esqueçam tudo que vocês acham que sabem! Vocês não são mais estudantes! Vocês são X-men!”, Mística.

Uma cenaA cena de abertura do filme, mostrando os eventos transcorridos no Egito Antigo são de tirar o fôlego.

Uma curiosidade: O filme deveria ter se chamado “A Era do Apocalipse”, como referência ao famoso arco de histórias dos quadrinhos, mas no fim das contas foi alterado para evitar comparações com Vingadores: Era de Ultron e Transformers: A Era da Extinção.

 


X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse)

Direção: Bryan Singer
Roteiro: Bryan SingerSimon KinbergMichael Dougherty e Dan Harris

Elenco: James McAvoyMichael FassbenderJennifer LawrenceNicholas HoultRose ByrneEvan PetersOscar IsaacSophie TurnerTye Sheridan e Olivia Munn.
Gênero: Ação, Aventura, Super-Heróis
Ano: 2016
Duração: 144 min.
Graus de KB: JACKPOT BACON!– James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult  e Rose Byrne, todos eles, atuaram ao lado de Kevin Bacon em X-Men: Primeira Classe (2011)!!!

 



Mário Bastos

Quadrinista e escritor frustrado (como vocês bem sabem esses são os "melhores" críticos). Amante de histórias de ficção histórica, ficção científica e fantasia, gostaria de escrever como Neil Gaiman, Grant Morrison, Bernard Cornwell ou Alan Moore, mas tudo que consegue fazer mesmo é mestrar RPG para seus amigos nerds há mais de vinte anos. Nas horas vagas é filósofo e professor.

6 comentários sobre “Crítica | X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse, 2016)

  1. Quatro bacons? QUATRO BACONS?
    Esse filme só valeria quatro bacons se Olivia Munn estivesse do meu lado no cinema explicando os buracos do roteiro.
    Alguém interna Mário Bastos, pelamor.

    1. ahahahahahahah…
      Sim, eu classifiquei como 3 bacons forçando bastante a amizade.
      É legal e divertido, mas tem problemas demais e bonecos demais sem que o roteiro não consiga dar conta de todos eles de maneira satisfatória.
      E a cena inicial que você citou achei bem + ou -, a cena do Quicksilver ao som de “Sweet Dreams” é bem melhor. kkkk
      E as poucas cenas de Olivia Munn também (mais risos).

      1. Vou confessar que a cena de Mércurio apesar de ser muito bem executada, achei repetiva. Mas vou rever a coisa da cena e colocar qualquer uma com Olivia Munn!

  2. pra começar eu não achei melhor que dias de um futuro esquecido, deveram muito na parte da ação…espera mais cenas de luta durante o filme, só temos o prazer de ver umas lutas no final do filme, outra coisa o apocalipse é muito fraco, se os inexperientes dos x-men deram conta dele…os vingadores destruiriam ele no começo do filme num piscar de olhos, cara esse filme merecia uma segunda parte, achei muito pouco um filme só sobre um dos maiores vilões dos mutantes, a únicas cenas que eu gostei foi a do mercúrio na hora da explosão e a sua luta contra apocalipse, o resto foi lamentável, o filme diverte nada mais…

  3. Depois de séculos finalmente assisti este filme e ó… que merda hein?

    Definitivamente não gostei, vários problemas, personagens errados e muita coisa ruim junta. Se salva Mercúrio e mais 1 ou 2 personagens, o resto pode apagar.

    Gente, o Anjo em determinada parte dá um “pirocópetero”. Deprimente. JLow ter que ser uma personagem forte e líder apenas por ser JLow é triste também. E o Apocalipse, o que dizer daquilo?

    O Horror. Essa obra merece apenas 2 Bacons.

    Ps: Todo mundo do ‘eixo do mal’ do Apocalipse ganhar uma mega armadura dos Cavaleiros do Zodíaco e a Psylock continuar de maiô sensual diz muito sobre o que ele é.

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