Crítica | Amizade Desfeita
A tecnologia pode ser uma arma poderosa. Usada para viabilizar a comunicação de uma maneira absurdamente veloz, ela não pode ser responsável pela mensagem que carrega, a não ser que esteja pensando em uma Inteligência Artificial nível Skynet, mas não é o caso. O responsável pela mensagem é o mensageiro e a tecnologia deve ser apenas o meio utilizado para comunicar. Dito isso, devemos refletir seriamente a respeito de como a tecnologia está sendo usada para transmitir mensagens de ódio, bullying e até mesmo sex tapes sem autorização; o problema se torna ainda maior quando temos como emissor e receptor um adolescente.
Assisti Amizade Desfeita no mesmo dia em que vi na internet uma famosa blogueira fitness usar o snapchat para fazer uma brincadeira sem a menor graça: Sugeriu as seguidoras que mandem nudes para as amigas e caso elas furem a dieta, essas amigas (oi?) devem espalhar as fotos na rede. Videos ou fotos íntimas vazadas na internet são um transtorno para muitas mulheres, algumas menores de idade, que chegam a cometer suicídio por conta do tornado que passa por suas vidas. E nesse cenário, quando vejo um filme onde temos a oportunidade de questionar esse tipo de situação acho que vale a pena agarrá-la, principalmente quando o público alvo são os jovens.
Em Amizade Desfeita a jovem Laura Barns comete suicídio após um vídeo com imagens dela bêbada, desmaiada e suja com as próprias fezes, vazar na internet. O vídeo se espalhou feito fogo em mato seco e uma vez na rede é impossível contê-lo. As ofensas, piadas, bullying foram tão assustadores que Laura não superou e tirou a própria vida. Um ano depois, durante uma conferência no Skype, um usuário desconhecido se loga na conta de Laura Barns e passa a conversar com os colegas dela. No início tudo parece engraçado. Eles continuam conversando como se o usuário não estive presente, mas a medida que passam a falar de coisas mais pessoais Laura se manifesta testando os nervos de todos.
A melhor coisa de Amizade Desfeita é que o filme entrega um formato totalmente inovador o que parece ser bem difícil hoje em dia pois a escassez de novas ideias abocanhou quase todos os gêneros e o “found footage” ainda persiste em inundar o cinema de horror. Acompanhamos todos os acontecimentos, do primeiro ao último segundo do filme, através do desktop de Blaire. Percebemos seu desktop bagunçado de arquivos lixo, enquanto ela conversa no skype entra no spotify, vê postagens no facebook, acompanha o instagram e chega a pedir ajuda no chatroulette. Essas inúmeras atividades ao mesmo tempo na tela do computador pode parecer estranha, mas acontece conosco o tempo todo e posso dizer que é bastante interessante perceber isso. Inclusive quando ela digita, repensa, reescreve ou fica alguns minutos lá lendo sem saber o que escrever. Quem nunca?
Infelizmente o que o formato tem de inovador a história tem de boba. Os personagens são caricatos e pouco interessantes fazendo com que seus destinos sejam irrelevantes além de ser óbvio o que acontecerá. O destino de Laura e o motivo que a fez se matar, o cyberbulling, foi colocado de lado para uma dar lugar a uma trama onde quem é mais imbecil morre por último e que ninguém pode ser considerado legal. É uma pena que um filme de terror que desde seu trailer lançado em abril tinha tudo pra ser o filme de terror do ano! Mais uma vez, fica para a próxima.
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Ano: 2015
Duração: 83 min
Direção: Levan Gabriadze
Roteiro: Nelson Greaves
Elenco: Heather Sossaman, Matthew Bohrer, Courtney Halverson, Shelley Hennig, Moses Storm, Will Peltz, Renee Olstead, Jacob Wysocki, Matthew Bohrer.
Eu até tinha ficado até um pouco curioso, mas depois desse texto passou. hahahaha