Um filme, minha história: O Parque dos Dinossauros (1993)
Você lembra qual foi o filme mais marcante que viu no cinema durante sua infância? Não o filme com a melhor estrutura narrativa, qualidade técnica, personagens densos ou qualquer outra característica que muitas vezes corrompem (ou aprimoram) a percepção na idade adulta. Estou me referindo ao filme que ligou em você aquela chavezinha escondida, fez seus olhos brilharem e seu coração bater mais forte quando sentou na cadeira do cinema. Qual foi o filme que despertou em você a paixão pelo cinema?
Em 1993 eu tinha 11 anos e sempre me considerei uma criança de muita sorte. Apesar de não pertencer a uma família rica, meus pais sempre puderam me proporcionar lazer de diversas formas, incluindo idas regulares ao cinema. Boa parte da minha infância foi assistindo aos filmes dos Trapalhões e apenas alguns filmes gringos, pois eram poucos que me chamavam tanto a atenção e O Parque dos Dinossauros foi um desses. Nesse texto quero falar desse filme, sua concepção, o trabalho envolvido e o divisor de águas que ele foi para a indústria dos cinemas, mas principalmente de como ele mudou completamente minha relação com a Sétima Arte.
Como tudo começou…
Lá em meados de 1989, Steven Spielberg trabalhava no roteiro daquela que seria o ponta pé inicial das séries médicas da TV: ER, quando soube do livro a respeito de Dinossauros que seu amigo Michael Crichton estava escrevendo. A ideia era tão interessante que ele precisou brigar com James Cameron pelos direitos do filme e desembolsou mais de um milhão de dólares pra isso. Nesse tempo, Spielberg já estava ocupado tentando realizar o maior sonho da sua carreira e também uma realização pessoal: filmar A Lista de Schindler.
A Universal Studios entra na jogada e faz uma oferta irrecusável pra ele: Vai patrocinar a produção de A Lista de Schindler desde que Spielberg produza O Parque dos Dinossauros primeiro! A partir desse acordo a mágica aconteceu! A equipe começou a busca pela tecnologia capaz de fazer as paginas do roteiro, adaptado do livro pelo próprio Michael Crichton, viraraem dinossauros na tela do cinema. Para isso acontecer, foi utilizada a técnica de animatrônica com robôs em tamanho real, a exemplo do que foi feito em Família Dinossauro.
Com a técnica estabelecida, chegaram a equipe dois nomes de peso para fazer esta mágica dar certo: Stan Winston (Alien) e Phil Tippett (Robocop), que também introduziram o C.G.I. Apesar de tanto trabalho para dar verosimilhança aos dinossauros usando robôs e computação gráfica, ficou tão caro de produzir esses efeitos que eles aparecem bem pouco no filme. Afinal, dos 128 minutos de filme, os dinossauros só aparecem em 15!
Todo esse investimento deu certo e no final das contas foi o primeiro filme da Universal Studios e do próprio Steven Spielberg a arrecadar um bilhão de dólares ao redor do mundo! Com números tão absurdos, claro que uma franquia estava nos planos, gerando mais 3 filmes incluindo um 3D lançado em 2015 na comemoração dos 20 anos do primeiro.
Minha Experiência
Quando eu tinha 11 anos, minha percepção de cinema era completamente diferente. Ainda não gostava de filmes de terror e, para ser bem sincera, eu até tinha medo. Os filmes sempre fizeram parte da minha infância, assistindo sessão da tarde, alugando VHS e também indo ao cinema. O lazer era o mais importante e não tinha muito a ser dito dessa experiência: ou gostava do filme ou não gostava do filme! Para uma garota de 11 anos era o que bastava e foi com a inocência de uma criança afoita por entretenimento que fui assistir ao Parque dos Dinossauros.
Qual criança nunca sonhou em ser paleontóloga? Qual criança não enlouqueceu quando a Nestlé lançou os chocolates Surpresa com dinossauros desenhados e cards explicando quem eram eles? Esses bichos tão desconhecidos e ao mesmo tempo fascinantes, povoavam o imaginário das crianças que sonhavam em vê-los de perto, mas milhões de anos os separavam. Até que Spielberg os trouxe de volta.
Cheguei ao cinema contaminada por todo o marketing absurdo que o filme tinha gerado (65 milhões de dólares). A introdução impecável, a apresentação dos personagens, a curiosidade, os olhos cheios de lágrimas de Dra. Sattler ou a vertigem que o Dr. Grant sentiu ao ver um dinossauro pela primeira vez. Afinal, qual seria a sensação mais genuína de uma paleobotânica e um paleontólogo ao ver um dinossauro vivo?
As cenas de ação são fantásticas e a construção do ataque de um T-Rex ao jipe durante uma chuva foi espetacular. Eu não conseguia me mover na cadeira e quando Dr. Grant diz que o animal não enxerga direito mas detecta os movimentos, lembro-me de tampar a respiração para não fazer barulho. Isso é cinema! E só depois de adulta soube que o pavor das crianças durante a cena foi real, pois não estava no roteiro quebrar o vidro do teto solar no jipe, foi uma falha no robô do Tiranossauro. Acreditando que o boneco estava descontrolado, as crianças gritaram de verdade, possuídas pelo medo. Outro momento chave que tenho muito vivo em minha lembrança é o jogo de gato e rato na cozinha do parque entre as crianças e os Velociraptores. Que competição mais desleal, hein?
O Parque dos Dinossauros me fez reviver uma aventura que só tinha acontecido com Indiana Jones, mas sem a emoção do cinema pois vi a trilogia toda na TV. Apesar de muitas pessoas apontarem defeitos em toda a parte, a carga emocional, a experiência e a sensação que tive ao ver esse filme no cinema foi o ponta pé inicial para entender como a sétima arte seria importante para minha formação. Passei a olhar os filmes de um jeito diferente, me interessar em saber mais a respeito da produção, dos atores, das curiosidades. Acredito que já assisti o Parque dos Dinossauros umas cinquenta vezes e continuarei assistindo sempre que estiver disponível. Isso é se apaixonar por um filme de um jeito que só uma criança pode fazer. E você, me conta, qual o filme que marcou sua relação com o cinema?
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Mais um ótimo texto. Um filme que me marcou foi o Superman IV, acredite. Eu tinha 3 anos e é o primeiro filme que eu me lembro de ter visto no cinema. Ele foi um fracasso de crítica e público mas pra mim foi foda ver a briga do Super-homem com o Homem Nuclear na telona hahaha.
O filme com sentimento é diferente.. não importa se foi bom tecnicamente, foi bom pra gente. Isso é cinema!
Porra, você lembra de um filme que viu com 3 anos!? Memória de elefante! hehehehe
Tiveram vários filmes assim para mim, como De Volta Para o Futuro 2, por exemplo, mas eu acho que aquele que me fez virar a chavinha foi Edward Mãos de Tesoura (sim, sou um pouco mais velho).
Minha mãe me levou no cinema do Itaigara aqui em Salvador. Aquele visual que Tim Burton cirou, a história “triste”, as dificuldades da vida, eu não sei bem. A partir daquele dia cinema era mais do que apenas diversão descartável e filmes dos trapalhões.
Eu lembro que pirei MUITO com Jurassic Park. Eu já era fissurado em Dinossauros (quem naquela época não colecionava os cards de papelão do chocolate surpresa?
Eu era louca por aqueles cards! E o dinossauro era de chocolate branco!
Eu me lembro de umas figurinhas de dinossauros que vinham nos cheetos da vida. E também tinha uma revista sobre dinossauros que a cada número você ganhava um osso… aí no fim vc tinha o seu próprio T-Rex. haha
Quando assisti a Jurassic Park eu tinha 7 anos e também me marcou bastante. Acho que foi a idade certa para ver esse filme no cinema!
E é incrível pensar que no mesmo ano o Spielberg lançou Jurassic Park e A Lista de Schindler… dois filmes completamente diferentes e perfeitos no que se propõe.
Na época desse filme eu já ia pro cinema com frequência, já li revista Set sobre cinema e coisas do tipo. Mas esse filme é bem legal mesmo, lembro ainda hoje de quando vi no cinema.
Infelizmente fui ao cinema bem tarde, já tinha 15 anos e fui numa excursão da escola assistir Cidade de Deus… Pulemos essa parte e falarei de um dos filmes mais marcantes da infância: Parque dos Dinossauros.. Pra eu assisti-lo foi uma saga, sempre que passava na Globo (eu fui ter vídeo cassete apenas em 98) acontecia algo eu não conseguia concluir… Ficava triste pois sempre quis vê-lo por inteiro, uma vez iria passar num sábado depois do Zorra e eu estava numa festinha de aniversário (que aliás estava ótima) e simplesmente deu 22:30 fui sozinha pra minha casa pra conseguir ver o filme (tenho pânico de ficar só em casa), e não me arrependo nem um pouco!!! Lembro que chorei, (talvez até por estar com medo de estar só em casa), vibrei e torci por Dr. Grant e companhia. Posso não tê-lo assistido no cinema mas foi um dos que me marcaram profundamente!! Na minha cidade e adjacências não exibiram o 3D – fiquei p… da vida – porém Jurassic World fiz questão de ir na estreia, esperei anos por uma continuação desse saga que já perdi as contas de quantas vezes a assisti! Um dos melhores filmes da década de 90, SEM DÚVIDA!
Ai Yara,
Que bom encontrar alguém que compartilha desse sentimento por esse filme!!! Engraçado que tem alguns filmes que parece que o universo conspira pra não vermos, no meu caso é o Vanilla Sky com Tom Cruise. Demorei anos pra ver inteiro pois sempre que estava assistindo acontecia algo que eu precisava parar ou então eu estava zapeando os canais e via trechos mas nunca inteiro. Só o vi depois de anos!!!