Crítica | A Vastidão da Noite

Crítica | A Vastidão da Noite

A Vastidão da Noite”, do diretor estreante Andrew Patterson, faz uma bela homenagem aos filmes de ficção científica dos anos 1950. O cineasta situa sua história no mesmo período, mas o tom da narrativa é mais sóbrio, isto é, investe em uma pegada mais verossímil sem o exagero de algumas obras do gênero.

Em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos está ocorrendo um jogo de basquete do time estudantil local e o evento reúne uma boa parte da população da cidade. Enquanto isso Fay Crocker (Sierra McCormick) e Everett Sloan (Jake Horowitz) estão em seus respectivos trabalhos: ela é a telefonista do município e ele tem um programa de rádio na estação local. Fay recebe uma ligação onde ninguém fala, mas um som constante é emitido. Curiosa para saber do que se trata ela entra em contato Everett e juntos eles vão tentar desvendar o que está acontecendo.

O clima de mistério é mantido durante os quase 90 minutos de A Vastidão da Noite e o diretor Andrew Patterson constrói a sua narrativa de forma gradual e interessante. Estamos diante de uma produção pequena e independente, portanto o roteiro sabe das limitações, então investe no poder dos diálogos e no talento dos atores.

Na maior parte do tempo a câmera acompanha Fay e Everett enquanto caminham pela cidade, que é tão pequena que é possível chegar em qualquer local facilmente a pé. A conversa entre os dois ajuda a conhecer melhor os personagens e também contribui para a imersão dentro do tom da narrativa. Com isso a importância do talento dos atores é fundamental, já que se essa conversa não tiver um bom ritmo a história poderia facilmente se tornar cansativa. Felizmente Sierra McCormick e Jake Horowitz entregam ótimas performances e a química entre eles é muito boa.

Andrew Patterson começa o longa mostrando uma televisão antiga onde vemos o título do filme e lentamente a câmera se aproxima do aparelho até literalmente entrar na imagem que está sendo exibida. É uma ótima homenagem ao gênero Sci-Fi dos anos 1950 e também uma forma de literalmente levar o espectador a imersão dentro da narrativa. É uma pena que o diretor repita esse mesmo recurso em outros momentos de “A Vastidão da Noite”, que servem mais para tirar o espectador dessa imersão, já que o cineasta parece tentar lembrar que estamos apenas diante de uma pequena história de mistério de época.

Apesar disso, o roteiro de James Montague e Craig W. Sanger explora muito bem o poder de sugestão das palavras, através das conversas entre os personagens. O que faz todo sentido já que um dos protagonistas é um radialista e a outra é telefonista. Isso também ajuda no tom misterioso da narrativa.

Em síntese, “A Vastidão da Noite” é um ótimo filme de ficção científica que explora bem as nuances do gênero e que ao situar a narrativa nos anos 1950 dá um charme maior à história. O diretor Andrew Patterson faz uma estreia muito boa e mostra que tem muito talento.


Uma frase: – Fay: “Everett, é a Fay. Um som saiu do painel e interrompeu seu programa.”

Uma cena: Fay trabalhando atendendo diversas ligações, uma cena de 9 minutos sem corte.

Uma curiosidade: As letras “WOTW” da estação de rádio são uma homenagem a “War Of The Worlds” (Guerra dos Mundos).


A Vastidão da Noite (The Vast of Night)

Direção: Andrew Patterson
Roteiro:
James Montague e Craig W. Sanger
Elenco: Sierra McCormick e Jake Horowitz
Gênero: Drama, Mistério, Sci-Fi
Ano: 2019
Duração: 89 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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