Crítica | Cemitério Maldito (2019)

Crítica | Cemitério Maldito (2019)

Era necessário fazer um remake de “Cemitério Maldito”? Com certeza não, mas em Hollywood isso não importa muito. Pelo menos a nova adaptação da obra de Stephen King dirigida por Kevin Kölsch e Dennis Widmyer é bem realizada, mesmo não trazendo muitas novidades e diferenças do filme de 1989 dirigido por Mary Lambert.

Na história a família Creed se muda para uma cidade do interior dos EUA em busca de tranquilidade longe do caos da cidade grande. Dessa forma Louis espera passar mais tempo com seus filhos e sua esposa. Contudo, a morte do gato Church desencadeia uma série de eventos bizarros.

O principal tema de “Cemitério Maldito” é lidar com a morte. Apesar de ser uma das poucas certezas da vida, ainda é um tema que mexe com a imaginação das pessoas e que é difícil de lidar, principalmente explicar para crianças. A forma como Louis e Rachel, pais de Ellie, explicam para a filha o que aconteceu com o gato Church diz muito sobre a família Creed.

O pai como médico e homem racional quer contar para a filha a verdade, mas a mãe tem uma questão do seu passado envolvendo a morte da irmã quando ela era criança, então prefere amenizar e contar que o animal fugiu, ou que pode ter ido pro céu. Mas o vizinho Jud tem uma outra opção: enterrar o gato em um cemitério, fazendo com que o bicho de estimação volte a vida. O problema é que o bichano volta com um comportamento muito esquisito.

O filme de Kevin Kölsch e Dennis Widmyer é competente em sua parte técnica, a começar pelo design de produção ao retratar o clima interiorano da nova casa da família Creed, mas principalmente ao mostrar o cemitério de maneira misteriosa e assustadora. “Cemitério Maldito” não apela para sustos fáceis e desenvolve sua narrativa de maneira satisfatória, aumentando aos pouco o clima de tensão.

O clímax da cena do atropelamento de uma das crianças da família Creed é bem realizada, funcionando bem para levar o filme para a sua questão principal em torno da morte. Isso é claro é mérito da obra de King, mas os diretores exploram a narrativa de maneira competente.

É interessante ver o pai, até então o racional da história, sucumbir ao sentimento de perda e tomar uma atitude extrema ao repetir com uma criança o que fez com o animal, mesmo sabendo das consequências.

Nisso é importante falar sobre o elenco, a começar por Jason Clarke que explora bem a mudança de comportamento de Louis. O veterano John Lithgow também está muito bem, ao desenvolver o vizinho Jud de maneira multidimensional, mesmo com pouco tempo em cena. Um dos destaques fica por conta das mulheres. Amy Seimetz mostra bem os sentimentos de Rachel, que ainda sofre com o seu passado. Mas sem dúvidas o grande destaque é a pequena Jeté Laurence que interpreta Ellie com maestria, mostrando muito talento para a sua idade.

Em síntese, “Cemitério Maldito” é um bom filme e que adapta bem a obra de Stephen King, mesmo que sua realização não seja necessária considerando que o livro já tinha virado filme em 1989.


Uma frase: – Dr. Louis Creed: “Morrer é natural.”

Uma cena: O atropelamento na frente da casa da família Creed.

Uma curiosidade: O nome do gato no filme é Church, nomeado em homenagem a Winston Churchill. Quando Ellie explica isso para Jud (interpretado por John Lithgow) ele diz “Eu sei quem Winston Churchill é”. Coincidentemente, Lithgow interpretou Churchill na série The Crown.


Cemitério Maldito (Pet Sematary)

Direção: Kevin Kölsch e Dennis Widmyer
Roteiro:
Jeff Buhler, história de Matt Greenberg
Elenco: Jason Clarke, Amy Seimetz, John Lithgow e Jeté Laurence
Gênero: Terror, Mistério, Thriller
Ano: 2019
Duração: 101 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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