Crítica | A Torre Negra (The Dark Tower)

Crítica | A Torre Negra (The Dark Tower)
Walter (Matthew McConaughey) and Roland (Idris Elba) in Columbia Pictures THE DARK TOWER.

Um western de fantasia e horror, A Torre Negra conta a história do último Gunslinger (pistoleiro), Roland Deschain (Idris Elba, Star Trek: Sem Fronteiras) em busca de vingança contra seu maior rival, o misterioso feiticeiro conhecido como Homem de Preto (Matthew McConaughey, Um Estado de Liberdade).

A Torre Negra do título é o último monumento de pé que pode impedir que os mundos paralelos sejam atacados por criaturas malignas. É aí que surge um garoto com um dom, uma espécie de vidente – Jake (Tom Taylor). Ele consegue enxergar os mundos através dos sonhos, porém é rejeitado por todos que, ao conhecer sua habilidade, o rotulam de louco. Através de um desses sonhos Jake prevê o cataclisma que aconteceria caso a Torre Negra caísse, tornando-se assim a peça chave para a salvação dos povos de ambos os mundos.

O filme, uma adaptação de uma das famosas obras do grande Stephen King, faz parte de um amplo acordo de desenvolvimento que prevê a produção de uma série de TV, ainda em fase de planejamento. Ainda não se sabe, enfim, qual relação exata haverá entre os projetos, além do fato do cineasta Ron Howard estar envolvido na produção de ambos. O filme da Torre Negra, enfim, é cheio de bons efeitos visuais e faz um trabalho competente quando estabelece um cenário de mundo à beira da destruição e explora alguns mundos paralelos.

Boa parte da ação acontece em ambientes escuros, como se o céu estivesse coberto constantemente por nuvens negras carregadas, o que facilita a produção de belos efeitos visuais nas cenas de batalhas contra os monstros. Mas o destaque maior vai para as criaturas que usam peles de humanos costuradas como disfarce. O diretor Nikolaj Arcel nos oferece boas cenas e explora bem o grande contraste entre o que acontece em Nova Iorque e a ambientação dos outros quatro mundos.

Nas atuações o destaque é sem dúvida Idris Elba, encarnando o protagonista, uma espécie de paladino, munido de um profundo e intrincado código de honra e dever, e de um par de pistolas mortíferas. Além disso as cenas de ação são ótimas! O duelo mais esperado não é o melhor de todos, mas as cenas de tiroteio são repletas de tensão e energia. Até mesmo quando é necessário o recurso a um alívio cômico não há decepção.

Já a encarnação do Homem de Preto, por conta de Matthew McConaughey, não é assim tão bem sucedida. O personagem, apesar de ter muito estilo e elegância, é apresentado e representado de forma superficial dificultando convencer a audiência como a criatura muita poderosa e temida que deveria ser. A falta de uma melhor aprofundamento na história da relação entre o protagonista e o antagonista talvez seja o fator que principalmente contribui para isso. Em nenhum momento somos apresentados aos motivos ou a origem do conflito entre o Homem de Preto e o Pistoleiro, o que faz todo o pouco que se explica soar superficial.

Fica claro que, apesar de contar com grandes atores que já provaram seus talentos em outras produções, a produção do filme fracassa ao não saber aprofundar bem os personagens e as relações entre eles. Não ajuda também o fato da produção ter preferido não explorar profundamente outro ponto que é um dos grandes destaques do material original: a amplitude fantástica do cenário. O curto tempo de duração do filme, com pouco mais de noventa minutos, parece dificultar ainda mais o aprofundamento em um mundo tão grande e fabuloso como o que foi imaginado por Stephen King para sua série. Aliais (beijo, Dario), é sem dúvida a criação de mundo um dos pontos altos da obra de King e em Torre Negra ele entrega um de seus melhores materiais nesse quesito.

Mesmo sabendo que o filme passou por algumas dificuldades como adiamentos e trocas de atores, é decepcionante a forma como foi entregue ao público. Talvez o estúdio tenha preferido não arriscar muito diante de todos os problemas de produção e do tamanho do escopo do projeto de Ron Howard. Essa opção, porém, pode ter sido o principal erro da produção, já que o resultado tende a desagradar principalmente a audiência que daria fôlego ao projeto como um todo: a base de fãs da série de livros da Torre Negra.

No fim das contas a infeliz constatação a que chegamos é que A Torre Negra é um filme bom, mas com um grande potencial desperdiçado. Inclusive, graças a isso, não é demais prever que talvez não tenhamos mais a chance de ver Idris Elba na pele do Pistoleiro (e paladino) Roland Deschain novamente. Apesar de tudo, pelo visual e toda a ação investida, ainda assim o filme merece nossa atenção.


Uma frase: “Vocês ja devem ter esquecido do rosto de seus pais.”

Uma cena: Tiroteio dentro do galpão.

Uma curiosidade: Existe a possibilidade do filme virar uma série de televisão.

 


A Torre Negra (The Dark Tower)

Direção: Nikolaj Arcel
Roteiro: Akiva Goldsman, Jeff Pinkner (Adaptado de Stephen King)
Elenco: Idris Elba, Mattew McConaughey, Katheryn Winnick, Tom Taylor, Jackie Earle Haley, Dennis Haysbert, Abbey Lee
Gênero: Ação, Fantasia
Ano: 2017
Duração: 95 minutos

 

Junio Queiroz

Sou bonito, sou gostoso, jogo bola e danço. Psicólogo humanista. As vezes edito algum podcast da casa.

3 comentários sobre “Crítica | A Torre Negra (The Dark Tower)

  1. Por ter lido o livro recentemente, acredito que o impacto que a obra de Stephen King fez ressoar com esse trabalho ainda no século passado não tenha me atingido. Talvez eu estivesse já velho para embarcar nesse universo e, por isso, o filme já não era, confesso, tão aguardado por mim.

    A recepção morna também não contribuiu. Pelo menos seu texto vai me deixar com vontade de assistí-l quando ele sair dos cinemas e for parar nas embarcações bucaneiras

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