Crítica | Baywatch: S.O.S Malibu

Crítica | Baywatch: S.O.S Malibu

Baywatch: S.O.S Malibu” tenta repetir a mesma fórmula de sucesso utilizada em “Anjos da Lei“, também uma adaptação de um seriado televisivo para o cinema, só que sem o mesmo sucesso. A idéia era fazer um filme que misturasse paródia e homenagem, investindo bastante na parte cômica. Infelizmente, ficou faltando um elemento importante: uma boa história.

O roteiro de Damian Shannon e Mark Swift utiliza clichês de forma ruim e mesmo com um elenco carismático não consegue se salvar do “afogamento”. Outro recurso que poderia ser usado para o “resgate” seria o humor, mas nesse quesito o filme também deixa a desejar com poucos momentos bem inspirados. As “melhores” piadas parecem cópias ruins de outras comédias. Por exemplo, uma piada envolvendo um rapaz que fica com seu pênis preso em uma cadeira de praia não passa de uma imitação barata de uma situação parecida envolvendo Ben Stiller em “Quem vai ficar com Mary?“.

A “insistência” na repetição de piadas também incomoda um pouco. Durante quase todo o filme o personagem de Dwayne Johnson inventa algum apelido para Zac Efron. Nas primeiras vezes o humor funciona bem, mas aos poucos ela vai se desgastando e no final perde o seu valor por diminuir o impacto causado inicialmente.
Outro detalhe interessante do filme é que ele felizmente não é sexista e explora pouco o corpo das mulheres. Na verdade a boa forma dos homens, principalmente Efron, que é apresentada. Mas em compensação, as personagens femininas na história são quase irrelevantes na trama. Até mesmo a vilã não é bem explorada. É curioso como a história tenta focar na importância da equipe, quando na verdade está mais interessada na dinâmica da dupla Johnson/Efron.

Na história, a equipe de salva-vidas Baywatch é comandada por Mitch Buchannon (Dwayne Johnson). Está sendo feita uma seleção de novos integrantes, mas Matt Brody (Zac Efron) – nadador olímpico ganhador de duas medalhas de ouro – é enviado para ser integrado ao grupo como uma forma de punição para ele, algo tipo um serviço comunitário. O jovem é egoísta e não funciona em equipe, então terá problemas em se adequar ao grupo de Mitch. Ou seja, os dois irão se “confrontar” durante a narrativa até que ambos, principalmente o mais novo, aprendam a “lição”. Se fosse bem escrito, esse clichê poderia ter sido muito bem explorado pelo filme, ainda mais contando com essa dupla de atores, bastante carismática e talentosa. Infelizmente, o diretor Seth Gordon não consegue explorar isso de forma positiva.

Entretanto, o pior problema do filme é a indefinição em relação ao tom da narrativa. O “absurdo” à história é que um grupo de salva-vidas resolve investigar crimes relacionados à baía. O policial interpretado por Yahya Abdul-Mateen II sempre que aparece lembra desse detalhe: apenas a polícia pode fazer isso. Bom, se o longa se assumisse totalmente como “zueira” não teria problemas, mas os próprios personagens parecem perdidos em fazer piadas enquanto levam a sério as suas próprias ações. Tanto que em determinado momento Matt comenta sobre a loucura do fato do grupo está fazendo essas investigações como se estivessem em uma série de tv e esse que vos escreve foi um dos poucos a rir da verdade e ironia sobre essa afirmação.
As cenas de ação também poderiam ser uma boa salvação para o filme, no entanto elas são muito irregulares, principalmente graças aos efeitos especiais. Um ponto curioso é o fato da história se passar na beira da praia e a todo tempo o roteiro tenta convergir a trama para este ambiente, aí até mesmo uma perseguição que começa dentro de um hospital vai parar dentro da água, ainda que isso não faça muito sentido.

As participações especiais de David Hasselhoff e Pamela Anderson são gratuitas e sem muita graça. Durante o longa é feita uma piada muito boa relacionada ao fato de C.J. Parker (Kelly Rohrbach) se mover em câmera lenta fazendo referência à série, então quando a mesma piada é aplicada à própria Anderson, sem o mesmo resultado.

Com poucos bons momentos o filme não consegue se salvar do “afogamento” nem mesmo com a ajuda da equipe de resgate de Baywatch.


Uma frase: – Capitão Thorpe: “Ele (Matt Brody) é um dos melhores nadadores do mundo. Ele é o fruto de ser humano com um jet ski. O que é impossível, mas seria muito legal!”

Uma cena: Quando Matt Brody faz sua primeira tentativa de resgatar vítimas de um afogamento.

Uma curiosidade: Em uma entrevista, Priyanka Chopra disse que o papel de principal antagonista tinha sido escrito para ser interpretado por um homem, mas o diretor mudou o papel e o roteiro após encontrar com ela.


Baywatch: S.O.S Malibu (Baywatch)

Direção: Seth Gordon
Roteiro: Damian Shannon e Mark Swift
Elenco: Dwayne Johnson, Zac Efron, Alexandra Daddario, Kelly Rohrbach, Priyanka Chopra, Jon Bass, Ilfenesh Hadera, Yahya Abdul-Mateen II, Rob Huebel, Hannibal Buress, David Hasselhoff e Pamela Anderson
Gênero: Ação, Comédia, Drama
Ano: 2017
Duração: 116 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

Um comentário em “Crítica | Baywatch: S.O.S Malibu

  1. Sinceramente, não entendo a necessidade que
    Hollywood enxergou de fazer este filme. A série não era essa maravilha toda.
    Não me surpreende, então, que o resultado tenha sido um longa ruim e
    desnecessário! Dispenso!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *