Crítica | Elis

Crítica | Elis

O cinema brasileiro descobriu o potencial das cinebiografias de artistas da música. Após Cazuza, Renato Russo, Tim Maia e Luiz Gonzaga, agora foi a vez de Elis Regina. Dirigido por Hugo Prata, que tem longa experiência como diretor de videoclipes, Elis aposta mais no poder das músicas da cantora do que da história em si.

Elis Regina tem uma história de vida bem interessante, mas o filme não consegue dar conta. Ele prefere seguir por um caminho tradicional, apostando em alguns momentos de intimidade misturados com cenas de apresentações musicais. Cenas essas que mais parecem uma inserção de um trecho de um videoclipe musical no meio da dramatização da vida de Elis.

O roteiro de Vera Egito, Luiz Bolognesi e Hugo Prata vai pontuando alguns dos acontecimentos mais importantes da vida de Elis, nem sempre se preocupando em ligar um ponto ao outro. O inicio da história ainda segue um bom ritmo ao mostrar a cantora chegando junto com seu pai ao Rio de Janeiro em 1964 durante o golpe militar. Depois o ritmo da narrativa fica irregular.

O elenco faz o seu melhor, mas é desperdiçado ocasionalmente. Andreia Horta se parece fisicamente com Elis. A atriz utiliza alguns dos trejeitos da cantora, mas exagera nos maneirismos em algumas cenas, além de se perder com o sotaque. Mas Horta tem muito carisma e cumpre bem o seu papel.

Gustavo Machado como Ronaldo Bôscoli, primeiro marido da cantora, é um dos destaques. As cenas dele com Horta denotam muita química entre os dois. Eles retratam bem a relação de amor e ódio entre o casal. Enquanto Caco Ciocler como César Camargo Mariano é totalmente desperdiçado, já que o ator praticamente entra mudo e sai calado. Outro destaque positivo é Lúcio Mauro Filho como Luís Carlos Miele.

Na parte técnica, Elis também apresenta qualidades com uma direção de arte e produção muito bem realizada. Mas isso não ajuda a diminuir o impacto negativo do resultado final do filme.

O filme não faz jus a vida da cantora. Não consegue passar toda a intensidade de sua vida. E também não entra em nenhuma polêmica. A conclusão abrupta com a morte da cantora demonstra bem isso. Dessa forma ele fica preso aos fatos, sem conseguir transmitir quem era Elis Regina de forma satisfatória, apostando apenas no poder das canções. Só que isso não é o suficiente e o diretor Hugo Prata entrega um trabalho básico e irregular.


Uma frase: – Ronaldo Bôscoli: “Beatles é uma merda!”

Uma cena: O primeiro show após a apresentação para os militares.

Uma curiosidade: A atriz Andreia Horta chegou a cantar nas filmagens, mas para o filme usaram as gravações originais de Elis.

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Elis

Direção: Hugo Prata
Roteiro: Vera Egito, Luiz Bolognesi e Hugo Prata
Elenco: Andreia Horta, Caco Ciocler, Lúcio Mauro Filho, Júlio Andrade, Zé Carlos Machado, Rodrigo Pandolfo, Ícaro Silva, César Troncoso Barros, Gustavo Machado, Isabel Wilker e Eucir de Souza
Gênero: Drama, Biografia
Ano: 2016
Duração: 110 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

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