Crítica | Invasão a Londres (London Has Fallen, 2016)

Crítica | Invasão a Londres (London Has Fallen, 2016)

Mocinhos, terroristas, RPGs e o jeitinho americano de resolver problemas destruindo países alheios marcam “Invasão a Londres”.

Invasão à Casa Branca (Olympus has Fallen, 2013) se apresentou como uma espécie de ressurgimento do bom filme de ação. Sob as mãos firmes do experiente diretor Antoine Fuqua (do clássico Dia de Treinamento (2001)) a história cliché do agente fracassado Mike Banning (Gerard Butler) que se supera para proteger o presidente Benjamin Asher (Aaron Eckhart) de um audacioso ataque à Casa Branca, ganhou muito em qualidade, se destacando de outros filmes do gênero dos últimos tempos. O que poderia ter sido apenas mais um filme de ação chegou a ser comparado a um Duro de Matar do século XXI.

Evidente que tal resultado levaria à tentativa de se explorar uma franquia, ao menos uma continuação. Contudo, a continuação de Olympus Has Fallen padece dos mesmo problemas que a maioria dos filmes de ação. É significativamente inferior a seu predecessor.

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O problema começa desde o roteiro, que opta por praticamente esquecer as perfumarias do primeiro filme (dramas pessoais, e outras bobagens que poderiam deixar os personagens menos bidimensionais), e apostar exclusivamente na ação. Não ajuda também o fato do diretor da continuação, Babak Najafi (sério, esse é o nome dele, e ele não é um personagem de Star Wars) ser um daqueles profissionais genéricos do mercado, sem muito talento ou experiência.

Na primeira metade do filme, que conta com efeitos visuais razoáveis, as cenas de destruição promovem um encontro interessante entre o gênero de filmes catástrofe e os filmes de ação (o que parece ser uma tendência crescente nos últimos tempos) e proporciona aqueles momentos interessantes de exclamação “Eita porra!” no meio da sessão. Mas infelizmente a partir da segunda metade do filme a limitação do diretor se evidencia e compromete totalmente o resultado final.

No terceiro ato, afinal, Babak (esse nome é bom demais para ser verdade…) prefere filmar sempre à noite e com uma fotografia escura. Edição e montagem também não colaboram e, assim, fracassa justamente naquilo em que um filme do gênero jamais deve fracassar: a ação. Em determinado momento o filme simplesmente se torna uma versão mal feita de Falcão Negro em Perigo (2001) , ou melhor, uma duvidosa versão live action de uma partida de Counter Strike.

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Não ajuda muito a propaganda estadunidense no filme. Mike Banning, nesse filme, se torna um garoto propaganda de tudo que há mais de errado na agressiva e desumana política externa dos EUA. Ele não apenas mata terroristas estereotipados, mas os tortura por prazer, e para parecer mais bad ass. Foi-se o tempo mais ingênuo de “Yippee ki-yay, motherfucker!”. O negócio agora é enfiar faca nos por entre as costelas do terrorista maldito e deixá-lo estrebuchar para o irmão dele ouvir. Some-se a isso o fato de que todas as demais agências de segurança de todos os líderes mundiais são retratados como absolutamente incompetentes, não aliviando sequer para os aliados britânicos, e fica bem clara uma coisa sobre o filme: é no quesito “politicamente incorreto” mesmo que Invasão à Londres não perdoa ninguém.


Uma fraseEu sou feito de bourbon e escolhas ruins, senhor.

Uma cenaAs cenas de destruição aos vários cartões postais de Londres.

Uma curiosidade: O diretor Antoine Fuqua se negou a dirigir a continuação porquê não gostou do roteiro. (Justo…)

 


Invasão a Londres (London Has Fallen)

Direção: Babak Najafi
Roteiro: Creighton RothenbergerKatrin BenediktChristian Gudegast e Chad St. John
Elenco: Gerard Butler, Aaron EckhartRadha MitchellAngela Bassett, Jackie Earle HaleyRobert ForsterMelissa Leo  e Morgan Freeman.
Gênero: Ação
Ano: 2016
Duração: 99 min.
Graus de KB: 2- Aaron Eckhart atuou em O Amor Acontece (2009) ao lado de Jennifer Aniston que esteve em Paixão de Ocasião (1997) com Kevin Bacon.

 



Mário Bastos

Quadrinista e escritor frustrado (como vocês bem sabem esses são os "melhores" críticos). Amante de histórias de ficção histórica, ficção científica e fantasia, gostaria de escrever como Neil Gaiman, Grant Morrison, Bernard Cornwell ou Alan Moore, mas tudo que consegue fazer mesmo é mestrar RPG para seus amigos nerds há mais de vinte anos. Nas horas vagas é filósofo e professor.

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