Crítica | O Menino e o Mundo

Crítica | O Menino e o Mundo

O cinema brasileiro é bastante rico em diversidade. Comentei isso no texto sobre o filme “Boi Neon”. Pena que muitas vezes não conseguem espaço na distribuição para ser exibido no cinema. Então, às vezes é necessário um pouco de sorte. Foi o que aconteceu com a animação “O Menino e o Mundo” que acabou surpreendendo a todos ao conseguir uma indicação ao Oscar de melhor animação. Isso foi suficiente para ele ganhar a atenção que merece, além de ganhar uma nova chance no cinema. Ainda que tenha sido num circuito reduzido.

Somente o estilo da animação dirigida por Alê Abreu já vale o filme. O traço parece simples, como se fosse com um desenho de lápis de cor feito numa folha de papel em branco, mas ele vai evoluindo ao mostrar novos elementos. A história começa com a simplicidade do campo e vai até a complexidade da cidade grande. Um visual muito bonito que mantém a sua delicadeza mesmo quando mostra uma riqueza de detalhes.

menino-mundo-foto1

A história é apresentada sob o ponto de vista de uma criança. Daí a grande ideia da simplicidade do traço. Além disso, os personagens não falam português, mas sim uma língua incompreensível. Ou seja, ele mostra quase de maneira literal a visão de uma criança sobre o mundo enquanto tenta entender as complexidades do mesmo.

O diretor utiliza de diversas simbologias e muitas metáforas para mostrar esse ponto de vista infantil do mundo. E aproveita para fazer algumas críticas a coisas como o capitalismo, sociedade de consumo, repressão policial, ecologia, entre outros temas. Em determinado momento ele chega a usar imagens reais para mostrar seu ponto de vista, mas isso se mostra um pouco desnecessário. Não era preciso ser tão literal. A mensagem já estava bastante clara.

Já que não existem diálogos compreensíveis, então a trilha sonora ganha uma importância ainda maior. A música ganha um simbolismo interessante retratado como uma espécie de bolhas de sabão.

menino-mundo-foto2

Por exemplo, quando o pai do menino que mora no campo está indo embora ele toca uma flauta. Então o garoto tenta pegar as bolhas e guardar como recordação. Ele faz o mesmo quando sua mãe está cantando. E essas memórias serão importantes para ele se lembrar de quem ele é e da importância dos seus pais. Além é claro de servir como um jeito de matar a saudade.

É importante saber envelhecer sem esquecer-se do passado. E sem dúvidas Abreu consegue retratar de ótima maneira a visão de uma criança enquanto está conhecendo o mundo. A vida real é complicada, ainda mais na fase adulta. E mesmo mostrada com traços simples ela continua sendo cheia de detalhes e de complexidades que são retratadas muito bem por essa animação que consegue passar a sua mensagem para todas as idades. Por mais que cada uma delas acabe interpretando de maneiras diferentes.


***Classificação***


menino-mundo-cartazTítulo Original: O Menino e o Mundo (Brasil, 2014)
Com as vozes de: Vinicius Garcia, Felipe Zilse, Alê Abreu, Lu Horta e Marco Aurélio Campos
Direção e Roteiro: Alê Abreu
Duração: 80 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

2 comentários sobre “Crítica | O Menino e o Mundo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *