Crítica | Jovens, Loucos e Mais Rebeldes (Everybody Wants Some)
Jovens, Loucos e Mais Rebeldes, de Richard Linklater, funciona como um tipo de continuação de dois filmes do diretor: “Boyhood” e “Jovens, Loucos e Rebeldes”. O primeiro mostra a vida de um garoto da infância até o final do colégio. Enquanto o segundo mostra o último dia de colégio de um grupo de amigos. Parece uma continuação por se passar num período da vida logo após os acontecimentos dos filmes citados.
A narrativa é construída a partir de uma série de personagens enquanto acompanhamos alguns dias antes do início da aula da faculdade. O foco principal é Jake Bradford (Blake Jenner). Ele chega ao dormitório e começa a se enturmar com seus futuros companheiros do time de beisebol. Linklater segue o mesmo estilo dos filmes citados acima ao criar uma história sem uma trama definida ou um arco dramático geral.
A história se passa no início dos anos 80. Então a nostalgia é um ponto forte no filme. Dessa forma a trilha sonora é muito bem utilizada para criar esse clima com uma ótima seleção de músicas. Contribuem também o figurino e uma reconstituição de época muito bem realizada. E o jeito como ele foi filmado também remete ao estilo da época. Isso garante uma boa autenticidade.
Só que a nostalgia não é somente pelo período em que a história se passa, mas também por mostrar um marco no início da vida adulta: a chegada à faculdade. Linklater usa a juventude sob o ponto de vista masculino para mostrar o retrato de uma geração evocando a liberdade desse período em que é aceitável fazer besteiras e coisas estúpidas. Seja por conta de bebida ou em busca do que é o principal para eles: sexo.
É engraçado notar como os jovens da história fazem qualquer coisa em busca de alguém do sexo oposto. Então se um dia eles estão numa boate que toca mais música pop e acontece algum problema, tudo bem, é só ir em outro lugar. Nem que seja um bar country. Basta fazer um pequeno ajuste de figurino, colocar um chapéu ou uma bota e pronto. Sem crise de identidade. O importante é alcançar o objetivo: arrumar uma mulher. Ou seja, algo que não mudou muito dessa geração em relação a atual.
Uma coisa diferente dos EUA em relação ao Brasil é a prática de esportes na universidade. Lá isso é incentivado e pode garantir uma bolsa de estudos para os atletas. Gera também um certo status social. Os personagens do filme nunca dizem qual curso estão fazendo. Eles preferem dizer que vão jogar beisebol. Isso é muito mais importante. Principalmente para o objetivo relacionado a mulheres.
Ou seja, já ficou claro que o objetivo principal dos jovens do sexo masculino é arrumar mulheres. Isso foi retratado em filmes da época como “Porky’s” e outros do tipo. Eles eram extremamente sexistas e também machistas. Isso é retratado no filme de Linklater, mas de forma mais verossímil e menos exagerada.
O diretor segue em terreno conhecido, seguindo seu próprio estilo narrativo e faz um filme apostando principalmente na nostalgia. Ele consegue fazer um ótimo retrato dos jovens da época. Mas fica um pouco a sensação que Linklater esteja se repetindo, mesmo que o resultado final seja bem interessante.
Uma frase: – McReynolds: “Voluntário significa obrigatório”
Uma cena: O primeiro encontro entre Jake e Beverly.
Uma curiosidade: O título original do filme é uma referência a música de mesmo nome da banda Van Halen. A canção faz parte do disco “Women and Children First” de 1980.
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Jovens, Loucos e Mais Rebeldes (Everybody Wants Some)
Direção: Richard Linklater
Roteiro: Richard Linklater
Elenco: Blake Jenner, Glen Powell, Tyler Hoechlin, Juston Street, Wyatt Russell, Temple Baker, J. Quinton Johnson, Will Brittain, Ryan Guzman, Zoey Deutch, Tanner Kalina, Austin Amelio e Forrest Vickery
Gênero: Comédia
Ano: 2016
Duração: 117 minutos
Confesso que parei na metade do filme e ainda não tive ânimo de terminar.