A Lenda de Tarzan
A Lenda de Tarzan é a primeira película em live action do personagem desde Greystoke – A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva (1984). A produção ficou nas mãos dos estúdios Warner que no início dos anos 2000 tentou lançar uma série baseada no personagem que infelizmente não foi adiante. O projeto já foi adiado inúmeras vezes desde 2006 e o estúdio chegou a contratar outros três diretores antes de escalar David Yates para comandar essa nova adaptação do personagem para os cinemas. Muitos executivos do estúdio estavam receosos em investir muito dinheiro em um novo projeto do personagem já que foi a própria Warner que bancou Greystoke, que mesmo não sendo um fracasso financeiro não alcançou os resultados esperados pelos investidores. Mas o prestígio que Yates tem dentro do estúdio e sua vasta experiência adaptando obras literárias – ele comandou 4 filmes da cine série Harry Potter nos cinemas – acalmou os investidores que resolveram aprovar a realização do longa.
A Lenda de Tarzan passa anos depois que o homem conhecido como Tarzan (Alexander Skarsgård) deixou as selvas da África para trás para levar uma vida burguesa como John Clayton III, Lord Greystoke, com sua amada esposa, Jane (Margot Robbie) ao seu lado. Agora, ele foi convidado a voltar ao Congo para servir como um emissário de comércio do Parlamento, sem saber que, na verdade, ele é uma peça usada em uma ação de ganância e vingança, organizada pelo Capitão belga Leon Rom (Christoph Waltz). Mas os que estão por trás dessa trama assassina não fazem ideia do que estão prestes a desencadear.
Fui conferir A Lenda de Tarzan sem muitas expectativas e quase que não tinha informações a respeito (por sinal eu nem tinha visto o trailer antes da sessão), esperava que a produção pudesse me entreter e que não fosse tão ruim quando as críticas negativas vindas lá de fora anunciavam. Felizmente não achei a produção tão ruim quanto aos críticos gringos afirmavam, mas isso não quer dizer que o longa chega a ser uma boa pedida de entretenimento para os cinéfilos ou fãs do personagem.
A Lenda de Tarzan, assim como vem acontecendo com algumas adaptações produzidas pela Warner, tenta dar um tom mais realista ao personagem, esse impacto o espectador já sente nas primeiras cenas quando somos apresentados primeiro a John Clayton III o Lord Greystoke. Posteriormente ao longo da projeção o espectador vai se conectando com a história de Tarzan por meio flashbacks, mas ainda assim durante alguns outros momentos do longa fica claro que a mística em volta de Tarzan é bem menor do que a realidade. Ficam delineados no roteiro que as habilidades únicas do personagem são frutos de seu vasto conhecimento empírico sobre a natureza que o cerca e de suas circunstâncias de vida, é uma pena, mas a fantasia em torno do personagem é quebrada.
Ainda que se trate de uma escolha até ousada por parte dos produtores, tornar Tarzan um personagem mais “real” não chega a ser um problema que ateste contra a qualidade do longa, mas é uma direção que em muitos aspectos o filme não consegue fugir e termina limitando parte do seu desenvolvimento. Ao tornar o Tarzan mais humano do que mito a produção teve que buscar resolver várias situações de forma mais racional, o que tira muito do encanto do personagem. Em um mundo em que os super heróis estão em alta e os filmes de aventura estão flopando cada vez mais, esta escolha audaciosa custou boa parte da diversão e magia que o personagem e a película poderiam proporcionar.
A Lenda de Tarzan se tornou refém de uma proposta do estúdio que termina mutilando a produção, podando o desenvolvimento da trama e consequentemente limitando as possibilidades que este personagem tem a oferecer como entretenimento para o espectador, afinal, qual o diferencial que sobra quando é despedaçado o aspecto mítico de uma lenda?
Uma frase: A Selva consome tudo. Aproveita-se dos velhos, dos doentes, dos feridos. Aproveita-se dos fracos. Mas nunca dos fortes.
Uma curiosidade: Alexander Skarsgård disse em entrevistas que o principal motivo que o levou a fazer o filme foi para agradar seu pai o também ator Stellan Skarsgård que é um grande fã do personagem.
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A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan)
Direção: David Yates
Roteiro: Márcio Alemão Delgado
Elenco: Alexander Skarsgård, Christoph Waltz, Samuel L. Jackson, Margot Robbie e Djimon Hounsou.
Gênero: Ação, Aventura
Ano: 2016
Duração: 110 min