Crítica | O Filho de Saul (2015)
O holocausto é um tema recorrente no cinema. Um grande número de filmes sobre os judeus que sofreram nas mãos dos nazistas nos emocionam e não deixam as atrocidades serem esquecidas. Parecia não haver mais possibilidade do gênero ser trabalhado de maneira criativa. Isso até László Nemes nos presentear com este excelente O Filho de Saul.
Saul é um membro do Sonderkommando em Auschwitz-Birkenau, um dos mais terríveis campos de extermínio da Segunda Guerra. Saul sabia que um dia seria ele quem entraria na câmara de gás, mas ajudar os nazistas na absurda rotina daquele lugar lhe garantiria alguns meses de vida.
Ao se deparar com um garoto – que provavelmente nem era o seu filho – que resistiu ao gás e foi morto na sequência pelo médico nazista, Saul decide que ele deverá ter um enterro digno, algo praticamente impossível nessas circunstâncias.
O diretor estreante László Nemes consegue transmitir o caos e a brutalidade do campo de extermínio de uma maneira original. Ele investe em close-ups do personagem principal ou opta por filmá-lo pelas costas e deixa as coisas ao redor fora de foco na maior parte do tempo. Percebemos a movimentação e os sons perturbadores e o resto completamos com a nossa imaginação. O Filho de Saul nos transporta para um dos últimos lugares que gostaríamos de estar.
Intenso, trágico e merecedor de fazer parte do rol dos melhores filmes sobre o tema, O Filho de Saul é um experiência extremamente realista sobre o holocausto. Leva alguns minutos para nos acostumarmos com a linguagem empregada, mas depois não há como não se envolver e se chocar. É uma pena que poucos brasileiros tiveram a oportunidade de conferi-lo nos cinemas.
O Filho de Saul
Direção: László Nemes
Roteiro: László Nemes, Clara Royer
Elenco: Géza Röhrig, Levente Molnár
Gênero: Drama, Guerra
Ano: 2015
Duração: 117 minutos