Crítica | The Cure – Songs of a Lost World
Os fãs do The Cure estavam com saudades de um novo álbum de inéditas, afinal o último havia sido o irregular 4:13 Dream de 2008. Eis que 16 anos depois estamos diante de Songs of a Lost World, um autêntico retorno triunfal.
Desde a primeira música Alone é possível perceber as principais intenções da banda. Eles chegaram em um ponto da carreira em que não precisam se preocupar tanto com as preferências do mercado e podem fazer o que realmente querem.
A maioria das músicas de Songs of a Lost World possui introduções instrumentais longas. Não há qualquer pressa. É como um convite para que aos poucos o ouvinte possa se aprofundar no universo melancólico da banda.
Aqui não há respiros pop como Friday I’m in Love ou Just Like Heaven. Tanto nas melodias como nas letras as coisas vão por um caminho mais triste, mas sem ser piegas ou excessivamente depressivo. Aproximando-se dos 70 anos e com várias perdas recentes na família, Robert Smith reflete sobre a própria finitude e outros temas densos com bastante honestidade
Os arranjos elegantes e a voz doce de Smith tornam a experiência das mais belas e poéticas. Ali pela terceira música já estamos fisgados e nos deleitando com uma banda que continua oferecendo uma sonoridade única.
De qualquer forma, devo dizer que apesar de respeitar as escolhas criativas do The Cure, senti que houve alguns exageros aqui e ali. A introdução de cerca de 6 minutos em Endsong foi um pouco demais para mim, por exemplo. Mas no geral é um trabalho dos mais notáveis dentro de uma carreira rica. Inclusive, já entra na conversa para fazer parte do Top 5 da banda, o que é um feito enorme.
The Cure | Songs of a Lost World
Ano: 2024
Selo: Fiction, Capitol
Produção: Robert Smith, Paul Corkett
Favoritas:
– A Fragile Thing
– Alone
– I Can Never Say Goodbye