Crítica | Nada de Novo no Front (2022)

Crítica | Nada de Novo no Front (2022)

Não podemos considerar esse Nada de Novo no Front como um remake do filme de 1930, mas sim como uma nova adaptação do livro escrito por Erich Maria Remarque. E já adianto que o diretor alemão Edward Berger realizou um trabalho de altíssimo nível. Este é um exemplar bem acima da média dentro do gênero de guerra.

O cenário aqui é a Primeira Guerra Mundial, mais precisamente a sua reta final. Acompanhamos o conflito na perspectiva de um jovem alemão que inicialmente encara tudo como uma grande aventura. Era aquela visão romântica que ele absorveu após ficar diante de discursos recheados de falsidade vindos de professores e militares do alto escalão.

Logo na primeira noite nas trincheiras a empolgação de Paul e de seus colegas se transforma em um pesadelo brutal. Em um trabalho primoroso de direção, fotografia e efeitos sonoros, temos uma amostra de quão horrível foi esse conflito. Trincheiras alagadas, ratos por todo os lados, explosões cada vez mais próximas e companheiros sendo alvejados no menor descuido. Isso sem falar da fome quase constante e do lado emocional completamente deteriorado.

Nada de Novo no Front recria cenas de batalha com muita propriedade. Tudo é muito violento e visceral, mas também plasticamente impressionante. O que deixa o filme ainda mais interessante é que ele também se preocupa em mostrar que matar o ‘inimigo’ não era algo fácil. Não temos aqui aqueles soldados metidos a heróis tão comuns no cinema hollywoodiano. Todos sofrem, tem medo e arrependimentos. São pessoas normais que precisam encarar algo absurdo e tentam agir da melhor forma possível.

Outro lado importante do filme é mostrar o lado político da guerra e compará-lo com as trincheiras. Enquanto oficiais decidem o destino da nação abrigados no conforto de um vagão de trem comendo croissant, os soldados estão no meio da carnificina lidando com perigos incessantes.

Ainda que a metade final de Nada de Novo no Front tenha um ritmo mais arrastado e soe levemente repetitiva, essa é uma experiência cheia de virtudes. Seja pelas cenas intensas de ação, pelo olhar mais aprofundado para o ser humano que está dentro do uniforme ou pela contundente mensagem antibelicista, eis uma obra com um algo a mais e que definitivamente vale a pena ser conferida.


Uma frase: “Eu queria mostrar que podia fazer isso”

Uma cena: Paul e seus amigos chegando nas trincheiras pela primeira vez.

Uma curiosidade: Travis Fimmel foi considerado para o papel de Stanislaus Katczinsky.


Nada de Novo no Front (Im Westen Nichts Neues)

Direção: Edward Berger
Roteiro: Edward Berger, Lesley Paterson, Ian Stokell
Elenco: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Daniel Brühl
Gênero: Guerra, Drama
Ano: 2022
Duração: 148 minutos

Bruno Brauns

Fã de sci-fi que gosta de expor suas opiniões por aí! Oinc!

Um comentário em “Crítica | Nada de Novo no Front (2022)

  1. Eu acho o início do filme muito bom, quando mostra as roupas dos soldados mortos sendo lavadas e depois entregues aos novos recrutas. A parte da recriação da guerra é muito bem realizada, mas confesso que não agrega muito ao gênero. Já a parte da negociação do conflito nos “bastidores” também é interessante, mas poderia ser melhor explorada. O saldo pra mim é apenas 3 bacons.

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