Crítica | Onde Fica o Paraíso (Summerland)
Feito na medida certa para aquecer corações menos exigentes, “Onde Fica o Paraíso (Summerland)” utiliza alguns recursos manjados para embalar o espectador num filme gostoso de se assistir, ainda que traga a segunda guerra mundial como pano de fundo. Além de trazer na linha de frente atrizes muito queridas e especiais como Gemma Arterton, Gugu Mbatha-Raw e Penelope Wilton, o filme marcou a estreia na direção de longas metragens da cineasta Jessica Swale, que também assina o roteiro.
Na trama somos apresentados à Alice (Gemma Arterton), uma escritora bastante reclusa e solitária que não é muito bem vista na pequena comunidade que vive à beira-mar do sul da Inglaterra. Enquanto o mundo está na segunda guerra mundial, Alice recebe uma “encomenda” indesejada na sua porta, uma criança que vem de Londres para passar um período na casa dela, uma vez que a capital anda em constante perigo devido à guerra. Nada satisfeita com a ideia, Alice precisa aprender a conviver com o jovem e alegre garoto que, conforme muitos moradores locais dizem a ele, infelizmente não deu sorte de ter que ir morar com ela.
Já na primeira cena do filme, a diretora e roteirista Jessica Swale apresenta muito bem sua protagonista, uma pessoa que chega a botar medo em sua comunidade e que é bastante direta tanto nas suas ações quanto nas suas palavras. E o ponto forte de “Onde Fica o Paraíso” é mesmo o seu elenco que trabalha muito bem e entrega boas atuações. Além de Gemma, um dos destaque do filme é a jovem atriz Dixie Egerickx que interpreta uma amiguinha que Frank (Lucas Bond) — o jovem que é temporariamente adotado pela protagonista — conhece em sua nova escola. O entrosamento dos dois é muito bom, assim como o dele com Arterton.
Além dos personagens que vão enfrentar alguns obstáculos antes de perceberem que gostam uns dos outros, o roteiro reserva algumas histórias menores que se desenvolvem sem pressa durante os pouco mais de cem minutos de duração. Existem os problemas oriundos da guerra, em especial os que envolvem o pai do garoto, que é piloto e está na batalha, e também a sua mãe, que ficou em Londres. Existe também todo o arco envolvendo o passado da personagem principal e a dinâmica que ela desenvolve enquanto vai se abrindo e conhecendo melhor o jovem que tenta, de diversas formas, derrubar as barreiras da sua “tutora temporária”.
É, de fato, uma daquelas produções bem manjadas que, sem vergonha nenhuma, cria algumas situações até forçadas para trazer o peso dramático necessário para o espectador comprar a história, abraçar os personagens e torcer pelo melhor para todos eles. Só que isso não depõe contra o filme de Jessica Swale, na verdade o torna bonito o suficiente para comprar a sua atenção e te embarcar até Summerland, mesmo que você não acredite em nada disso.
Uma frase: Más notícias são más notícias, não importa a forma como você as diga. Não exista nada que as torne fáceis de serem ditas.
Uma cena: Quando Frank avista ‘Summerland’.
Uma curiosidade: Esta é a segunda vez que Penelope Wilton e Tom Courtenay trabalharam juntos em um filme sobre a segunda guerra mundial, apesar que aqui Wilton aparece apenas nas cenas que se passam em 1975 mostrando a versão mais velha da personagem de Gemma Arterton.
Onde Fica o Paraíso (Summerland)
Direção: Jessica Swale
Roteiro: Jessica Swale
Elenco: Gemma Arterton, Gugu Mbatha-Raw, Penelope Wilton, Tom Courtenay, Lucas Bond, Dixie Egerickx, Siân Phillips, Amanda Root, Jessica Gunning, David Horovitch e Martina Laird
Gênero: Drama, Guerra, Romance
Ano: 2020
Duração: 99 minutos