Crítica | A Família Addams (The Addams Family)

Crítica | A Família Addams (The Addams Family)

A Família Addams estava afastada dos cinemas desde 1998 e agora em 2019 ganhou uma nova chance em um formato diferente: animação. A dupla Conrad Vernon e Greg Tiernan ficou encarregada de apresentar os personagens para uma nova geração sem que eles perdessem a sua essência, mantendo a nostalgia para aqueles que já conheciam e gostavam da família.

O primeiro acerto dessa nova adaptação dos personagens criados por Charles Addams é o elenco de vozes. A escolha dos atores que dublam a versão original em inglês é muito boa. A começar por Oscar Isaac, que já era cotado para interpretar Gomez – o pai da família – em alguma versão em carne e osso. O ator esbanja carisma e constrói bem sua própria versão do personagem, mantendo a essência do mesmo. Charlize Theron também está ótima e criou uma voz bem marcante e peculiar para Mortícia, equilibrando bem o lado soturno com o materno, sem perder a sensualidade – elemento amenizado na animação por ser mais voltada para o público infantil. É interessante ver (ou melhor, ouvir) também a performance de Finn Wolfhard como Feioso (Pugsley no original), que pouco lembra o personagem que o ator interpreta na série Stranger Things.

Contudo, o personagem principal e grande destaque da animação é Wandinha (Wednesday no original), dublada por Chloë Grace Moretz. É ela quem move a narrativa e responsável pelos melhores momentos do filme. A Família Addams é uma família diferente, considerados “freaks” e não são bem-vistos pelos conservadores, sendo inclusive perseguidos por eles. É interessante ver a lógica contrária e irônica dos seus costumes, como por exemplo, em vez de usar um aspirador de pó para limpar a casa, eles passam um aparelho que espalha o pó pela residência. Então é divertido ver Wandinha seguindo o caminho contrário da revolta adolescente, como o fato dela sempre usar roupas de tons escuros e para provocar a mãe começa a usar um figurino rosa para chocar.

O estilo da animação enfatiza bem o uso das cores, principalmente nos cenários e nos figurinos. Os desenhos apresentam os personagens com traços caricatos e peculiares, e cria bem a lógica visual dos protagonistas. É bem divertido ver a diferença entre a casa da família Addams em comparação aos personagens “comuns” do filme. Isso fica visível também na fotografia, já que a residência deles é sempre apresentada com uma luz mais escura.

A história mostra um pouco do início da formação da família, com o casamento de Gomez e Mortícia, depois dá um pulo temporal onde encontramos os personagens vivendo em uma casa isolada do resto do mundo. No entanto, surge uma nova cidade por perto e os Addams terão que lidar com Margaux Needler (Allison Janney), uma apresentadora de TV que tem um programa sobre reforma de casas. A mulher é conservadora e tem medo que os “freaks” prejudiquem o seu trabalho, ainda mais que ela tem como outro objetivo realizar venda de imóveis.

Em resumo, a animação A Família Addams capta muito bem o espírito dos personagens e conseguiu de forma muito criativa e divertida adaptá-los para os dias atuais. E é interessante notar como hoje a presença deles seja tão importante, já que o conservadorismo tem crescido bastante. Então é bom ver um desenho que mostre que é importante respeitar as diferenças culturais. O filme de Conrad Vernon e Greg Tiernan tem um final um pouco inocente, já que estamos diante de algo voltado para o público infantil, mas interessante do ponto de vista social. Tem um pouco de lição de moral, mas infelizmente vivemos um tempo em que esse tipo de “lição” precisa ser relembrada. E a dupla faz isso de maneira inteligente e divertida.


Uma frase: – Wandinha: “Ninguém perturba a minha família, além de mim.”

Uma cena: As intervenções musicais do Tropeço.

Uma curiosidade: No filme a família Addams se muda para Westfield, New Jersey, cidade onde o criador dos personagens Charles Addams cresceu.


A Família Addams (The Addams Family)

Direção: Conrad Vernon e Greg Tiernan
Roteiro:
Matt Lieberman; história de Matt Lieberman, Erica Rivinoja e Conrad Vernon
Elenco: Oscar Isaac, Charlize Theron, Chloë Grace Moretz, Finn Wolfhard, Nick Kroll, Snoop Dogg, Bette Midler e Allison Janney
Gênero: Animação, Comédia, Família
Ano: 2019
Duração: 87 minutos

Ramon Prates

Analista de sistemas nascido em Salvador (BA) em 1980, mas atualmente morando em Brasília (DF). Cinema é sem dúvidas o meu hobby favorito. Assisto a filmes desde pequeno influenciado principalmente por meus pais e meu avô materno. Em seguida vem a música, principalmente rock e pop.

Um comentário em “Crítica | A Família Addams (The Addams Family)

  1. Muito divertido e a Wandinha segue sendo a personagem mais interessante da família. A mensagem moral da animação é muito pertinente para os dias atuais.

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