Crítica | Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral
Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral é uma continuação natural do filme de 2013, dirigido por Halder Gomes e estrelado por Edmilson Filho, após o enorme sucesso, principalmente no seu estado de origem: Ceará. Essa sequência mantém o mesmo estilo do anterior e fala mais uma vez sobre o amor ao cinema através de um humor “ingênuo” e popular.
O Cine Holliúdy de Francisgleydisson (Edmilson Filho) foi a falência, já que agora estamos no início dos anos 1980 e a televisão dominou o mercado audiovisual – junto com o VHS, principalmente no interior do Brasil. Sem saber o que fazer, o protagonista tem a ideia de produzir o seu próprio filme, após se “inspirar” na abdução alienígena de um amigo.
Fazer um filme em um lugar que o cinema faliu não parece ser uma ideia muito brilhante, mas esse é o tipo de absurdo que permeia o humor de Cine Holliúdy 2. Um estilo meio “nonsense” e exagerado misturado com as peculiaridades do interior do nordeste, principalmente do Ceará. Só o jeito de falar dos personagens e suas gírias já garantem boas risadas. Tanto que para facilitar o entendimento no resto do país, foram colocadas legendas – assim como no longa anterior.
Apesar dos absurdos e do humor, o filme de Halder Gomes toca em temas interessantes em seu pano de fundo, como a relação da política e da religião na vida das pessoas. O dono de uma igreja é o 1º a tentar comprar o local do antigo Cine Holliúdy, reflexo do que ocorreu em todo o Brasil. E o 1º lugar que Francisgleydisson procura em busca de patrocínio é a prefeitura, onde o prefeito pensa em uma maneira de utilizar o filme como ferramenta de propaganda para uma futura eleição. No entanto, o roteiro não explora tão bem essas temas quanto poderia, sempre preferindo manter o estilo “inocente”.
A narrativa também apresenta problemas em seu desenvolvimento e isso se reflete na própria montagem de A Chibata Sideral. Temos alguns cortes abruptos, que quebram o ritmo do filme e dão a impressão de estarmos diante de algumas esquetes televisivas e não uma história com início, meio e fim.
Quem segura o filme e garante o diferencial são os atores, principalmente Edmilson Filho que mais uma vez esbanja carisma. O amor de Francisgleydisson pelo cinema é o “norte” do filme e o restante do elenco vai na mesma onda. É interessante como ele passa de maneira natural o seu ofício para seu filho, e de como a esposa e sogra aos poucos se rendem a sua ideia “absurda” de realizar um longa-metragem. O elenco conta com nomes do Ceará que participaram do 1º filme como o músico Falcão, mas Cine Holliúdy 2 tem novos integrantes “de fora” como Milhem Cortaz, Samantha Schmutz e Chico Diaz, que apresentam uma abordagem diferente do humor cearense.
Como estamos diante de um filme sobre o amor pelo cinema, o que não faltam são referências pop, principalmente a 7ª arte. No entanto, A Chibata Sideral evita utilizar a nostalgia como uma muleta narrativa, então vemos poucas citações explícitas aos anos 1980.
Em síntese, Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral mantém o estilo bem-humorado e divertido do filme anterior, mas se mostra mais irregular e repetitivo em sua essência. O final também deixa a desejar, como se os realizadores estivessem perdidos sem saber como concluir. Ainda assim o carisma dos atores e personagens garantem a qualidade, além de boas risadas.
Uma frase: – Francisgleydisson: “Nós temos uma história que é nossa, que nunca foi contada nos cinemas.”
Uma cena: A exibição do filme.
Uma curiosidade: O filme foi selecionado para a mostra Première Brasil: Hors Concours da 20ª edição do Festival do Rio 2018.
Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral
Direção: Halder Gomes
Roteiro: L.G. Bayão, Edmilson Filho e Halder Gomes
Elenco: Edmilson Filho, Miriam Freeland, Ariclenes Barroso, Falcão, Milhem Cortaz, Roberto Bontempo, Samantha Schmutz, Chico Diaz, Gorete Milagres, Jorge Ritchie e Sophia Abrahão
Gênero: Comédia
Ano: 2019
Duração: 100 minutos
Assisti ao primeiro filme, que é muito original e divertido, mas não sei por quê não fiquei curiosa para assistir a esta continuação.
Furico beborum, non aberto dominum kkk
Melhor latim até hj.