Crítica | Jurassic World: Reino Ameaçado
Jurassic World: Reino Ameaçado mantém a qualidade dos filmes da franquia, mas dificilmente um novo longa vai conseguir alcançar o mesmo impacto da aventura dirigida por Steven Spielberg em 1993. Ainda assim, o diretor J. A. Bayona imprime um pouco da sua marca com uma qualidade técnica muito boa. Infelizmente o roteiro de Colin Trevorrow e Derek Connolly não ajuda muito, mas ainda assim o resultado final é positivo.
Nessa nova aventura os dinossauros estão à beira da extinção novamente. Um vulcão na ilha Nublar está prestes a explodir e caso os animais não sejam resgatados, eles morrerão. Claire (Bryce Dallas Howard), que comandava o Jurassic World, agora virou uma ativista pela preservação dos seres jurássicos. Ela quer ajuda do governo dos EUA para poder salvá-los, mas uma audiência pública com a presença do Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum) prejudica a obtenção do dinheiro.
Então o bilionário Benjamin Lockwood (James Cromwell), parceiro financeiro de John Hammond (criador do Jurassic Park), resolve ajudar. A expedição vai contar com ajuda militar, além da participação da própria Claire e da equipe formada por: Owen (Chris Pratt), especialista em comportamento animal e responsável pelo treinamento de Blue – o último velociraptor vivo e dinossauro mais importante da ilha -, Dr. Zia Rodriguez (Daniella Pineda), veterinária de dinossauros, e Franklin (Justice Smith), especialista de T.I. para cuidar dos sistemas do antigo parque.
Contudo, como o próprio trailer entrega, o real objetivo da missão não tem nada a ver com caridade. Eli Mills (Rafe Spall), responsável por comandar a corporação dos Lockwood, tem outros planos para os dinossauros, Então temos mais uma vez o clichê envolvendo a ganância dos homens, cabendo aos protagonistas arrumar uma forma de salvar os dinossauros do destino pretendido pelo vilão da história. Um momento do filme é interessante quando Eli questiona Claire, sobre qual seria a diferença entre explorar os dinossauros em um parque ou utilizar outra forma de ganhar dinheiro. Talvez o objetivo seja o mesmo: lucrar, mas digamos que a moça pelo menos tratava bem os animais.
Apesar de uma história irregular e clichê, o filme consegue justificar as cenas de aventura que surgem na tela. Nesse quesito o diretor mostra todo o seu talento para momentos de catástrofe, como vistos em O Impossível. A cena onde os protagonistas fogem da ilha durante a erupção do vulcão impressiona pela qualidade técnica. Além disso, Bayona também usa bem a fotografia – apesar do 3D atrapalhar bastante – e a escuridão para criar tensão, quando vemos um túnel escuro sendo iluminado rapidamente por um pouco de lava. Os momentos vistos de cima também são importantes para situar o espectador dentro da ação, sem que ele fique perdido diante do que é apresentado na tela.
Obviamente, os melhores momentos envolvem os dinossauros e é fascinante ver como os efeitos visuais, que já impressionavam desde o primeiro filme, evoluíram ainda mais. Os animais parecem reais e é divertido vê-los causando o caos ameaçando os humanos ou então lutando entre si. Esse detalhe da briga é interessante, pois o diretor transforma o filme em uma mistura de aventura com filme de monstro, e claro, um pouco de terror. Afinal de contas a ameaça das criaturas cria uma tensão muito forte e Bayona explora muito bem essa sensação de perigo.
A trilha sonora de Michael Giacchino também é muito competente em criar tensão, mas principalmente em evocar o lado emocional do espectador ao utilizar trechos do tema composto por John Williams para o 1º Jurassic Park em momentos chave da narrativa.
Além dos dinossauros, os protagonistas interpretados por Chris Pratt e Bryce Dallas Howard também usam o seu carisma e química juntos para amenizar os problemas do roteiro. Pratt tem um pouco mais de liberdade para usar o seu talento cômico, já que no filme anterior Owen era mais sério e usava mais seu físico. Na parte do humor o personagem de Justice Smith prejudica bastante com gags físicas bem caricatas, servindo mais para irritar do que divertir. Já Claire resolveu finalmente usar calçados adequados para a aventura, já que ela passou a maior parte do tempo correndo de saltos em Jurassic World. A moça continua tendo seus momentos de “donzela em perigo”, mas também mostra que é capaz de cuidar de si mesma em alguns momentos.
Porém, o que mais empolga em Jurassic World: Reino Ameaçado é o seu desfecho, que apresenta uma deixa bem interessante a ser explorada em um próximo filme da série. Em resumo o filme de J. A. Bayona é muito eficiente em proporcionar uma experiência divertida ao espectador, mantendo o nível de qualidade da franquia.
Uma frase: – Claire: “Você se lembra da primeira vez em que viu um dinossauro?”
Uma cena: A fuga dos protagonistas da explosão do vulcão.
Uma curiosidade: Jurassic World: Reino Ameaçado conta com mais dinossauros do que os filmes anteriores da série.
Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom)
Direção: J. A. Bayona
Roteiro: Colin Trevorrow e Derek Connolly
Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Rafe Spall, Justice Smith, Daniella Pineda, James Cromwell, Toby Jones, Ted Levine, B. D. Wong, Isabella Sermon, Geraldine Chaplin e Jeff Goldblum
Gênero: Ação, Aventura, Sci-Fi
Ano: 2018
Duração: 128 minutos