3 Filmes Natalinos da Netflix de 2025
A Netflix tem investido nos últimos anos em produções próprias e acertado algumas vezes. Em 2025, os filmes de Natal vieram com tudo no streaming, porém alguns deles nem o espírito natalino consegue salvar! Aqui contarei um pouquinho das minhas impressões a respeito de 3 filmes lançados este ano. Porém, como eu não sou o bom velhinho para dizer quem foi bonzinho e quem se comportou mal, não darei notas e cada um pode curtir o clima de final de ano à sua forma.
Feliz Assalto! (Jingle Bell Heist, 2025)

Como o próprio nome já diz, o enredo deste filme gira em torno de um assalto em plena época de Natal. Sophia (Olivia Holt) e Nick (Connor Swindells) se conhecem de um jeito não convencional e, com diferentes motivações, decidem assaltar uma famosa e cara loja de departamentos em que ela trabalha. A moça encara o plano como uma forma de conseguir dinheiro para solucionar problemas pessoais e ele como uma ‘reparação histórica’.
O filme traz alguns diferenciais em relação aos já batidos filmes natalinos, apesar de haver o interesse romântico de praxe. Aos poucos conhecemos os personagens e suas personalidades, só que não há muito aprofundamento neste sentido, mas é o suficiente para que seja algo crível dentro da proposta do longa. Alguns plots são interessantes e aqui não há a óbvia separação entre o que é certo ou errado, cabe ao espectador julgar. Mas como as festas de final de ano normalmente nos inspiram a acreditar no bem e na justiça, acabamos nos envolvendo e torcendo para que tudo dê certo.
Os personagens coadjuvantes que fazem parte da trama se ajustam bem na história e servem de link para as confusões, diferente de algumas produções que muitos são dispensáveis ou até atrapalham.
O diretor Michael Fimognari mostra sua versatilidade ao desenvolver o filme. Ele é conhecido por estar envolvido em diferentes gêneros, como por exemplo ter sido diretor de fotografia da série ‘A maldição da Residência Hil’, dirigiu os filmes ‘Para todos os garotos’ 1 e 2 e episódio da série ‘A queda da casa Usher’. Os protagonistas mostram atuações maduras sem perder o tom leve e divertido. Olivia (cantora e atriz, começando a atuar com 12 anos) no filme é uma mulher decidida e que sabe como gerir as intempéries. Connor (mais conhecido por suas atuações em ‘Barbie’ e ‘Sex Education’) apresenta um homem sensível e que apoia as decisões de sua parceira no crime.
Apesar de alguns problemas, o filme é divertido, de uma forma não convencional, e entretém em seus 90 minutos. Uma boa pedida para assistir com a família neste final de ano, fugindo um pouco do convencional e apostando em um filme dinâmico e com diferentes camadas.
Um Natal Ex-pecial (A Merry Little Ex-Mas, 2025)

Filmes de Natal usualmente juntam casais, mas em Um Natal Ex-pecial marido e mulher estão se divorciando. A história começa mostrando um pouco de cada um dos personagens principais, o (ex) casal: Kate Holden (Alicia Silversontone, de ‘As Patricinhas de Beverly Hills’) e Everett Holden (Oliver Hudson); e os filhos: Gabriel Holden (Wilder Hudson) e Sienna Holden (Emily Hall). A dinâmica familiar fica evidente desde as primeiras cenas, uma atmosfera aparentemente estável, mas que está prestes a desmoronar.
Kate e Everett se apaixonaram no passado, casaram e se mudaram para uma cidade pequena, alterando os planos de Kate quanto às suas aspirações profissionais. O filme começa mostrando que seu casamento não está bem há algum tempo, devido, principalmente, ao trabalho dele, que é um médico muito requisitado em uma cidade pequena. A convivência deles é boa e respeitosa, até que começam as confusões com a chegada dos filhos e a descoberta da nova namorada de Everett.
A premissa é boa, as primeiras impressões são interessantes e o espectador sente que a história tem potencial, mas não é bem isso que acontece. As atuações não são muito coerentes, apesar de Alicia Silverstone mostrar sempre dedicação aos seus papéis, tive a impressão dela ainda estar dentro da personagem das Patricinhas, apenas com alguns trejeitos diferentes. Os filhos são os que parecem mais maduros e responsáveis, o que, por incrível que pareça, ou não, contrasta com a irritante imaturidade que os pais demonstram. Então começam as briguinhas e ciúmes entre o casal, envolvendo outros pares românticos que são completamente estereotipados como o cara sarado e sem noção (Chet Moore, interpretado por Pierson Fode) e a mocinha superficial e arrogante (Tess, interpretada por Jameela Jamil).
O filme gera problemáticas sem muito sentido e de forma confusa. O enredo mostra que toda a dedicação da mãe para com os filhos e com as tradições de Natal estão sendo ignoradas e não se resolve de forma satisfatória durante o desenvolvimento da história. É possível entender as motivações mas não as reações de ciúmes forçadas, e não há química o suficiente entre o casal que traga à tona o sentimento de torcida para que retomem o relacionamento. Para mim na verdade foi irritante a ponto de torcer contra.
Infelizmente, ‘Um Natal Ex-pecial’ repete alguns clichês de filmes românticos e de Natal. A ideia central é excelente e tinha muito potencial para dar certo, se não fosse a atuação forçada, os personagens estereotipados e a previsibilidade da trama. O filme tenta mostrar camadas, a evolução e amadurecimento dos personagens, mas não consegue, e acaba por tornar a experiência natalina HO HO HOrrível.
O Segredo do Papai Noel (My Secret Santa, 2025)

Qualquer mãe faria de tudo para ver a felicidade da filha, correto? Nesse filme não é diferente, a trama gira em torno da vontade de uma mãe solo em incentivar os sonhos da filha, ainda que seja se transformando no bom velhinho. Taylor Jacobson, interpretada por Alexandra Breckenridge (de ‘This is Us’ e ‘Ela é o Cara’), era cantora em sua própria banda de rock na adolescência e teve que abdicar de sua carreira para criar a filha, Zoey (Madison Maclsaac, de ‘Anônimo 2’ e ‘As Apimentadas’). Quando Taylor é demitida da fábrica de biscoitos em que trabalha, e sua filha consegue entrar na tão sonhada escola de snowboard, ela se vê forçada a encontrar uma forma de conseguir dinheiro.
Ao descobrir que funcionários de um luxuoso Resort têm desconto na escola de snowboard, ela cria o plano, junto com seu irmão (Eric, por William Vaughan) e cunhado (Kenny, por Adam Beauchesne), em se transformar no Papai Noel e trabalhar lá durante as festas de final de ano. Taylor, no entanto, não contava com as dificuldades que viriam em seu caminho, tanto em relação ao desafio de lidar com crianças, quanto com a descoberta de um possível romance com Matthew Layne (interpretado por Ryan Eggold, de ‘Lei & Ordem’ e ‘Infiltrados na Klan’), que é o filho do dono do Resort.
As atuações são corretas, sem grandes destaques, e o roteiro é desenvolvido de forma satisfatória, porém, às vezes é possível ter a sensação de repetição das mesmas piadas. Em contrapartida, um ponto muito positivo na trama é que os personagens não são tão ingênuos quanto a maioria dos filmes de Natal onde qualquer mentirinha é aceita por todos. Há, por exemplo, a presença do pai de Matthew (por Barry W. Levy) e Natasha Burton (por Tia Mowry) que trazem certa veracidade à trama. O filme já começa com a certeza do espectador de que a mentirinha será descoberta em algum ponto, mas a evolução da história, apesar de ser um pouco arrastada, diverte e deixa a curiosidade no ar.
‘O Segredo do Papai Noel’ já começa com o segredinho exposto: o papai na verdade é mamãe. O filme parece ser uma mistura de ‘As Branquelas’ com ‘Uma Babá Quase Perfeita’ em relação à transformação física da personagem, que faz de tudo para realizar o sonho da filha. As atuações são boas e a história é interessante, assisti-lo pode ser um bom passatempo de final de ano, mas sabendo que em alguns momentos ele não foge muito da fórmula de sempre dos filmes natalinos.
