Crítica | Um Ano em Nova York (My Salinger Year)

Crítica | Um Ano em Nova York (My Salinger Year)

Baseado em um livro homônimo escrito por Joanna Rakoff, “Um Ano em Nova York” é um daqueles dramas leves indicados principalmente para os amantes de literatura. Disponível no catálogo da Netflix, trata-se de um filme doce e com boas atuações, mas que não vai mudar a sua vida, até porque, no mundo real nem sempre é possível perseguir os seus sonhos passeando em cafés e tendo conversas edificantes enquanto se aprende algumas boas lições com leveza e entusiasmo.

Na trama vamos acompanhar a história de uma jovem (Margaret Qualley, “Era uma vez… em Hollywood”) que consegue um trabalho num escritório de uma agência literária que, dentre tantos grandes autores, representa ninguém menos que J. D. Salinger. Aspirante a escritora, ela vai ter que lidar com sua excêntrica e “pouco afeita à modernidade” chefe (Sigourney Weaver, “Sete Minutos Depois da Meia Noite”), que vai dificultar um pouco essa sua busca pelos seus sonhos e também desafiar alguns de seus julgamentos.

Cartinhas

Dentre os trabalhos que a jovem vai ter que desempenhar nesse novo emprego “dos sonhos”, um deles é responder às cartas dos fãs de Salinger. Não demora muito e ela se envolve com as histórias e mensagens dos fãs do escritor, deixando-a com uma vontade incrível de responder a eles pessoalmente e não da forma pouco amigável que a agência e sua chefe lhe obriga. 

O filme é autobiográfico e se baseia nos relatos da época em que Joanna Rakoff trabalhou para uma agência que representava J. D. Salinger. Isso contribui e muito com a história pois traz algumas curiosidades interessantes do mundo literário. E como a própria vida de Salinger sempre foi rodeada de mistérios, a figura do escritor no filme (nunca vemos o seu rosto) deixa a história ainda mais interessante para os amantes de livros. 

A direção do canadense Philippe Falardeau é bem acertada, principalmente no trabalho com o elenco. A dinâmica entre Qualley e Weaver é ótima e gera um embate interessante numa espécie de “Diabo Veste Prada”, mas muito mais ‘light’, digamos assim. E é esse afeto e leveza do filme que cativa, ainda que ele flutue em alguns vícios cinematográficos que entreguem lições que são pouco verossímeis com a realidade da maioria das pessoas.

Sigourney Weaver e Margaret Qualley

Despretensioso e envolto numa redoma em que poucas coisas fogem do controle, “Um Ano em Nova York (My Salinger Year)” trata-se de uma boa pedida para quem quer assistir um filme leve, daqueles para relaxar num final de semana sem maiores preocupações. E se você não leu ainda “O Apanhador no Campo de Centeio”, vai conseguir mais um motivo para, assim como a protagonista, corrigir essa grave falha em sua vida.


Uma frase: “O trabalho de uma agente é abrir oportunidades para os seus clientes, mas, quando falamos de Salinger, é o oposto.”

Uma cena: Quando Joanna conhece Salinger

Uma curiosidade: A autora Joanna Rakoff aparece em uma pequena participação especial no filme quando a protagonista (Joanna, rá!) visita a sede do “The New Yorker” e encontra um colega de trabalho entrando no elevador com uma mulher.


Um Ano em Nova York (My Salinger Year)

Direção: Philippe Falardeau
Roteiro:  Philippe Falardeau baseado em livro escrito por Joanna Rakoff
Elenco: Margaret Qualley, Sigourney Weaver, Douglas Booth, Seána Kerslake, Brían F. O’Byrne, Colm Feore, Théodore Pellerin, Yanic Truesdale e Hamza Haq.
Gênero: Drama
Ano: 2020/2021
Duração: 1h 41 min.

marciomelo

Baiano, natural de Conceição do Almeida, sou engenheiro de software em horário comercial e escritor nas horas vagas. Sobrevivi à queda de um carro em movimento, tenho o crânio fissurado por conta de uma aposta com skate e torço por um time COLOSSAL.

Um comentário em “Crítica | Um Ano em Nova York (My Salinger Year)

  1. Filme legal. Poucos falam sobre histórias simples de algum escritor ou momento fora da caixinha do “dinâmico” ou “internetesco”.

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